Clerimeire Miranda fala sobre profissão e dá dicas de como deixar o ambiente mais agradável, unindo criatividade, sustentabilidade e bom gosto
CARATINGA – Hoje é comemorado o Dia do Paisagista. A data foi instituída no ano de 2012 pela Lei nº 12.628. Estes profissionais são responsáveis por trazer a natureza para perto do nosso dia a dia, embelezando jardins e florindo praças e parques, têm um trabalho complementar à arquitetura. O paisagista tem a missão de recompor as extensões geográficas afetadas pela onda de construções, servindo-se de elementos de botânica, ecologia e de mudanças climáticas de cada região.
E o Brasil tem um grande legado no ramo do paisagismo. Seu maior expoente é Roberto Burle Marx (São Paulo, 4 de agosto de 1909 — Rio de Janeiro, 4 de junho de 1994). Ele foi um artista plástico brasileiro, renomado internacionalmente ao exercer a profissão de arquiteto-paisagista. Morou grande parte de sua vida no Rio de Janeiro, onde estão localizados seus principais trabalhos, embora sua obra possa ser encontrada ao redor de todo o mundo. Seu primeiro projeto de jardim público foi a Praça de Casa Forte, localizada no Recife (PE), cidade natal de sua mãe. Burle Marx também foi o responsável pelo projeto do Eixo Monumental de Brasília (DF).
Para falar sobre essa profissão, o DIÁRIO entrevistou Clerimeire Miranda. Ela, que é bióloga especialista em paisagismo, falou sobre sua carreira e deu dicas importantes para deixar o ambiente mais agradável, unindo criatividade, sustentabilidade e bom gosto. Para Clerimeire Miranda, paisagismo é qualidade de vida.
A senhora poderia nos explicar o termo ‘paisagismo’?
É a atividade que consiste em criar espaços funcionais, como jardins que sejam bonitos e agradáveis, que contenham elementos decorativos, envolvendo técnica, criatividade, sustentabilidade e bom gosto.
Qual a sua formação e quando e porque a senhora decidiu seguir a carreira de paisagista?
Sou bióloga especialista em paisagismo. Quando me formei no ano de 2000, comecei a trabalhar na Prefeitura de Governador Valadares como bióloga. Meu setor era diretamente ligado ao Departamento de Praças e Jardins, despertei para a área e fui em busca de conhecimento. Estudei, me especializei e depois de quatro anos voltei para Caratinga, trabalhei na Prefeitura como bióloga e chefe de praças e jardins e posteriormente em um órgão estadual de Meio Ambiente. Mas decidi deixar tudo é me dedicar a está profissão de paisagista autônoma, que além de trabalho é minha paixão.
Como é o seu processo criativo? Como a senhora organiza as etapas do projeto paisagístico?
Para iniciar o processo criativo do paisagismo é necessário um estudo preliminar do local, do público, a quem será destinado, a função, elementos construídos, presença de animais, iluminação natural, solo, água, clima, vento, elementos de desejo, elementos abominados, nível de dedicação. Análise geral da área e levantamentos.
A partir daí inicia a criação do anteprojeto. Preservo sempre os elementos naturais existentes, incorporando o gosto do cliente a partir da escolha do estilo, plantas apresentadas. Após aprovado, apresento o projeto definitivo para execução.
Tem também outra opção, que pula a parte burocrática e trabalho com a consultoria, que vai desde a escolha das plantas, plantio até o treinamento do jardineiro que vai fazer a manutenção do jardim.
A consultoria prática é mais indicada, porque muitas vezes o projeto no papel ou informatizado vai para arquivo e nunca sai de lá.
Quais técnicas a senhora costuma utilizar para criar ou harmonizar um jardim, de forma que ele fique mais equilibrado com os anseios e necessidades dos proprietários? Exista alguma planta que a senhora tem preferência?
Não tenho preferência em nenhuma planta, mas como tudo segue um modismo, no momento estou usando muita folhagem e jardins funcionais (jardins comestíveis com flores, ervas, chás e temperos).
A senhora é uma profissional ligada com as tendências de sustentabilidade? Como essa preocupação com o meio ambiente transparece em seus projetos?
Me preocupo muito com o meio ambiente, tento harmonizar ao máximo meus projetos com a natureza, fazendo escolhas que equilibram o ecossistema do local. Trazendo tranquilidade, aconchego a todos viventes não só humanos. Quanto mais verde mais qualidade de vida e sustentabilidade.
Qual sua avaliação da questão do paisagismo em Caratinga?
Nossa cidade é um local rico em paisagem natural, mas carente em paisagem implantada, temos espaços fantásticos, que necessitam de atenção e cuidados especiais. Mas para isso é necessário a conscientização de toda a população sobre a importância de apreciar o que é belo, sem arrancar um galhinho, uma florzinha, sem pisar ou maltratar um gramado. Assim com pessoas qualificadas para a manutenção e cuidados teremos belos jardins e áreas verdes por aqui.
No dia do paisagismo, qual a mensagem que a senhora deixa para a sociedade?
O paisagismo é qualidade de vida, plante seu jardim em vasos, na varanda, na parede ou no quintal. Sintam o prazer em colher e sentir o que plantaram.