MANHUAÇU –O Hospital Cesar Leite, referência regional em atendimento está contando os dias, para paralisar o atendimento de urgência e emergência do serviço de Obstetrícia. O assunto foi tema de audiência pública, realizada na noite desta segunda-feira (11), na Câmara de Vereadores. Os trabalhos ficaram sob a responsabilidade da Comissão Permanente de Saúde. Participaram alguns vereadores, representantes do Executivo e diretores do Hospital Cesar Leite. Autoridades locais, representantes dos 24 municípios, que são atendidos e Secretaria de Estado da Saúde não compareceram, para ampliar a discussão e, juntos buscarem uma solução para a situação considerada bem delicada.
Na audiência foram apresentados os gastos, número de atendimentos e prejuízos sofridos ao longo do tempo. O custo mensal da coordenação medica e escala de plantão médico do HLC é de R$1.586.242,48. No ano passado, o serviço de Obstetrícia custou R$ 1.460.618. A diferença e alto custo inviabilizam a continuidade do atendimento.
Somente 19 médicos atuam no Centro Obstétrico, e estão fazendo o plantão no HCL, para manter o serviço até o dia 30 de novembro, conforme conversação com a diretoria, para evitar que o atendimento fique prejudicado. A alegação é de que, o baixo valor que se paga atualmente inviabiliza o serviço e, não atrai profissionais da área. Muitos que estavam trabalhando, pediram para sair em virtude de receberam tão pouco, diante de uma grande responsabilidade. Várias publicações foram feitas, para a contratação de profissionais, porém, ninguém apareceu por considerar o valor irrisório. Em outubro, o problema foi discutido e, diante da possibilidade manifestada pela diretoria técnica do hospital de suspensão do serviço de plantão em obstetrícia, por falta de profissionais no mês de novembro, o gabinete da Secretaria Municipal de Saúde solicitou a atuação do MPMG, que determinou a continuidade do atendimento às gestantes e, em caso negado, a Polícia Militar deveria ser chamada para o registro de ocorrência, por omissão de socorro.
O coordenador médico da obstetrícia do Hospital Cesar Leite, João Mateus explica que, agora está sendo desafiador manter um serviço ativo, no setor de Obstetrícia com a falta de profissionais. “São questões variadas que estamos administrando, mas está difícil manter a escala com a falta de médico e, o excesso de trabalho. Para mantermos o atendimento vai depender dos municípios, que usufruem do serviço do HCL. A partir do dia 30 de novembro, não sei o que pode acontecer. Mas, se os médicos não acharem justo o que está acontecendo, a rescisão de contrato pode se concretizar e, não temos como prevê. Por mais que o Ministério Público atribua reponsabilidade ao hospital e a diretora técnica, ninguém pode obrigar ninguém a trabalhar. Os médicos querem trabalhar com carga horária justa e remuneração” detalha o médico João Mateus.
De acordo com o provedor do Hospital Cesar Leite, Milton Martins, o hospital está pedindo socorro, devido ao valor repassado pelo SUS ser insuficiente para cobrir todas as despesas. Além de recursos financeiros, a falta de profissionais é outro problema enfrentado, que vem gerando desgaste e acumulando o serviço para aqueles que ainda continuam. “Depois dessa audiência, vamos continuar a conversa com os profissionais, para que nos ajudem a manter o serviço, a fim de evitar um colapso. Não podemos deixar isso acontecer e, toda a região precisa mobilizar nesse momento tão delicado”, frisa Milton Martins.
Eduardo Satil / Rádio Caparaó