Muitas dúvidas permeiam a questão da imunização, e por isso, convidamos o médico Klinger Faico que é infectologista do Casu – Hospital Irmã Denise, para esclarecer sobre as vacinas
CARATINGA – Após meses de pandemia e milhares de pessoas infectadas o Brasil tem duas vacinas aprovadas para uso emergencial. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou: a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac, e a AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford com a Fiocruz. Os dois imunizantes são os primeiros liberados no país para o combate à covid-19, e representam uma grande chance de controlar a pandemia que se iniciou no final de 2019.
A distribuição das vacinas já foi realizada pelo Ministério da Saúde (MS), assim como o cronograma de vacinação foi definido e baseado nos grupos prioritários para a imunização. Nesta primeira fase, a prioridade é vacinar: trabalhadores de saúde que estão na linha de frente, pessoas de 60 anos ou mais que vivem em instituições de longa permanência, indivíduos com deficiência que vivem em instituições de longa permanência e população indígena aldeada. Muitas dúvidas permeiam a questão da imunização, e por isso, convidamos o médico Klinger Faico que é infectologista do Casu – Hospital Irmã Denise para esclarecer algumas dúvidas sobre as vacinas.
Qual a importância da vacinação neste momento?
A vacinação é a única forma eficaz e comprovada cientificamente de conseguirmos sair dessa pandemia. Todas as outras terapias que foram aventadas para o tratamento da Covid-19 não surtiram efeito e não há recomendações de serem utilizadas tais como hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina, zinco, vitamina D ou nitazoxanida. Dessa forma, a vacinação em massa de toda população mundial é a única alternativa viável nesse momento.
Como as vacinas aprovadas para o Brasil agem no organismo?
A vacina contém restos virais e ao entrar no nosso corpo o sistema imunológico identifica essas partículas e começa a desenvolver anticorpos que ficarão prontos. Se porventura o vírus infectar o organismo em um outro momento, o paciente já terá uma memória imunológica e já conseguirá produzir anticorpos (que já estão prontos por causa da vacina) e assim combater o vírus.
Como a eficácia de cada uma deve ser entendida pela população?
A eficácia de cada vacina depende de vários fatores. Não há como comparar vacina X com Y porque os estudos têm variáveis e análises diferentes. O que a população precisa saber é que a vacina é eficaz, protege contra a doença, evita casos graves e internações.
Já se sabe quanto tempo vai durar a imunização?
Não temos uma perspectiva. A imunização deverá durar tempo suficiente para imunizarmos toda população. Isso irá depender de vários fatores de produção, logística e insumos.
É possível contrair o coronavírus ao tomar as vacinas contra a covid-19?
Não. Como o vírus não é vivo, ele também não é replicante e dessa forma ele não consegue proliferar no organismo.
Gestantes podem tomar a vacina? Há uma idade mínima para a imunização?
Os estudos não contemplaram as gestantes em um primeiro momento. Mas estudos com animais não mostraram malformações. A vacinação em gestantes deve ser individualizada e recomendada por um médico, principalmente para as grávidas no terceiro trimestre.
Há alguma restrição para tomar a vacina? É informar alergias ou doença prévia antes de tomar?
A vacina não deve ser administrada em pessoas com sintomas de covid-19 e temperatura superior 37,5 ºC e se apresentar alergia a qualquer um dos componentes da vacina (hidróxido de alumínio, hidrogenofosfato dissódico, di-hidrogenofosfato de sódio, cloreto de sódio e hidróxido de sódio).
A vacinação será gradativa e obedecendo os grupos prioritários. Como ficam as medidas de prevenção neste período?
As medidas preventivas deverão continuar com uso de máscara, distanciamento social e higienização das mãos. Só quando obtivermos uma cobertura vacinal adequada, com diminuição dos casos e de internações é que irá ser rediscutida a respeito das medidas preventivas.
Qual a sua recomendação, enquanto infectologista, para a população de Caratinga e região?
A minha recomendação é: vacinem-se! Não há uma alternativa nesse momento para acabarmos com a pandemia. Enquanto isso, precisamos manter as medidas preventivas.