A família do mecânico Tiola pede que a justiça seja feita, já que o filho Rodrigo tentou matar o pai com oito facadas e sempre lhe faz ameaças de morte
CARATINGA – Desde o dia 15 de agosto deste ano, o mecânico João Tiola Filho, 58 anos, vive momentos de tristeza e medo depois que seu filho Rodrigo Tiola Alves, 38, tentou lhe matar com oito facadas. Estes sentimentos são compartilhados pelos demais familiares de João. Rodrigo está preso desde o dia do crime, mas a família teme que ele seja solto, já que há muito tempo ameaça a todos de morte. Eles dizem que Rodrigo é usuário de drogas, mas que não aceita ajuda. “É um risco também para a sociedade”, afirmam em uníssono.
Ontem aconteceu no Fórum Desembargador Faria e Sousa primeira audiência de instrução e foi presidida pelo juiz Consuelo Silveira Neto. A reportagem do DIÁRIO DE CARATINGA conversou com o assistente de acusação do caso, Max Capella, com João Tiola e suas duas filhas, Fabiana Tiola Alves, 33, e Poliana Tiola, 37.
Max relembrou que o crime aconteceu no Córrego do Brejaúba, zona rural de Santa Rita de Minas. Segundo o advogado, Tiola contou que ele e o filho estavam no sítio preparando carne para churrasco, quando notou que um refrigerador com as carnes foi deixado desligado por Rodrigo. O pai repreendeu o filho por este ato, porém Rodrigo partiu para ameaça e disse que esfaquearia o pai e não teria medo de matá-lo. “Tiola assustou quando ele partiu para agressões com uma faca de açougueiro e desferiu quatro facadas no seu abdômen e tórax. Quando virou as costas para tentar fugir, foi ferido com mais quatro facadas, que perfuraram seus dois pulmões”, conta Max Capella.
Mesmo ferido, Tiola pegou seu carro e dirigiu por cinco quilômetros com parte do intestino para fora do corpo, ele chegou a zona urbana de Santa Rita de Minas e pediu a um taxista que entregasse a chave do carro que estava para a filha e o levasse ao Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, em Caratinga.
Max disse que de acordo com laudos médicos, Tiola ficou vivo por milagre. “Rodrigo foi preso no mesmo dia, pois Tiola conseguiu falar com a família o que havia acontecido, e a polícia foi acionada”, relatou Capella.
Ontem foi a primeira audiência e segundo Max, a acusação trabalharia para que a pena que Rodrigo fosse mais próxima do ideal para a tentativa de homicídio, “que varia entre 12 a 30 anos, colocando três qualificadoras que são motivo fútil, torpe e recurso que impediu a defesa da vítima”.
A TRISTEZA DO PAI ESFAQUEADO PELO FILHO
Tiola também conversou com a reportagem e, muito triste e emocionado, contou que ele e a esposa criaram os quatro filhos muito bem, “inclusive Rodrigo que é o primogênito, foi levado para igreja”. O mecânico disse que nunca ensinou o caminho errado para o filho, e ressaltou que ele é um grande profissional, mas se entregou às drogas muito cedo. “Aos 10 anos cheirava cola, depois foi maconha, cocaína, crack”.
O pai deu casa e emprego para o filho, mas Rodrigo tentou contra sua vida três vezes, além das diversas ameaças, quando não conseguia dinheiro para as drogas. “Rodrigo dizia que se matasse o pai, a mãe o ajudaria com dinheiro”.
Tiola disse que não educou o filho para viver na prisão, mas sim no meio da sociedade, mas ele não quis, mesmo tendo casa, emprego e já ter sido levado a diversas clínicas de recuperação em várias cidades. Certa vez Rodrigo atingiu o pai com uma barra de ferro, mas como Tiola estava com o capacete, ele não conseguiu feri-lo, mas quebrou toda a sua moto. “O filho que honra pai e mãe vive feliz, mas ele não quis nos obedecer, não queria ver meu filho na cadeia. Eu o perdoo pelas facadas, queria que ele fosse o suporte da família, mas ele está dando pontos para satanás, enquanto Deus quer ajudá-lo. Queria minha família unida”, disse chorando Tiola.
IRMÃS DE RODRIGO CLAMAM POR JUSTIÇA
Fabiana disse que os filhos de Rodrigo, 16 e 19 anos, foram criados pelo avô, a quem consideram como pai e são revoltados com as atitudes de Rodrigo. Segundo as irmãs Fabiana e Poliana, Rodrigo sempre achou que a família era obrigada a comprar drogas para ele. “Ele um dia disse que mataria minha mãe, Rodrigo só pensa em crack. Ele é um risco para a família e para a sociedade, inclusive já fez assaltos a mão armada. Espero que realmente tenha justiça, que pegue a pena máxima, porque se ele for solto, eu e meu pai corremos risco de vida. Tenho pena dele, mas ele escolheu um caminho muito triste. Já fui em boca de fumo pagar drogas que ele comprou, fizemos várias internações, desejo tudo de bom para ele, mas não tem como conviver em família, ele escolheu o mal, se tornou uma pessoa ruim”, disse Fabiana com muita tristeza.
Quando questionada se acredita que Rodrigo tem possibilidades de melhorar ficando preso, a família disse que só por milagre de Deus. Tiola contou que, em Belo Horizonte, um médico desistiu de tratar de Rodrigo, pois ele não tomava os medicamentos conforme indicado. Fabiana disse que vários médicos tentaram tratar Rodrigo, mas ele não aceitou.
Segundo as irmãs, o grande problema começou quando a ex-mulher o levou para São Paulo e ele morou em uma favela. A família diz que a vida deles acabou, pois vivem com medo. Os filhos de Rodrigo são completamente revoltados com ele e consideram Tiola como pai. “Peço ao Max para fazer seu melhor, pois quando o Rodrigo sair da prisão, não sei o que será de nossas vidas”, disse Fabiana de forma transtornada.
Max disse que a família não tem objetivo de punir o filho com a prisão, mas ficar segura, “já que ele não aceita internações em clínicas”.
Depois desta primeira audiência, caso todas as testemunhas das partes tenham sido ouvidas, além da vítima, o juiz deverá marcar a data do julgamento.