Polícia Militar de Meio Ambiente avalia danos e busca autoria do crime
CARATINGA- Os danos são imensuráveis. Fauna e flora devastadas pelo fogo. O verde vira cinza. Para quem vivia em meio à natureza e tinha na agricultura o seu sustento, um olhar desolador. Essa é a realidade dos moradores do Córrego dos Bias, zona rural de Caratinga.
Foram três dias de fumaça. Três dias de incêndio consumindo vegetações, afastando animais de seu abrigo natural. Três dias de um rastro de destruição que amarga prejuízos a uma população trabalhadora. O fogo que se iniciou na sexta-feira (23) só foi apagado no domingo (25), quando moradores da região se reuniram para tentar contê-lo.
As perdas foram além dos bens materiais. De acordo com relatos de moradores, o Córrego dos Bias é a casa de animais como macacos, lontras, pacas, cobras e de uma grande variedade de aves.
João Batista Brum, de 64 anos, por vezes se emociona ao relatar a angústia de ver as chamas consumindo o trabalho de uma vida. Ao tentar impedir o avanço do fogo, João acabou se ferindo com uma folha de bananeira que caiu sobre o rosto, deixando o idoso com queimaduras. “A gente esperou que ia conseguir apagar o fogo, a gente fez de tudo. Mas, não conseguimos, estava ventando muito, tem muito tempo que não chove, mais de quatro meses. E a seca tá demais. Tentei, estou até aqui com o rosto queimado também, o fogo quase me matou lá em cima, eu defendendo o café e as bananas. Passei por baixo das labaredas assim, abaixei, estava com mais de 10 metros de altura, e aí eu passei, e ainda com fogo atrás de mim, e a estrada muito estreita. Quase que eu ficava morto lá, sozinho”.
João Batista afirma que agora é recomeçar e contabilizar os prejuízos. “Foram três dias que eu passei sem dormir. Foram uns 3 mil pés de café e quase um alqueire de banana. Seca de arame, mangueira, tudo queimou. O prejuízo foi grande. Sempre trabalhando, nem dia de domingo eu descanso, de segunda a domingo, direto, eu trabalho na roça. Não gosto nem de ficar falando muito, não. Deus sabe o tanto que a gente luta. É muito difícil. Eu comecei a passar mal quando vi que não tinha condições de apagar mais o fogo no meio das bananeiras, jogando água. Eu sentei e comecei a passar mal”.
A Polícia Militar Ambiental esteve no local para avaliar a dimensão da devastação provocada pelo incêndio. De acordo com sargento Edil, o caso segue em apuração. “Já obtivemos algumas informações a respeito do fato, nós estamos colhendo informações agora, neste momento, de pessoas que tiveram prejuízos de lavouras de café, plantações de banana, pastos queimados, reservas queimadas também, tivemos uma área considerável. Até agora nós apuramos quase 300 hectares que foram consumidos pelas chamas, mas nós estamos buscando informações ainda no local a respeito de autoria, para que nós possamos chegar a essa pessoa, para que ela possa responder criminalmente e administrativamente a respeito do fato”.
Conforme o militar é impossível mencionar com exatidão os diversos e graves danos ao meio ambiente. “Prejuízo de pessoas que perderam suas lavouras, os locais onde se realiza o plantio, mas nós também tivemos prejuízos inestimáveis em relação à fauna local, uma vez que um incêndio desse de grandes proporções ocasiona um sério prejuízo para a fauna, para a flora da nossa região, e também para nós. Todos nós somos prejudicados através das fumaças desses incêndios, pessoas com problemas respiratórios, nessa época esse tipo de ocorrência acaba agravando ainda mais esse tipo de problema. São prejuízos inestimáveis, mas, quero concitar a população para que qualquer informação que obtiverem a respeito da autoria do fato, façam contato com a Polícia Militar através do 190 ou através do 181, para que possamos chegar aos autores deste incêndio e tomar todas as providências cabíveis em relação ao fato”.
Sargento Edil também explica que também foi atingida pelo incêndio área de vasta floresta, com diversidade da fauna, que faz parte da Área de Proteção Ambiental (APA) do Parque Municipal de Caratinga.