Motorista fugiu, mas acabou sendo preso pela Polícia Militar, sem habilitação e com os documentos do veículo vencidos
CARATINGA – Ao dar passagem para o pedestre na faixa, o motorista não está apenas exercendo sua cidadania, está cumprindo com uma lei, e garantindo a segurança de quem está atravessando. Mas nem sempre motoristas e motociclistas cumprem essa lei, como aconteceu na manhã de ontem na rua João Pinheiro, em frente às Faculdades Doctum.
Como mostram as imagens de câmeras de segurança da localidade, uma jovem tinha acabado de colocar os pés na faixa de pedestre, quando motorista de um veículo Pálio passou em alta velocidade e a jogou no chão. O motorista fugiu sem prestar socorro à vítima, que foi conduzida ao hospital Nossa Senhora Auxiliadora pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), com lesões leves.
POLÍCIA MILITAR
Segundo o cabo Ricardo, o condutor evadiu do local sem prestar socorro à vítima. “As nossas viaturas fizeram rastreamento com placa repassada pela vítima, e conseguimos realizar a abordagem e a prisão do condutor. Sendo perguntado a ele o motivo de não ter dado assistência, informou que era inabilitado e o documento do veículo atrasado”, disse o militar.
Cabo Ricardo orienta que o pedestre ao atravessar a faixa se certifique que o condutor o visualizou, e os condutores, que obedeçam a faixa.
O DRAMA DA JOVEM ATROPELADA
Já em casa, a jovem Raila Dias Calais, 18 anos, contou o que lembra do acidente. “Foi quando eu estava indo trabalhar por volta de 8h30, estava passando na João Pinheiro, indo trabalhar na Lamartine, estava perto da minha casa ainda. Olhei pra ver se o carro estava vindo, vi que ele diminuiu a velocidade e fui atravessar, quando eu estava no meio da faixa, ele acelerou. Depois só tentou desviar de mim e saiu correndo, aí veio um monte de gente pra prestar socorro”, contou Raila.
Tudo que estava dentro da bolsa da jovem quebrou, e ela disse que só deu pra ficar com o celular, que também teve uma parte da tela quebrada. Mas para Raila, a bolsa amorteceu o impacto da colisão, e conta como foi o socorro. “A bolsa estava do lado que o carro bateu, se estivesse sem ela teria mais ferimentos. Levantei e estava tremendo muito, as pessoas me tiraram do meio da rua e me colocaram na calçada deitada, e eu tentando levantar pra trabalhar, tentava abrir o olho e estava tudo rodando, não lembrava de nada. Ali é bem complicado, bem movimentado horário que todo mundo está indo trabalhar. Passei por cima do carro e depois bati no chão, tive lesões no braço, na cabeça e no tornozelo”, disse a jovem.
Raila disse que ao ver o vídeo com a cena do acidente ficou assustada. “Saí do médico e fui para o serviço, fui ver o vídeo e meu coração ficou apertado comecei a chorar. Pelo que vi no vídeo foi muito pior que pensei”, afirmou a jovem.
O DESESPERO DA MÃE DE RAILA
Gilma Martins Dias Calais ficou sabendo do acidente quando uma amiga da filha ligou. “Fiquei desesperada, porque já aconteceu com meu menino, aí agora mais ela. Procurei os documentos e fui, ela disse que estava sendo levada pra Upa. Chamei um mototáxi e a gente desceu. Perto da Água e Luz já vi o trânsito todo parado, o carro de bombeiros lá na frente, aí desci correndo, fui onde ela estava, mas vi que não era muito grave”, desabafou Gilma.
A mãe de Raila diz que sempre conversa com os filhos pra andarem com atenção, atravessar sempre na faixa de pedestre. “Ela (filha) estava certa, o pior é que ele (condutor) estava errado e não prestou socorro, se tivesse ajudado ele teria menos transtorno. Pelo vídeo, vi que a pancada foi forte, ela foi arrastada no chão, mas graças a Deus agora ela está bem”, disse Gilma Martins.
DOCTUM JÁ HAVIA PEDIDO PROVIDÊNDIAS QUANTO À FAIXA
A diretora das Faculdades Doctum, Flávia Bastos Ramos, disse que o problema com essa faixa de pedestres acontece há muito tempo, pois os motoristas e motociclistas passam em alta velocidade, causando acidentes. “Essa faixa tem nos causado preocupações há muitos anos, e uma preocupação ainda maior depois da instalação da escola Líber, temos crianças aí a partir de dois aninhos. Nós fizemos um pedido em 2019 para a prefeitura, para elevação dessa faixa como medida de segurança e também para sinalização da área de embarque de desembarque. A gente não tinha a escola funcionando na parte da tarde, apenas pela manhã que são alunos maiores, e à noite que seriam alunos do curso superior. Então nós fizemos esse ofício em 2019 e estamos aguardando a elevação dessa faixa”, explicou Flávia.
Há dois meses a Doctum conseguiu com ajuda do vereador Ricardo Fidélis a sinalização para a área de embarque e desembarque dos alunos. E mais uma vez teve outro pedido da diretora da escola Líber, Ivana Leitão, para elevação da faixa. “A Doctum e a escola Líber iriam arcar com esse custo do material para elevação da faixa. Hoje nós tivemos um acidente 8h30, uma jovem que foi atropelada em cima da faixa, ela se machucou, e em setembro teve o atropelamento de uma senhora. Em dois meses, dois atropelamentos em cima dessa faixa. A nossa preocupação não é só com as crianças da escola Líber, com os adolescentes, mas também com os alunos da faculdade que ainda estão de forma remota, mas sempre estão vindo à faculdade. A nossa preocupação é também com a população de Caratinga que precisa utilizar essa faixa. Realmente está muito preocupante, a gente não quer esperar que aconteça o pior, que venha alguém a óbito em cima dessa faixa. A gente espera que resolva, estamos aqui para essa parceria, sabemos que tem muitas demandas, mas a gente não quer ver aqui uma criança atropelada, ou que Deus livre, vindo a óbito”, relatou Flávia Bastos.