Curta-metragem de ficção caratinguense fala sobre intolerância religiosa com garoto de família evangélica, que encontra artefato católico
CARATINGA- “Um garoto encontra um artefato religioso em um rio. Enquanto isso, seu pai tem negócios a resolver”. Kamehameha é um filme curta-metragem de ficção caratinguense produzido por João Paulo de Souza e dirigido por Márcio Heleno Soares.
O filme foi contemplado e financiado pelo edital da Lei Aldir Blanc (Lei Federal Emergencial de Cultura), em uma parceria entre Governo Federal, Secretaria de Cultura do Estado de Minas Gerais e o Departamento de Cultura de Caratinga, possibilitando a execução de diversos projetos culturais por todo o país.
O Artecine (Coletivo de Cineastas de Caratinga) tem agitado o cenário cinematográfico da região. Neste ano de 2021, eles estão produzindo dois filmes de ficção (‘Se Foi Maria’ e ‘Kamehameha’), um documentário (O Rap tá na Pista), e um filme de animação (em processo de produção) todos por meio da Lei Aldir Blanc.
Vale ressaltar que o coletivo já é multipremiado pelos festivais e mostras de cinema do país, além de participações internacionais como o importantíssimo Festival de Cannes na França.
Os filmes irão concorrer a diversos festivais pelo Brasil e pelo mundo, e por isso, eles não podem disponibilizar um link para acesso público, tendo em consideração que para participar destes festivais, os filmes precisam ter como requisito classificatório a exibição inédita, e nunca ter sido exibido em plataformas digitais.
Por isso, o coletivo Artecine está organizando, em parceria com a produtora cultural Mary Hunter, uma Première de Exibição dos filmes entre o final de outubro e início de novembro.
O ENREDO
A reportagem conversou com o produtor cinematográfico João Paulo, que deu alguns detalhes sobre o enredo do filme, que trata da intolerância religiosa. “É uma família constituída por pai, mãe e uma criança de sete anos, herdeira do maior produtor de café da região, então, eles têm muito dinheiro. Mas, eles se converteram à religião neopentecostal, de fazer campanha financeira, usar óleo, sal grosso, para abençoar a casa, na pegada do Edir Macedo. Eles são bem conservadores no conceito de comportamento social”.
Conforme João Paulo, o filho é privado de muitas coisas por conta da postura religiosa da família. “Ele está brincando num riacho em frente à casa dele e encontra um artefato católico, que é uma estatueta de Nossa Senhora Aparecida, leva para a casa e começa a brincar com ela como se fosse um boneco do Goku do Dragon Ball Z, por isso, o nome do filme ‘Kamehameha’. A mãe dele vê ele brincando com aquilo e começa a falar que aquilo é do demônio, que negócio de Dragon Ball é do demônio, que ele tem que jogar a estatueta fora e ela obriga ele a jogar estátua de volta no rio”.
Ele adianta que o filme vai se desenrolando e a criança vai explorando a contradição entre o comportamento da família e a postura do pai, que está envolvido com o tráfico de armas de fogo. No final, novamente, a imagem de Nossa Senhora volta em cena, desta vez, de uma forma diferente e trazendo um novo personagem. “O Renato Palhaço interpreta um pescador, ele está tentando pescar alguma coisa e consegue pescar alguns peixinhos com a estatueta de Nossa Senhora Aparecida que o menino tinha jogado no Rio. Como ele é um cara de muita fé, tem um cuidado com aquela estatueta especial, no que ele está voltando para a casa, Nossa Senhora se materializa para ele. E aí tem mais algumas coisas no decorrer do filme, que só assistindo para saber”.
Para a caracterização de Nega Gisa, que interpreta Nossa Senhora no filme, foi necessário um estudo técnico. A intenção foi utilizar características regionais na composição da personagem. “Ela se materializa inclusive vestimenta, de acordo com a região que ela se manifesta, então, o pessoal que viu a Nossa Senhora de Guadalupe foi de um jeito, Nossa Senhora de Fátima viu ela de outro jeito, Nossa Senhora de Lourdes também; então quisemos trazer essa Nossa Senhora negra, por conta das raízes que o Dom Pedro I ratificou, que Nossa Senhora seria padroeira do Brasil, a estatueta era negra. E a vestimenta dela tem alguns adornos como ramo de café, semente. Procuramos transmitir essa regionalidade, mostrando uma Nossa Senhora versão Caratinga. Mata Feliciano Miguel Abdala, que é onde a maior parte do filme foi filmado”.
Para mais informações sobre as produções de filmes em Caratinga, acompanhe o Artecine no Instagram e no Facebook.
BOX:
Elenco:
Miguel Lopes
Ton Silva
Selma Lopes
Thales Henrie
Nega Gisa
Renato Gomes
Direção:
Márcio Heleno Soares
Roteiro:
Márcio Heleno Soares
João Paulo de Souza
Leandro Martins
Produção:
João Paulo de Souza
Produção Executiva:
Leandro Martins
Assistente de Produção:
Vinicius Faria
Maria Novais
Assistente de Direção:
João Paulo de Souza
Glauber Fidelis
Diretor de Fotografia:
Marcklano Lima
Operador de Câmera:
Burguimgnon Themer
Still:
Flávio Monfreda
Técnico de Som Direto:
José Carlos Metal
Diretor de Arte:
Sergio Crespo
Produção de Arte:
Beatriz Cantarino
Julio Art
Gabriel Crespo
Figurino:
Marcinéia Teixeira
Logística:
Emanuely Coelho
Assistentes:
Ester Coelho
Sarah Marques
João Coelho
Pedro Martins
Trilha Sonora:
João Vitor Antonieto
Apoio Logístico:
Caratinga Importados
CFA Inhapim
- Márcio Heleno Soares – Diretor e roteirista
- Em filme, garoto encontra estatueta e começa a brincar com ela, como se fosse um boneco do Dragon Ball Z, por isso o nome “Kamehameha”
- Renato Gomes é pescador que resgata estatueta e vê Nossa Senhora
- Bastidores: equipe em ação
- João Paulo de Souza – Produtor Cinematográfico