Em 2022, a Liga Caratinguense de Desportos completará 60 anos de existência. Tenho visto muita gente comentando sobre a LCD. Resolvi deixar por hoje um pouco da modéstia de lado. Atualmente, considero que apenas três pessoas conhecem mais que eu a história e a tradição da liga. Professor Monir Ali Saygli, um dos idealizadores e fundador da entidade no início dos anos 60; Evaristo de Souza Batista, que por décadas esteve à frente da Liga como diretor técnico; e Jorge Mendes Magalhães, um dos melhores presidentes da história. Professor Francisco dos Reis Alves, Emílio José, Valtencir Basílio e professor Monir deram início ao processo para a fundação da LCD, filiada à Federação Mineira de acordo com a lei 3.199. Pra isso, foi necessário uma reunião com pelo menos quatro clubes com personalidade jurídica aprovassem a ideia em assembleia e elegessem sua primeira diretoria. Assim, compareceram e deram legitimidade a Liga. América Futebol Clube, representado pelo seu presidente Luiz Carlos Moreira; Esporte Clube Caratinga, representado pelo presidente Antônio de Araújo Cortês; São Domingos, representado pelo presidente Sr. Milton Alves Ferreira; e União Rodoviário, representado pelo seu presidente Sr. Robinson Leite de Matos.
No dia 10 de janeiro de 1962 foi registrado no cartório de títulos e documentos. No dia 23 do mesmo mês se filiou a Federação Mineira de Futebol. Só pra lembrar, o Esporte Clube Caratinga é o maior campeão da Liga com 11 títulos, o primeiro em 1969.
Sempre que ouço alguém interessado em reorganizar a entidade, fico feliz e prontamente me coloco a disposição para colaborar. Foi assim com todos os presidentes que por lá passaram ao longo dos meus 25 anos de rádio esportivo. Foi assim também em 2001. Tenho o orgulho em dizer que estive presente no começo do esforço de Fernando Magalhães, Zé Camelô, Jovino Lopes e Jorge Mendes Magalhães para que o antigo campeonato da cidade voltasse a ser disputado. Estiveram no Grupo Sistec em busca do apoio da equipe de esportes na época formada pelo saudoso Jota Baranda, Juarez Salles, Élio do Carmo (também saudoso), e esse humilde radialista aqui. Recebidos pelo saudoso Eurico Gade, foram enfáticos em dizer que sem a participação da imprensa esportiva seria impossível a retomada dos campeonatos. Afinal, quem sempre divulgou com responsabilidade, credibilidade e profissionalismo ao longo da história o nosso futebol, foi a imprensa esportiva através do rádio, jornal e TV. Esse é nosso papel. Assim aprendi desde que iniciei minha carreira em janeiro de 1996. Qualquer outra coisa diferente disso é boato.
Em recente conversa com o diretor de Ligas da Federação Mineira de Futebol, o ex-jogador Edilson Katita, tive uma aula sobre o tema Liga Amadora de Futebol. O atual presidente da LCD Welinton Corrêa, logo no início de sua gestão, também demonstrou intenção e se esforçou para regularizar a entidade junto a FMF novamente, Porém, como vem acontecendo nos últimos anos com todos que ocuparam o cargo, acabou ficando sozinho nessa luta. Novamente tenho observado que algumas pessoas super bem intencionadas, estão tentando se organizar com tal intuito. Como sempre, estou na torcida para que obtenham êxito no propósito. Entretanto, que fique bem claro: Ninguém consegue realizar nada sozinho. Não existe salvador da pátria. Independente dos nomes, ou se forma um grupo coeso com objetivos em comum de resgatar nosso futebol amador, ou lamentavelmente mais uma vez veremos apenas mais uma tentativa frustrada. Um fato óbvio, é que sem a parceria público/privado, projetos sócios esportivos bem elaborados, não acredito em avanço. Afinal, Ligas Amadoras, bem diferente das entidades que cuidam de futebol profissional, não tem receita para promover e fomentar esporte. Por isso, foi criada a lei Nº 13.019, DE 31 DE JULHO DE 2014, que estabelece o regime jurídico das parcerias voluntárias, envolvendo ou não transferências de recursos financeiros, entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de finalidades de interesse público; define diretrizes para a política de fomento e de colaboração com organizações da sociedade civil; institui o termo de colaboração e o termo de fomento. Entretanto, para que seja possível tal parceria, a regularização é uma obrigatoriedade. Como exemplo, recentemente, a Câmara Municipal de Araguari, aprovou e o prefeito sancionou uma subvenção/auxílio financeiro a Liga Araguarina de Futebol no valor de 122 mil reais para promoção de quatro competições. Porém, com projetos bem feitos, existem recursos disponíveis em diversas esferas governamentais.
Rogério Silva
@rogeriosilva89fm