Em Caratinga foram registrados ao longo dos últimos 10 anos, 15 casos suspeitos de leishmaniose visceral. Este ano, até o momento, foram quatro casos suspeitos e um confirmado
DA REDAÇÃO- Em queda até 2013, a leishmaniose visceral retomou crescimento em Minas Gerais, com alta de 74% no número de diagnósticos humanos de leishmaniose visceral, se comparado com o mesmo período do ano passado. Naquele ano, 319 pessoas tiveram a doença, contra 558 em 2016.
Já até 31 de agosto de 2017, 409 pacientes já foram diagnosticados, representando 73,2% de 2016. As mortes provocadas pela doença também seguem em alta: 37 em 2013 contra 57 em 2016. Já nos oito primeiros meses deste ano, 43 pessoas morreram pelo agravamento da enfermidade, que atinge também os cães.
No município de Caratinga foram registrados ao longo dos últimos 10 anos, 15 casos suspeitos de leishmaniose visceral, tendo confirmação laboratorial de dois pacientes, e nenhum óbito. No ano passado foram três casos suspeitos e este ano, até o momento, quatro casos suspeitos e um confirmado.
De acordo com a Assessoria de Comunicação, como medida profilática, o Departamento de Epidemiologia realiza testes rápidos de leishmaniose visceral em cães do município e caso haja confirmação, o Departamento envia para amostra para laboratório da Fundação Ezequiel Dias (FUNED) em Belo Horizonte. Caso o resultado realizado pela FUNED seja positivo são adotados procedimentos recomendados pela SES/MG.
A DOENÇA
A leishmaniose não é considerada uma doença que mata, mas deve ser tratada o mais rápido possível para evitar complicações e facilitar a cura do paciente. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece diagnóstico e tratamento gratuitos para a população contra os dois tipos da doença: tegumentar e visceral.
Ao primeiro sintoma, o paciente deve procurar a unidade básica de saúde mais próxima para avaliação médica. Confirmado o diagnóstico, o tratamento é feito com uso de medicamentos específicos e eficazes. No caso da leishmaniose tegumentar, que é caracterizada por úlceras na pele e mucosas, a medicação usada hoje em dia no Brasil é o antimoniato de meglumina.
Leishmaniose visceral
Para o tratamento da leishmaniose visceral (LV), que causa febre e atinge áreas como o fígado e o baço, são utilizados três fármacos, a depender da indicação médica: o antimoniato de N-metil glucamina, a anfotericina B lipossomal e o desoxicolato de anfotericina B.
Os medicamentos utilizados atualmente para tratar a LV não eliminam por completo o parasita nas pessoas e nos cães. Por esse motivo, o tratamento da leishmaniose visceral canina (LVC) traz riscos para a saúde pública por contribuir com a disseminação da doença. Os cães não são curados parasitologicamente, permanecendo como reservatórios do parasita, além de haver o risco de desenvolvimento e disseminação de cepas de parasitas resistentes às poucas medicações disponíveis para o tratamento da leishmaniose visceral humana.
No entanto, no Brasil o homem não tem importância como reservatório, ao contrário do cão. Dessa forma, nos cães, o tratamento pode até resultar no desaparecimento dos sinais clínicos, porém esses animais ainda continuarão como fontes de infecção para o vetor e, portanto, um risco para saúde da população humana e canina.
A recomendação para cães infectados com a Leishmania infantum chagasi é a eutanásia, que deve ser realizada de forma integrada com as demais orientações do Ministério da Saúde.