Agnaldo Nunes afirma que sentia muita dor e já esteve no local por 42 vezes em busca de providências para um problema de saúde
CARATINGA– Um homem foi conduzido à delegacia na noite deste domingo (15), por causar dano à Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Agnaldo Nunes desferiu um soco contra a porta de uma sala da UPA, após se revoltar com o atendimento médico. O fato aconteceu no último domingo (15).
Agnaldo afirma que desde que deu entrada na Unidade, aguardou por duas horas para atendimento. “A médica falou que ia me atender daqui a pouquinho, deu as costas pra mim, fez muito pouco caso de mim. Até que eu entrei em desespero, vi a senhora do meu lado, a filha dela pedindo socorro, foi até ela morrer, para eles colocarem ela para dentro para atendimento. Ela morreu na maca, do meu lado”.
Conforme o paciente, ele já esteve na UPA por 42 vezes em busca providências para um problema de saúde. “Agora me mandaram fazer o mesmo procedimento que já fiz dois meses atrás, estou com sangramento contínuo, usando fralda, tomando morfina por causa de dor. Aí fecham a porta na minha cara falando que estou lá todo dia, como se eu não tivesse fazendo nada? Dei um soco mesmo, estou com minha mão quebrada, mas, isso aqui não está doendo. A dor é a que eu sinto, de hemorroida interna, suspeita de câncer, está saindo muito sangue, pedaços de tecido. Vou lá falar, reclamam comigo como se fosse algo normal, que ia me mandar para casa. O médico já falou comigo, se sangrar, procura uma Unidade de Atendimento”.
Agnaldo afirma que estava em busca de uma assinatura para liberação de uma cirurgia, que só pode ser realizada no município de Ipatinga e relata ainda que sentia muita dor. “Acho isso um pouco caso com o cidadão, 42 vezes é muito. Estou com os papéis que comprovam quantas vezes fui lá; Disseram que iam me cadastrar no Sus-Fácil para conseguir essa cirurgia mais fácil. E por que até agora? Vai esperar acontecer como foi com a mulher? Depois que eu morrer não precisa fazer nada. Aí fala que tentou fazer de tudo, duas horas? Acho que é muito tempo. Se eu não tivesse sentindo dor, estava em casa, assistindo futebol. Mas, estou sentindo dor”.
Ele reforça que deu um soco na porta, motivado pela emoção. “Tudo que mandou fazer para adiantar cirurgia, fiz até agora. Fiquei revoltado. Vou ficar sentindo essa dor, sangrando do jeito que estou? Se aqui não faz essa cirurgia, tem que me transferir. Entrei em desespero, dei um soco na porta, falaram que eu ia tomar remédio e ir embora. Não estou usando fraldo porque eu quero. Tem 65 dias que estou com esse problema, custava me dar o Sus-Fácil e me encaminhar para Ipatinga, onde faz a cirurgia?”.
O vereador Wilian Faria, de Santa Bárbara do Leste, acompanhou a situação, dizendo que foi acionado pela família por volta de 18h. “Ele relatou que deu entrada na UPA de Caratinga às 17h10, sendo que o protocolo quando é urgência, o paciente só deve aguardar 50 minutos. Eles tiveram os direitos violados, alegou que o atendimento foi negligente. Me desloquei para Caratinga, onde a UPA chamou quatro viaturas da Polícia Militar, fomos bem atendidos pelos militares que estavam cumprindo o dever deles. Pedi a direção da UPA para não conduzir o paciente da delegacia, pois está com hemorragia. A situação dele já está com pedido de biópsia, suspeita de câncer. Trouxeram o paciente para a delegacia nessa situação”.
Elaine Nunes, irmã do paciente, também se queixou do atendimento prestado na UPA. “O Agnaldo deu entrada como urgência, achei um descaso não ter atendido ele. Ficamos duas horas e meia esperando e quando trocou o plantão, a médica que pegou o plantão atendeu ele, mas, ele ficou nervoso porque tinha acontecido um óbito lá por falta de atendimento também. Por ele estar na situação vem um medo. Ele precisa de uma assinatura da UPA e não conseguimos isso. Ele está sangrando constante, é muito triste e constrangedor”.
UPA
Vânia Franco, diretora da UPA, convocou uma coletiva de imprensa para falar sobre o caso. De acordo com Vânia, o paciente deu entrada na UPA às 17h11, onde foi feita a triagem, com o relato dos sintomas. “Ele ficou aguardando dentro do protocolo de Manchester. No momento em que estava para ser atendido, tivemos uma emergência, que infelizmente veio a óbito. Nesse momento ele se exaltou, falando em alto tom com nosso segurança e danificando o patrimônio público. E todos sabem que falta de respeito com funcionário público e danificação do órgão público tem penalidades sobre isso. Chamei a Polícia para tomada de providências, pois, tenho que fazer um b.o, já que zelamos pelo bem público”.
Vânia informa ainda detalhes sobre o que teria atrasado o atendimento do paciente. “Ele foi atendido, inclusive, nosso enfermeiro conversou com a irmã dele que estava acompanhando explicando o motivo da parada do atendimento. E tão logo retornamos o atendimento ele se recursou a usar a medicação. Está relatado no prontuário que ele tem uma cirurgia para quarta-feira e que adentrou, pois estava com sintomas e seria um remédio paliativo até a cirurgia. Na semana passada ele já pegou os prontuários dele aqui para levar para o médico de Ipatinga, pois, só tem esse especialista no Márcio Cunha”, finaliza.