CARATINGA- A pandemia tem impactado no sistema de saúde em todo o País, principalmente, em virtude dos casos de covid-19. Mas, o atendimento a pacientes de outras comorbidades continua e também de forma intensa. É o que afirma o provedor do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora (HNSA) padre Moacir Ramos Nogueira.
A reportagem conversou com o provedor, que fez um balanço dos atendimentos no HNSA, que há um ano absorve a demanda da microrregião de casos que não são de pacientes diagnosticados com o Novo Coronavírus. O Plano de Contingência Operativo da Macrorregião Vale do Aço hospital colocou Caratinga como retaguarda Não-Covid de Alta Complexidade.
Como o HNSA tem enfrentado este período de pandemia?
O que nós percebemos é que a grande mídia tem voltado muito atenção para o atendimento de covid. E realmente é uma realidade, uma preocupação em todo nosso país e não é diferente aqui também na nossa microrregião de saúde de Caratinga. Porém, o que a população não pode esquecer e nem fechar os olhos é que os demais atendimentos continuam acontecendo na mesma proporção ou talvez até aumentando esse número. Em Caratinga hoje nós tivemos esse privilégio de poder contar com duas unidades hospitalares, um ficou reservada em atendimento ao covid e o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, em contrapartida, absorveu o restante da demanda dos atendimentos da microrregião. Então, nesse um ano de pandemia aumentou significativamente o número de pessoas atendidas no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, isso em todas as clínicas.
O senhor poderia citar alguns números?
Sim. No ano de 2020 para 2021, contando o período de um ano de atendimento, nós fizemos mais de 30.000 consultas aqui no hospital. Se no período de março a dezembro de 2020 atendemos a média de 2.403 consultas/mês, já o início do ano de 2021, considerando os meses de janeiro e fevereiro, essa média passou para 2.729 atendimentos/mês. Ou seja, somente janeiro e fevereiro de 2021 já foram feitas 5.459 consultas aqui no Pronto Socorro do Hospital, de urgência e emergência. A média das cirurgias de urgência mantiveram em relação a 2020 e comparando também os meses de janeiro e fevereiro de 2021, média de 79 cirurgias/mês. Quando nós olhamos para a parte das internações, tivemos um aumento significativo, a média de março a dezembro de 2020 foram de 453 internações/mês. Passando para o ano de 2021, janeiro e fevereiro, tivemos uma média de 545 internações/mês. Ou seja, as internações aumentaram. Também aumentaram significativamente o número de partos, no período de março a dezembro de 2020, a média foi de 118 partos/mês; observando os meses de janeiro e fevereiro de 2021 essa média pulou para 135 partos mês.
E em relação às cirurgias eletivas?
Mesmo em tempos de covid, o cuidado se volta para essa realidade, é importante e necessário, mas, importante perceber também que o hospital continua cheio e muitas vezes não temos vagas para aceitar pacientes, seja na UTI adulto, nas clínicas de internação, para cirurgias, enfim. É preciso ter esse olhar atencioso para a saúde considerando o todo. Com a Onda Roxa estabelecida pelo Estado, ficaram suspensas por 15 dias as cirurgias eletivas, não foi realidade dos meses anteriores, pois, março a dezembro de 2020 fizemos uma média de quase 100 cirurgias/mês eletivas, totalizando 1.023 cirurgias. Nos meses de janeiro e fevereiro essa média pulou para 159, totalizando 316 cirurgias eletivas. Esperamos que tão logo volte à normalidade, a gente comece novamente a realizar porque a fila é grande e os municípios precisam desse atendimento para dar encaminhamento às pessoas que aguardam há tanto tempo e, agora, com a graça de Deus, estão sendo realizadas com uma proporção muito grande.
Qual é a abrangência desses atendimentos?
A microrregião de Caratinga, composta por 13 municípios, totalizando em torno de 210 mil habitantes e também pessoas de outros estados que passando pelas rodovias, quando acontece algum acidente, precisam ser atendidas aqui. Acompanhamos recentemente um caso daquela família do estado da Bahia, onde teve o acidente, duas pessoas vieram a óbito no local e uma terceira pessoa foi socorrida aqui no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora para cirurgia de urgência, internação de UTI, até ser transferida para seu estado de origem. O hospital está localizado aqui próximo à BR que corta nossa cidade, além dos municípios da microrregião tem também esse diferencial, que são as pessoas de outros estados que passando por aqui, quando necessitam, são acolhidas.
Com o aumento dos atendimentos, consequentemente, as despesas também sofrem impacto. Como a administração tem lidado com esta questão?
O atendimento continua intenso e como mostramos nos números, tem aumentado a procura pelo atendimento hospitalar. As receitas continuam as mesmas e nós acompanhamos pela mídia, não só no setor hospitalar, mas, em todos, os reajustes são assustadores. Na área de manutenção, de medicamentos; os EPIs, que nós precisamos para o atendimento hospitalar; utensílios de cozinha tiveram aumentos, para limpeza, lavanderia. Foram reajustes grandiosos, isso nos leva a ficar numa situação às vezes até delicada para continuar administrando. O número de atendimentos não cai, tende a aumentar, as receitas permanecem estabilizadas e os gastos sofrem reajustes todos os dias. É um grande desafio manter uma instituição do porte do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, prestando seu atendimento à população. Isso tem sido feito com muita maestria por toda nossa equipe de gestão hospitalar.