Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais realiza evento tendo como debate a cidadania da pessoa com deficiência no município
CARATINGA- A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Caratinga realizou na manhã de ontem, o ‘Fórum Local de Autogestão, Autodefesa e Família’. O evento aconteceu na Loja Maçônica Caratinga Livre.
O objetivo do evento é proporcionar um espaço de discussão conhecendo a fundo a realidade e a vivência da pessoa com deficiência intelectual e sua família, e dos profissionais da Apae. Aprendizagem, informação, orientação, debates e avaliação de recursos e serviços que possam interferir positivamente na vida da pessoa com deficiência intelectual e múltipla.
Rita de Cássia, diretora pedagógica da Apae, destaca a importância de se discutir a cidadania da pessoa com deficiência. “Todos os nossos alunos acima de 16 anos estão participando, as famílias, que são aqueles que convivem 24 horas com essa pessoa e nossos colaboradores. Hoje atendemos Caratinga e mais cinco municípios da região, então temos aqui a participação dessas famílias para discutir os direitos das pessoas com deficiência como cidadão. Vamos cada grupo fazer um debate final e escolher cinco pessoas de cada um desses grupos, de autogestores, autodefensores e família para representar a Apae de Caratinga no Fórum Regional, que acontece até julho e depois em setembro teremos o estadual, em Belo Horizonte”.
Ela também reflete sobre o tema ‘A cidadania da pessoa com deficiência no município’. “Quer dizer que não importa onde ele está, se é estudante só da Apae ou não. Mas, que isso vai gerar benefício para que chegue aos nossos governadores, homens públicos, para que façam realmente que o direito de todas as pessoas sejam realmente direitos estabelecidos e cumpridos. Chamamos o cidadão deficiente especial, mas todos são especiais”.
Para Rita de Cássia, é preciso a consciência de que todos têm deveres, mas os direitos também precisam ser cumpridos. “Infelizmente, hoje quando se vai reivindicar o direito fica parecendo que se está devendo favor a alguém e não é isso. Estamos orientando, tivemos uma palestra pela assistente social e professora da Rede Doctum, Renata Ribeiro, justamente para mostrar os direitos como cidadão e profissional, pessoa que tem direito ao voto e que realmente faz a diferença numa sociedade”.
‘NÃO TEMOS RESPEITO’
Maria de Lourdes, mãe de um aluno da Apae destacou os problemas de infraestrutura enfrentados pelos portadores de deficiência física. “A Justiça está aí, as leis estão aí, mas não são pregadas, os direitos não existem, só fica no papel. Estamos questionando os direitos dos deficientes que não temos. Não temos respeito, passamos na rua, os bares ocupam as calçadas com cadeiras durante a noite, não temos direito de sair. As ruas estão cheias de buracos, questionamos isso no Conselho Municipal e uma das pessoas que estava lá falou pra gente tirar fotos. Eu até brinquei, falei que o cartão de memória do celular ia acabar, porque toda a cidade está cheia de buraco. Onde vamos passar com nossos cadeirantes, se não tem calçadas ou ruas para anda? Se as lojas não têm acessibilidade, lugar nenhum tem acessibilidade ou respeito. Peço a todos os pais de pessoas com deficiência e deficientes que se mobilizem para procurar nossos direitos”.
A dona de casa faz um chamado para que as famílias se envolvam mais nessa luta por direitos. “Os pais não estão procurando, quem procura são poucos e quando procuram é muita burocracia. Os políticos nos levam em banho maria, essa é a verdade. Quando procuramos respostas não nos respondem, ficam de portas fechadas. Então, muitos pais desistem, mas não podem desistir, pois pagamos impostos e precisamos de respeito. Peço que os pais acordem, nossos filhos são seres humanos. Não precisamos viver de humilhação”.