Duany Lopes afirma que cada pessoa tem sua individualidade e limites
Duany Lopes, fisioterapeuta e quiropraxista, que atua na área das lesões esportivas e é perito na área trabalhista explica que durante a prática de exercícios físicos sem orientação adequadas, sérias lesões podem surgir.
Tem sido comum a situação de pessoas que não são capacitadas, ministrando treinos?
Essa pergunta fica à mercê de muitas pessoas e tenho recebido muitas interrogações sobre isso, porque não existe nada se não tiver uma base. A base é a situação que a gente tem que ter com tudo, seja no profissional, seja na vida pessoal, seja na educação familiar. E a nossa base profissional tem que ser o nosso estudo, nossa formação. Isso traz um respaldo e um conhecimento tanto fisiológico, como biomecânico do organismo de cada pessoa. Tenho visto a onda e a modinha de lançar exercício pela internet, via online, exercícios globais, generalizando, porque a pandemia veio para trazer um pouco mais pra todos nós, que é um distanciamento e ao mesmo tempo desenvolvimento, para a gente poder levar informação à distância. E isso traz ao mesmo tempo um benefício, mas também um malefício. Como diz o outro: tudo tem seu ônus e seu bônus. Aí que vem a moral de toda situação da estrutura que devemos ter em relação a isso, porque nós profissionais da área de saúde a gente tem que ter um cuidado, que é saber o princípio para exercer o tratamento, o protocolo de tratamento, o protocolo de treinamento, e nada é CTRL C, CTRL V.
Quais riscos que o aluno está exposto nestes casos?
Cada pessoa tem sua individualidade, e vejo aí hoje que está tendo muito global, muita situação em querer visar a quantidade, não a qualidade do tratamento, do treinamento, e isso traz consequência futura para o atleta, algo que às vezes que torna irreversível. Porque o exercício mal planejado, mal executado, faz com que a lesão que poderia ser pequena, se tornar algo tão grande, e muitas vezes só se resolver na base da cirurgia. Isso é triste, porque sabemos que quando chega a esse ponto, de não ter reversão ao tratamento, é porque se tornou algo crônico, lesionado, de uma forma que depois fica difícil ter uma recuperação, uma reestruturação muscular, articular, e muita das vezes situação que vai ao encontro, que ainda se coloca bem prejudicial, que é atingir o sistema nervoso central, numa coluna, no cérebro, no sistema fisiopsicossomático, algumas dores características, e isso faz com que gere uma regressão do atleta e do paciente que está tendo o tratamento. Então a gente tem que ter essa cautela, eu vejo que o profissional, tanto o educar físico, como nós fisioterapeutas, como os médicos, seja qual for no âmbito vai trabalhar, com o paciente, com o atleta, tem que ter sua base formadora.
Quais os tipos de lesões mais comuns que chegam ao seu consultório, que são resultados de exercícios físicos?
São várias lesões. Lesão de joelho, de coluna, lombalgia, escoliose… Muitas das vezes o atleta entra porque gostou da modalidade, gostou do esporte, ele nem sabe que tem uma escoliose, uma alteração postural, uma alteração de espaços articulares da coluna, e ele já começa a praticar algum exercício elevando força, movimentos excessivos, e aí chega com aquela queixa clássica que é uma dor irradiada, que é a lombociatalgia, uma dor fixa ao movimento, que quando a gente faz a avaliação e vê que tem alteração postural, que tem uma escoliose bem acentuada, tem uma discrepância de membros, uma perna mais curta que a outra. Quando tem alguma alteração biomecânica no corpo, mas tem a discrepância de membros que são estruturais, que precisam de uma palmilha, de alguma compensação para gerar o equilíbrio na cintura. E aí a pessoa já chega vários anos praticando esportes e com essas queixas. E quando a gente pega e depara que tem algo errado naquilo ali, é preciso ser feito o ajuste, ser feito equilíbrio biomecânico, o equilíbrio fisiológico, e depois liberar para ser feito aquele esporte correto e adequado com seu estado físico.
Qual o seu conselho para quem deseja iniciar nas atividades físicas?
Tem que ter essa precaução, cuidado, tanto quem está praticando esporte, como com quem está chegando com alguma lesão, é muito importante. Nos últimos meses têm chegado aqui na clínica pra mim, pessoas que lesionaram o ciático, lesionaram a parte lombar, praticando atividade física. Fique atento e procure um profissional capacitado.
Qual a importância do estudo e atualização da carreira?
Falo que hoje dentro da minha formação, uso apenas 20% do que aprendi lá na academia de ensino que é a minha faculdade, e agradeço demais, hoje tenho ela que me respalda em documentos, e que hoje tenho autoconhecimento devido a várias formações que eu fiz, pós-graduações, cursos clínicos, tempo de clínica, porque hoje a onda de educação online está querendo tirar o fator principal que é o presencial, não tem como eu tratar um paciente, gerar um protocolo de treinamento ou de tratamento para ter uma eficácia da resposta futura a ele, não tem. Se eu não chegar próximo, colocar a mão, ter contato, ter aquele feeling, paciente com terapeuta, paciente com educador físico, paciente com médico, se torna algo difícil, porque na maioria das vezes, pecamos por tratar sintomas, e não pode ser dessa forma, a gente tem que tratar a causa.