CARATINGA- Geraldo Marcelino Moreira, 53 anos, o ‘Homem-Aranha’, cumprirá o benefício de saída temporária em Governador Valadares. Conforme informações obtidas pelo DIÁRIO, a primeira saída está prevista para junho e a segunda para final de outubro de 2021.
Aranha obteve o regime semiaberto em 2017 e o pedido de saída temporária foi negado pela justiça em quatro oportunidades. No final do ano passado ele foi submetido a novo exame criminológico que lhe foi favorável. O Ministério de Público também manifestou de forma favorável à concessão do benefício da saída temporária, acrescentando que ele preencheu o requisito necessário e que pela análise do exame criminológico inexistem elementos fortes o bastante que inviabilizem a concessão das saídas.
A legislação penal assegura a todos que cumprem pena no regime semiaberto o direito de saídas temporárias. Durante a saída temporária, Homem-Aranha informou que ficará na cidade de Valadares, ou seja, a princípio não virá para a cidade de Caratinga. O judiciário daquele município já comunicou à Polícia Militar, para que acompanhe o cumprimento das medidas.
O BENEFÍCIO
No último dia 4 de fevereiro, a Justiça concedeu o benefício de saída temporária. De acordo com a sentença deferida pelo juiz Michel Cristian de Freitas, da comarca de Governador Valadares, Geraldo Marcelino passou por exame criminológico, a fim de aferir sua aptidão para gozar de benefícios que impliquem em liberdade. “O exame criminológico foi realizado em 26/11/2020 e nele não constam elementos que sejam óbice à concessão de benefícios na execução penal”.
Ainda de acordo com a sentença, Geraldo Marcelino não possui em seu desfavor falta disciplinar de natureza grave. Dessa forma o juiz concedeu ao sentenciado a autorização para saída temporária para visita à família, por sete dias de cada vez, num total de trinta e cinco dias por ano de prisão, respeitado, entre uma e outra de referidas saídas temporárias o prazo mínimo de intervalo de 45 dias.
Para a saída temporária foi estabelecido pela Justiça que Geraldo Marcelino forneça o endereço onde reside a família a ser visitada; recolhimento à residência visitada no período noturno, das 20 horas até às 6 horas do dia seguinte, e proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres.
RELEMBRE O CASO
Os crimes praticados por Geraldo Marcelino Moreira ficaram marcados na história de Caratinga por ter matado quatro garotas.
O desespero começou em 2002 com desaparecimento e depois o encontro do corpo de Juliana Abdalla Guilherme, à época com 26 anos, em uma mata, onde ele teria combinado de entregar o aparelho celular do amigo dela que havia sido furtado e sido vendido para ele.
Em dezembro de 2002, Homem Aranha foi preso com o celular, mas negava o homicídio de Juliana, porém quando interrogado pela polícia, levou os policiais em vários locais diferentes no Morro da Antena, dizendo ter deixado o corpo ali. Depois, Geraldo confessou o crime de acordo com os autos judiciais e disse que o corpo estava na “Lagoa do Sumidouro” zona rural de Caratinga, onde os policiais encontraram partes do corpo queimado e a arcada dentária, onde foi possível certificar que era de Juliana.
Ainda no ano de 2002, o desespero tomou conta de mais duas famílias e de toda a cidade. As meninas Thaís Grasielle Inácio e Natália Celeste da Silva Moraes, de 10 anos à época, desapareceram juntas. Várias campanhas para encontrá-las foram realizadas. Um primo das meninas saía em um carro com microfone pelas ruas da cidade fazendo um apelo para que fossem encontradas. Foram anos de tristeza, procura e enganos, porque em todo momento pessoas entravam em contato com a família dizendo que tinham visto as meninas em algum lugar do país.
Na época, o DIÁRIO DE CARATINGA entrevistou as mães das meninas, que por fim, a única coisa que queriam era encontrar os corpos de suas filhas para enterrar.
Foram três anos de aflição, apenas em 2005, três ossadas foram encontradas enterradas no quintal de Homem-Aranha. Tratava-se de Thaís, Natália, e acreditava-se que a outra ossada fosse de uma garota chamada Josiane Karine, que desapareceu em novembro de 2002, mas os exames deram negativos para as ossadas, e nunca mais ninguém falou do caso de Josiane.
Mesmo com evidências tão claras e ao mesmo tempo assustadoras, “Aranha” continuava negando a autoria dos homicídios.
As mães das meninas conseguiram enterrar as filhas, mas o estrago emocional era enorme, por saber que dentro do caixão só tinham ossos.
Em agosto de 2004, “Homem-Aranha” foi preso e levado para penitenciária de Ipaba, e condenado a 27 anos pela morte de Juliana Abdalla.
Em 28 de abril de 2011 “Homem-Aranha” foi julgado e condenado a 48 anos de prisão pelas mortes de Thaís e Natália.