PC dá continuidade às investigações e prende mais quatro suspeitos
CARATINGA – No dia 22 do mês passado, a Polícia Civil prendeu três suspeitos de envolvimento em fraude em provas de legislação para obtenção de reciclagem da CNH (Carteira Nacional de Habilitação). A PC deu continuidade aos trabalhos investigativos e deteve mais quatro pessoas. Elas foram presas em Ouro Preto.
CARATINGA
Em Caratinga, no dia 22 de abril, dois candidatos entraram para as cabines do UAI (Unidade de Atendimento Integrado) para fazer as provas, mas um funcionário percebeu que um deles tinha uma atitude estranha, parecendo estar conversando sozinho. Quando o funcionário resolveu verificar o que estava acontecendo, Irenilton de Souza, morador de Timóteo, levantou a camisa e mostrou que estava com equipamentos como microfone e escuta para receber as respostas corretas. Nesse momento, José Jaime Rodrigues, residente em Caratinga, que usava do mesmo mecanismo, também se entregou.
Ao conversar com os infratores, eles contaram que haviam pagado R$ 4 mil pelas respostas e Josemar Barbosa Amorim veio a Caratinga montar o equipamento. Josemar, que também vive em Timóteo, acabou sendo preso.
Como o crime é afiançável, foi estipulado o valor de 10 mil reais, que foi pago por cada um dos envolvidos.
OURO PRETO
A Polícia Civil de Caratinga continuou as investigações, já que dois indivíduos teriam fugido, e assim acabou descobrindo que o esquema com o mesmo modus operandi aconteceria novamente na última quarta-feira (8) na cidade de Ouro Preto, tendo como supostos autores as mesmas pessoas que agiram em Caratinga.
De acordo com o delegado de Trânsito Luiz Eduardo Moura Gomes, foram presos em Ouro Preto, José Júlio da Silva Filho, 53 anos, que resolvia as provas; Charles Brasil Silva, 29 anos, o motorista, que também ajudava montar os equipamentos nos candidatos; Antônio Marcos Carneiro, 35, candidato; e João Freire da Silva, captador de clientes. “A PC se deslocou até Ouro Preto e conseguiu prender um candidato e duas pessoas que estavam em Caratinga no dia 22 e que conseguiram fugir; eles foram os responsáveis por fraudar a prova e que possuíam equipamento eletrônico e conhecimento técnico. Foram presos José, Charles e João (da cidade de Itabirito), responsável por captar candidatos em Ouro Preto, Mariana e Itabirito. Ele já foi instrutor de trânsito em autoescola, atualmente trabalha em outro ramo, mas tinha conhecimento das pessoas que estavam tentando a prova e oferecia o serviço de fraude”, explicou o delegado.
Em Ouro Preto a prova é feita dentro da delegacia regional e o candidato foi preso no momento que realizava a prova. “Eles usam um equipamento de tecnologia muito avançada, câmera muito pequena, faziam um buraco na blusa do candidato imperceptível e o ponto eletrônico muito pequeno ficava dentro do canal auricular, tanto que pra retirar, no caso de Caratinga, foi preciso um médico; em Ouro Preto foi puxado com uma pinça. Os sinais são dados por meio de celular”, esclareceu o delegado Luiz Eduardo.
O delegado afirmou que a banca examinadora de Ouro Preto não tinha conhecimento dos fatos. De acordo com as investigações, o candidato que estava fazendo a prova encaminhava as questões por câmera e recebia as respostas por áudio. “Esse crime era praticado em todo o estado, os envolvidos estão presos, mas o objetivo da Polícia Civil é comprovar todo elo criminoso e como isso era feito. O crime é fraude a certame público e é afiançável. No caso de Caratinga, a fiança foi de R$ 10 mil para cada conduzido, em Ouro Preto, R$ 10 mil para cada envolvido e R$ 3.500,00 para o candidato”.
O ESQUEMA
De acordo com os trabalhos da PC, cada um tinha seu papel na fraude. José Júlio tinha conhecimento da legislação, transmitia todas as respostas ao candidato e chegou a fazer 27 pontos na prova de 30 pontos, mas deixava nessa média pra não causar suspeita. Charles era o responsável por dirigir e testar os equipamentos no candidato e João Freire, que já foi instrutor de trânsito, tinha muito conhecimento e era o responsável por angariar candidatos.
AS PRISÕES
O investigador de Polícia Civil Whesley Adriano detalhou como aconteceram as prisões em Ouro Preto. “Tudo começou com a prisão dos três indivíduos aqui em Caratinga, sabíamos que havia outros envolvidos, então o objetivo da PC era identificar todas as pessoas”, disse o investigador.
A equipe de Caratinga foi à delegacia de Ouro Preto, local onde são realizadas as provas, e começou a procurar pessoas que condiziam com as características físicas das que estavam em Caratinga. “Nessa campana identificamos o momento exato que José saía do veículo junto do Charles, acompanhado do candidato que faria o exame. Realizamos procedimento investigativo e essa pessoa foi para prova enquanto Charles e José Júlio saíram da área da delegacia. Os policiais civis de Ouro Preto foram informados por nós da probabilidade de estar acontecendo a fraude, pedimos a eles que tivessem mais atenção com esse candidato e quando o abordaram, viram que realmente existia todo equipamento preparado para que a fraude fosse realizada. Assim que o candidato foi preso, seguimos os outros suspeitos, sabíamos onde estavam, os abordamos e no interior do veículo estavam todos os equipamentos”, finalizou o investigador.