Vítima de acidente quando brincava com fogo, aos 2 anos de idade, a estudante precisou esperar por 16 anos até que pudesse se submeter ao procedimento
BOM JESUS DO GALHO – A estudante Stefane Moreira Gomes, 18 anos, acaba de ser submetida a uma cirurgia para a inserção de um balão expansor de silicone sob a pele de sua região dorso-lombar. O procedimento foi feito com o propósito de “gerar” pele extra para o uso na reconstrução de uma parte do seu corpo, na região abdominal que carrega as marcas de um acidente sofrido na infância.
Aos dois anos de idade, enquanto seus pais estavam trabalhando, Stefane e seu irmão caçula estavam brincando com um isqueiro quando, ao acender um pedaço de papel, a chama pegou em seu vestido e atingiu o seu corpo provocando graves queimaduras.
“Desde então, fui crescendo sempre muito incomodada com o aspecto da pele onde o fogo se espalhou”, conta Stefane, que, aos 14 anos, se inscreveu para ser atendida quando completasse 18 anos. “Antes dessa idade, não havia indicação para a cirurgia”, explica.
Para Stefane, além do complexo gerado pelas marcas das queimaduras, a região afetada pelo fogo era muito dolorida, “principalmente a área do umbigo”, conta.
O procedimento, realizado no Hospital das Clínicas, em Belo Horizonte, durou cerca de três horas, e, segundo a junta médica que operou Stefane, ela será surpreendida com os ótimos resultados da cirurgia.
Segundo sua mãe, Raimunda Aparecida Gomes de Oliveira, seu coração doeu ao ver sua filha entrando na sala de cirurgia. “Minha preocupação era grande, mas, assim que o médico veio me avisar que tudo havia corrido bem, meu coração abriu e respirei tranquila”.
Raimunda disse que ficou feliz com o resultado da cirurgia e grata aos apoios que recebeu da família, dos amigos e das agentes da Secretaria Municipal de Saúde. “Por meio da Secretaria, foram feitos os contatos com o hospital, em Belo Horizonte, para onde fomos levadas de ambulância, o agendamento dos atendimentos e tomadas as providências para que a operação fosse feita”, conta.
Conforme Raimunda, se ela tivesse que pagar pela cirurgia, teria que desembolsar cerca de 25 mil, “um valor que não teríamos como pagar”, destaca.
Stefane conta que, dentro de seis meses, ela deve retirar o expansor, que vem sendo preenchido gradualmente com água salina, promovendo o crescimento da pele no local onde foi introduzido.
Em uma próxima etapa de tratamento Stefane deverá ser submetida a uma nova cirurgia para reparo da região que carrega as cicatrizes da queimadura.
Ao compartilhar sua história, Stefane diz que alerta as pessoas pra que mantenham seus filhos longe do perigo e anima quem sofre com as marcas de queimadura a buscar também recursos para se recuperar.
Otimista, Stefane conta que os médicos disseram que ela se surpreenderá com o resultado do tratamento. “Serão feitas várias cirurgias, até que toda a região afetada com o fogo seja totalmente reparada”, explica.