Num artigo da Wikipedia em espanhol, intitulado “Ideologia”, lemos:
Una ideología es el conjunto de ideas sobre la realidad, sistema general o sistemas existentes en la sociedad respecto a lo econômico, la ciencia, lo social, lo político, lo cultural, lo moral,lo religioso, etc. y que pretenden la conservación del sistema (ideologías conservadoras), su transformación (que puede ser radical y súbita, revolucionaria, o paulatina y pacífica – ideologías (reformistas), o la restauración de un sistema previamente existente (ideologías reaccionarias). (http://es.wikipedia.org/wiki/Ideolog%C3%ADa)
Assim, segundo os autores anônimos da Wikipedia, podemos também afirmar que a Bíblia, interpretada corretamente, é o livro texto que garante um embasamento para todas as disciplinas básicas, e de onde possivelmente todas as ideias centrais são tiradas.
Ao levarmos em consideração os ensinos bíblicos sobre justiça social, reconhecemos que estamos diante de uma ideologia, mais especificamente, que se propõe a restaurar algo (um ‘sistema’) previamente existente na formação de um povo, e, com certeza, de suas lideranças. Foi assim que iniciaram as escolas de formação dos líderes cristãos. Com o tempo, porém, este ‘algo previamente existente’ foi sofrendo acréscimos, e perdeu as qualidades originais. Hoje, mais do que nunca, esse ‘sistema’ carece passar por um processo de de-sofisticação. Assim elementos que foram acrescidos e que ‘nada acrescentaram’ precisam ser abandonados.
Hoje em dia, com as novas conclusões sobre os textos da Bíblia, especialmente sobre a primeira parte, chamada de “Antigo Testamento”, temos que desde o início da revelação divina o princípio da generosidade esteve presente. E ao “criar” o Seu povo (Israel), Deus colocou princípios básicos para garantir a base de sustento para cada família através da gleba de terra que permaneceria perenemente na família, e mesmo tendo de vendê-la por causa de alguma situação de desgraça, sempre poderia ser readquirida. (Dt 15.1-11; Lv 25.13-25, 35-37, e outros mais).
Sinceramente, ao descobrir estas verdades já ali no tão ‘mal-falado’ Antigo Testamento, não tenho ficado cansado de ficar extasiados com estas e muitas outras passagens bíblicas que mostram como é importante para Deus que nós nos importemos com os pobres e necessitados. (A riqueza destes textos é encontrada em todo os livros dos profetas bem como da sabedoria). Se há um tema sobre o qual Deus se esmera e empenha no decorrer do relato bíblico é esse. No Salmo 41 logo no primeiro versículo, o salmista declara: “Bem-aventurado é o que dá atenção ao pobre: O Senhor o livrará no dia da calamidade”.
É óbvio que essa promessa é algo óbvio para os personagens centrais do Novo Testamento. (Mas, a igreja de hoje sabe disso?) O Evangelho é a boa nova para aqueles que foram e são esquecidos. A boa nova não é somente para a vida pós-morte – as promessas, muitas delas, podem ser colhidas no aqui e agora. (Foi um grande consolo para aqueles na desgraça da escravidão, mas não é só a justiça no futuro que a Bíblia destaca – é no aqui e no agora – como aconteceu na primeira comunidade de crentes “onde não havia nenhum necessitado!!!)
Esta é, então, a pergunta que traz a nossa preocupação com a formação de líderes para as igrejas, ou para qualquer setor da sociedade: Como ‘gerar’ homens e mulheres que de forma genuína cuidarão dos outros, e especialmente daqueles que a sociedade marginalizou? Assim, terá de haver “transplantes” de sensibilidades, que exigirá convivência e envolvimento entre seres humanos verdadeiramente comprometidos uns com os outros.
Os críticos declaram que a sociedade se mantém nas desigualdades por causa de fatores fundamentais. Um deles diz que ‘minorias determinam os valores da maioria’ – através de ideologias especializadas na exploração do mais fraco. E que o esforço para promover uma educação esclarecedora e enobrecedora é utópico e em vão. Por isso, segundo a linha da crítica em destaque, a educação servida para o povo é mais uma espécie de lavagem cerebral que tem pouco a ver com uma conscientização do status quo, isto é, um mundo só de desigualdades, e sobretudo, estabelecidas na injustiça social.
Se nos conscientizarmos do que é ser bíblico, seguidor de Cristo em nossos dias, chegaremos a uma conclusão diferente. Nossa função como seguidor do Messias Ele mesmo ilustrou comparando nossas vidas ao sal e à luz: estão aí para influenciar no sentido de trazer os valores que enobrecem e dignificam a cada um, e especialmente, ao menor, ao mais fraco, ao menos provável de ser um vencedor.
Jesus fez com que um encontro com Ele tornasse a pessoa diferente, sentindo-se “inteira”, e sobretudo, digna de ser um ser humano.
(Extraído de A GENEROSIDADE COMEÇA DE CIMA, de nossa autoria.)
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – [email protected]