Hilda completou 90 anos de idade. Reuniu familiares e amigos para comemorar a data especial. A bonita e concorrida festa contou com o cerimonial da GigiAzevedo e o buffet de Cláudia Silva. Na música, o Dedéu arrasou! Cantor de talento, por dom e herança, soube passear por todos os ritmos, fazendo a alegria de todos que, no fim, caíram no carnaval.
A aniversariante nasceu em Santo Antônio do Manhuaçu, e veio com apenas 6 anos para Caratinga onde mora até hoje. Filha de Ana Cândida de Faria e Francisco Penna, que tiveram 9 filhos, quatro dos quais ainda vivem. Sr. Lino Penna, com 100 anos de vida completados há pouco, esteve presente. Lúcido, lembrava-se de todos que o cumprimentavam. Os outros filhos: Francisco Penna Filho, Alice e Hilda.
Estudou no Colégio Nossa Senhora do Carmo, como aluna interna. As lembranças desse tempo ainda chegam dando conta dos velhos costumes que hoje parecem anedotas. Uma dessas lembranças refere-se aos banhos no internato. As alunas tinham de entrar para o chuveiro vestidas com camisola. Não era permitido, em nome da moral e da religião, que a própria pessoa se visse nua. Mas Hilda achava que o banho tomado com roupa, não permitia uma limpeza bem feita. Então, esquecia a ordem e tomava banho sem a camisola, vestindo-a depois, molhada, para ninguém notar.
Lecionou em Ubaporanga e na E. E. Bezerra de Menezes em Caratinga. Trabalhou na Merenda Escola e aposentou-se como funcionária da Superintendência Regional de Ensino de Caratinga.
Casada com o Sr. Aldo Fernandes, da conhecida família Maria, tiveram quatro filhos: Valéria, Tânia, Aldo Júnior e Flávio.
Mãe dedicada e presente, lega aos filhos os bons conselhos e a essência de suas virtudes. Sempre se preocupou em dar boa educação a eles. Sua maior meta era dar-lhes os estudos. E, como nos conta Valéria, ainda exigia que atingissem o primeiro lugar.
O marido era fazendeiro, e ela não teve a menor dificuldade em adaptar-se à vida rural. Apreciava a beleza do amanhecer, do pôr do sol, da chuva adubando a lavoura e reverdecendo o pasto para o gado. Foi companheira exemplar do marido, de saudosa memória, por quase 60 anos na paz e no fortalecimento do amor.
Mãe amorosa que se funde na vida dos filhos. E apoia-se muito no filho caçula, Flavinho. Por ser menino temporão, rapa do tacho, recebeu e recebe muitos mimos dela e dos irmãos. E por rodeá-la com sua presença e aconchegar-se sob as asas do amor materno, estabeleceram um convívio mútuo de entendimento e carinho. Por isso, num momento da festa, Flavinho agradeceu a presença dos convidados, mas não conseguiu dirigir-se à mãe sem chorar. Na verdade, há sentimentos tão profundos que não podem ser traduzidos com palavras. Mas a linguagem das lágrimas falou mais alto e todos se emocionaram.
Também os sobrinhos lhe devotam afeto, e as noras falam de seu cuidado de segunda mãe a promover o bem-estar e o convívio harmonioso.
Noventa anos são uma caminhada de muitos passos. Durante esse tempo conviveu com lutas, alegrias, perdas, vitórias. E em todas as circunstâncias, Hilda soube conservar-se serena movida pela fé de católica agradecida e confiante. Conseguiu superar os momentos mais doídos, colocando-se aos pés de Deus que a confortou e a carregou ao colo.
O coração manso e as palavras sábias fazem de sua presença uma chama de luz radiante. Os que convivem de perto com ela, afirmam seu dom de consolar os que sofrem, ao mesmo tempo em que compartilha as conquistas de todos. Tem sempre um atalho de otimismo para alentar, e incentiva as pessoas a que se sigam em frente. Uma qualidade – entre tantas – destaca-se: é uma guerreira! Mas não luta com as armas do alarde, da violência, no revide. Ela enfrenta com o arsenal da paciência, do bom senso, da ação na hora certa e na força da oração.
Sensível, aprecia a arte e as coisas sublimes. Não perde os meus eventos e, depois, comenta sobre os instantes mais bonitos. Tem até uma canção preferida: Bandeira Branca. Aos primeiros acordes, já o sorriso brilha.
Bem humorada, gosta de ouvir boas piadas. E sabe contá-las com graça, escolhendo os aspectos mais divertidos. Numa roda de papo furado, ela não fica de fora com suas observações interessantes.
Os anos se passaram, mas não conseguiram tirar-lhe o entusiasmo, os sonhos, o cultivar de amizades. Recebia os convidados com elegância e satisfação. Na hora do bolo e do soprar das velas, ela mais parecia uma criança com olhar aceso à espera do “parabéns pra você”.
Hilda chegou até aqui por sua postura de paz e por seus merecimentos. Deus lhe concedeu uma de suas bênçãos mais preciosas: a longevidade com lucidez, saúde e paz. Que as graças do alto continuem se derramando sobre seu caminho rumo ao centenário. Que por muitos anos, ainda, possamos tê-la e nos inundarmos nas águas de seu exemplo.
Seja feliz, muito feliz!
Marilene Godinho