Célio Bomfim Ribeiro
A morte de Célio comoveu os amigos e a comunidade caratinguense. Uma pessoa de fácil convívio, de olhar bondoso para o mundo, de marcante presença, seguramente vai deixa um vazio imenso a recordar suas inúmeras qualidades.
Nasceu em Ubaporanga, mas foi aqui, entre nós, que viveu a maior parte de sua caminhada, cativando todos que o conheceram e tiveram a oportunidade de privar de sua amizade, de sua prosa cativante, de sua presença simpática. Filho de Geraldina Bomfim Ribeiro e do saudoso Sebastião Ribeiro, conhecido por Tatão Ribeiro, farmacêutico prestativo a deixar marcas de sua caridade. A mãe, religiosa e católica praticante, fazia parte de várias associações religiosas, e deixou aos filhos ensinamentos de boa conduta, preces e dedicação ao próximo.
Cursou Direito em Governador Valadares, Letras no Unec (Centro universitário de Caratinga). Trabalhou na prefeitura municipal de Caratinga, na Coletoria e, por muitos anos, foi fiscal do Estado.
Casado com Maria Célia Corrêa Bonfim Ribeiro, deixa três filhos- Mônica, Márcio e Humberto – e um neto, o João Henrique, e uma irmã, Maria Zélia. Um casal admirado pelo companheirismo, pelo carinho mútuo, pela compreensão refletida até num simples olhar de cumplicidade e afeto. Não se pode falar sobre o Célio sem mencionar a Célia, pois eram passos no mesmo ritmo, vidas tecidas juntas nas batidas de um só coração. Célio e Célia, iguais também no nome, estiveram sempre juntos nas festividades, nas missas de domingo, em passeios, em reuniões, em viagens e na rotina do dia a dia. Nenhum deles sabia andar nem viver sem o outro, como almas gêmeas que se identificaram ao primeiro olhar, e foram depois se fundindo numa só alma. Elegantes na postura física e na conduta carregada de delicadeza e finura de trato. O mesmo sorriso de festa os unia, as mesmas palavras boas os identificavam, os mesmos gestos de acolhimento os tornaram inesquecíveis. Por isso foram inspiração e exemplo a outros casais e a todos que se encantavam em ver o amor se eternizando.
Faziam parte de várias instituições que visam ao bem comum, como o Lions Clube Caratinga Iraúna, o Mac (Movimento Amigos de Caratinga) e outros. Já presidiram o Lions e honraram a entidade com um trabalho louvável estendido ao Lions Internacional. O Célio, sempre engajado, primava-se por coordenar as atividades com dinamismo. Excelente orador, era muito aplaudido por comunicar-se com expressão e pela qualidade de seus argumentos.
Alegre e brincalhão, tinha sempre no bolso uma boa piada pra contar. Divertia os amigos com um repertório sempre atual, o que nos levava a perguntar de onde tirava tantas anedotas.
Além do gosto pelas viagens, que os levaram a várias partes do Brasil e do mundo, ele não recusava o prazer de estar no sítio da família, um cantinho de descansar e ser feliz. Não se dedicava, apenas, em ouvir a passarada, mas gostava de pôr a mão na massa. Pegava a enxada para capinar, cuidava do galinheiro, do pomar, dos animais. Enquanto isso, a Célia, na cozinha, entretinha-se fazendo um requeijão delicioso salpicado das raspas do tacho, doces em compotas, frango ao molho pardo, muito ao gosto do marido.
Amiga do casal, sinto profundamente o passamento do Célio. Recordo-me das muitas vezes em que os dois me ajudaram em festas e nos momentos cotidianos. Nunca me esquecerei do Célio, em um dos meus eventos, levando água e cafezinho nos bastidores aos artistas do grupo folclórico Aruanda. Sempre do lado da gente incentivando e ajudando.
Enfrentou a doença com esperança e fé. Jamais se deixou abater pelo desânimo, pondo-se otimista a cada etapa vencida. Essa disposição diante do sofrimento, fortaleceu o tratamento e o conservou por mais tempo entre nós. Também contribuíram, as abnegações e cuidados da Célia, mais o carinho dos filhos. Ela desdobrou-se em zelos, sem nunca se distanciar dele. Foi aquela companheira amorosa até os últimos instantes.
À família enlutada, o nosso profundo pesar. As lágrimas de agora não deixam enxergar, ainda, a alegria dos muitos momentos vividos, mas Deus, senhor do tempo que passa, há de conceder aos familiares, a conformidade, a paz, e lhes devolver a felicidade. Um dia, certamente, as lembranças, hoje doídas, se converterão em saudade serena. Agradecemos ao Deus da vida, a alegria de ter convivido com alguém que soube nos edificar e nos proporcionar o conforto de ter um amigo verdadeiro.
A certeza da ressurreição nos conforta, pois sabemos que o Célio é merecedor das promessas de Jesus: “Quem amou o próximo, cumpriu a lei.” E mais: “Olhos nunca viram a beleza que Deus preparou para aqueles que O amam”. É lá do céu, na suprema alegria, que o Célio está recebendo a recompensa por uma vida pautada nas parábolas do evangelho e, consequentemente, no Amor- propulsor de suas lutas, passos e contentamentos.
Marilene Godinho