Vivemos em uma época em que os meios de comunicação de massa dão a oportunidade para que todos tenham o poder de fala, podendo expressar suas ideias e dar suas opiniões. Fazendo uso desse espaço, muitos são os que estão propagando suas ideias e opiniões sem se importarem com as consequências de suas falas e ideias.
Qualquer pessoa que se atreva a propor qualquer tipo de ideia deve saber que as ideias têm consequências. Não importa o valor, a importância, nem a abrangência das ideias propostas: todo e qualquer tipo de ideia terá consequências, tanto para o bem quanto para o mal.
Se uma ideia de pouco “valor” e abrangência já pode trazer grandes problemas e consequências, imagine, então, as grandes ideias que, por sua abrangência e importância, podem mudar os rumos da humanidade e transformar todo o mundo ao serem conhecidas e postas em prática. Tais ideias podem ter a capacidade de fazer um cisma entre a sociedade antes e depois delas, tendo em si o poder de mudar as concepções de todas as pessoas do mundo. Assim foram as ideias de Dante Alighieri, escritor e político que mudaram os rumos do mundo.
Dante, ao escrever seu “Monarquia”, tinha objetivos claros: mostrar para o clero, e para todos, que os governos seculares não dependiam da bênção da “igreja”, que o Papa e o clero não tinham autoridade sobre os governos seculares, coisa que, em seu tempo, era amplamente propagado e explorado pela igreja.
Utilizando de alguns versículos bíblicos, – como o famoso “tudo o que ligares na terra será ligado no céu, e tudo o que desligares na terra será desligado no céu” -, o Papa, e o alto clero, haviam tomado para si o “poder” de exaltar e depor reis e governos, de maneira que, ao escrever seu “Monarquia”, Dante se dispõe a jogar toda essa mentalidade por terra e, para isso, Dante dá interpretações mais corretas dos versículos utilizados pelo clero, mostrando que eles eram tendenciosos em sua exegese, e mostrando, também, que os governos e impérios terrenos eram permitidos e, até mesmo instituídos, por Deus, e não pelo Papado.
Para apoiar suas afirmações, Dante também utiliza de versículos bíblicos, dando a estes interpretações mais fiéis, ao mesmo tempo em que escancara o mau-caratismo exegético do clero. Dante também dá exemplos da história dos impérios seculares, como o império romano, que foram profetizados, preparados e, por que não, instituídos por Deus, para melhor ordenação do mundo.
Ao escrever seu “Monarquia”, Dante dá o primeiro pontapé para a separação entre Igreja e Estado. E, mesmo sendo cristão e católico, Dante sofreu na pele as consequências de suas opiniões, que eram contrárias ao papado, sendo acusado de corrupção, oposição ao Papa e concussão. Mas suas ideias também nos trouxe como consequência a liberdade provinha da separação entre a Religião e o Estado, e Dante sabia muito bem a importância que isso tinha, e o impacto das mudanças que suas ideias trariam, diferentemente de muitos “ideólogos” atuais.
Wanderson R. Monteiro
(Bacharel em Teologia pelo ICP)
(São Sebastião do Anta – MG)