Na última semana já pude descrever o que podemos esperar da Conferencia das Partes (COP) que será realizada em Paris. Sabemos que muito de tudo que se esperava do Brasil e será tratado como metas ainda em abertas, como de costume.
Pois bem, e o que o mundo (GAIA) espera da COP de Paris?
Eis uma ótima questão.
Muitas pessoas, assim como eu, tratam o nosso planeta Terra como GAIA. GAIA é um ser maior e complexo, fruto de tudo que faz parte deste mundo. GAIA nasceu como nós, desenvolveu-se e hoje pode estar vivendo a sua juventude.
No entanto, GAIA tem um futuro incerto e hoje, por nossa culpa, está a aclamar por socorro.
GAIA está doente e o diagnóstico já foi feito: a enfermidade é causada por um ser que se reproduz rapidamente, tem uma vida curta e se alastra sob a sua superfície, mas que parece estar em busca de formas de postergar a falência do hospedeiro.
Por assim seguimos e espero que GAIA não crie tantas expectativas em torno desta reunião climática, pois a mesma já começa com uma derrota considerável.
As metas de redução de emissões serão insuficientes para estabilizar o aumento da temperatura média do planeta em 2 C até o fim do século, acredita-se que esta temperatura possa chegar aos 3 C. Lembre-se que isso é uma média global, compreende lugares extremamente quentes e frios, se pensarmos numa escala regional esses valores podem ultrapassar 5 C.
GAIA não espere por justiça, pois as mudanças do clima por si não são justas. Países como os EUA e China que tanto roubam suas energias são os que menos sofrem os efeitos das mudanças no clima.
Uma das expectativas mais ingratas para GAIA é de acreditar que juntar algumas assinaturas num punhado de papeis poderá ser mais um perdão, já que erramos constantemente, e a nossa salvação frente a tudo que nos atormenta.
Em 2016 as coisas serão as mesmas, será o ano mais quente da história como foi 2015, o mar continuará subindo, a Amazônia no chão, o Rio Doce completará um ano de falecimento, a população tendo a sua vida afetada por secas e chuvas intensas e poderemos achar que está tudo normal.
Na RIO+20 tive a oportunidade de acompanhar de perto a elaboração do documento final. Não possuía e nem possuo poder de voto por ter cunho científico-político para tal, mas vi como tudo foi feito.
Entretanto, posso afirmar categoricamente que este documento foi redigido a partir de boas ideias e das melhores intenções, mas que não possui valor algum para o nosso dia a dia.
Se GAIA não pode contar com o nossos líderes mundiais, ela pode contar com você?
Espero que sim, vamos mudar a relação que temos com nosso planeta e que seja somente para melhor, pois é possível e necessário.
Paulo Batista Araújo Filho é formado em Ciências Biológicas e Recursos Naturais pela UFES. Atualmente trabalha no renomado Lawrence Berkeley National Laboratory (LBNL), Berkeley – Califórnia/EUA