A seleção do céu recebeu um grande reforço essa semana. O futebol regional perdeu essa semana um dos maiores nomes da história. Aos 70 anos, o lendário zagueiro Fifi nos deixou depois de sofrer uma parada cardíaca. Uma notícia que deixou todos nós apaixonados por futebol consternado. Afinal, Fifi era mais que um ótimo jogador de futebol, era um personagem do mundo da bola.
Anésio Filipe de Souza (Fifi) nasceu em 11 de novembro de 1950, em Caratinga, na antiga “rua do sal”. Começou sua carreira futebolística nos juvenis do E. C. Caratinga. Em 1965 aos 15 anos, já de cara, mostrou tanto talento que no ano seguinte foi lançado na equipe principal rubro-negro do Esporte Clube Caratinga. O primeiro jogo de Fifi no time principal teve como adversária uma representação da cidade de Rio Casca, no Estádio Dr. Maninho. Vitória rubro-negra, pelo elevado placar de 8 x 1. Os vencedores foram: Valdir Melodia, Nego Hélio, Flávio Guilherme, Fifi e Hugo; Zé Reis e Pingo; Elcinho, Zé Tarcísio, Pelezinho e Renato. Assim começou a história do zagueiro no Dragão. Não demorou muito, foi jogar no Ribeiro Junqueira de Leopoldina, equipe profissional. Retornou em 1970 para vestir a camisa do Caratinga mais uma vez. Conquistou títulos importantes pelo rubro negro: Decisão do título de campeão do III Torneio Regional da Integração/1974, contra o Democrata GV a realizar-se em campo neutro, sendo escolhido o Estádio Guilhermino de Oliveira, na cidade de Inhapim. Em 10 de outubro de 1974 quando o árbitro Hélio Cosso deu a partida como encerrada, o EC Caratinga vibrou com o título: Cacau, Milton, Fifi, Ari e Hugo; Altair e Vermelho (Maninho/IBC); Danilo, Chulé, Jesus e Juarez.
Em 1979, E. C. Democrata e E. C. Caratinga decidiram o título de campeão do Torneio Regional da Integração, promovido pela Liga de Governador Valadares. O jogo decisivo aconteceu, à noite, em Governador Valadares. O Caratinga jogava pelo empate para ficar campeão. O Democrata vencia de 1 x 0, até aos 34 minutos do segundo tempo. César empatou. Guilhermino, cobrando falta, fez Caratinga: 2 x 1. O EC Caratinga ficou bicampeão regional com: Cacau, Guilhermino, Fifi, Zezé e Carlinhos Carraro; Quinha, Marcinho e César; Rerré, Antônio e Vagalume. Técnico: Otávio Cirilo.
O livro Memória Esportiva escrito pelo saudoso Nelson Souza e pelo professor Munir Saygli, traz algumas histórias sobre o craque: Num jogo válido pelo Campeonato da Liga no estádio do Carmo, quando Fifi entrava em campo, a folclórica torcedora do Esplanada dona Mundica, deu uma paulada em Fifi e avisou: “Depois do jogo será pior”. Em 1979, o Dragão perdia por 6 a 1 para o Nacional de Muriaé, Fifi arrancou o pau da bandeirinha de escanteio e partiu pra cima do presidente do Nacional.
Chance desperdiçada
Pouco antes de retornar a Caratinga em 1979, Fifi era uma das estrelas do CRB, um dos grandes clubes do Nordeste, que jogava o campeonato Brasileiro da primeira divisão da época. Foi campeão alagoano sendo um dos destaques do time. Porém, segundo ele mesmo contou ao livro Memória Esportiva numa entrevista nos anos 90, perdeu a oportunidade de jogar no Botafogo: o zagueiro deveria defender o Botafogo carioca durante o Brasileirão daquele ano, pois, o CRB de Alagoas e o alvinegro do Rio de Janeiro estavam. Conversando sobre a ida dele para General Severiano. Mas, infelizmente, Fifi que havia deixado a sua esposa em Caratinga, se envolveu em caso amoroso com a filha do Presidente do CRB. O pai da moça descobriu que ele era casado, aí – ameaçado, da noite para dia – Fifi anoiteceu, porém, não amanheceu em Maceió. Mesmo realizando ótimas partidas jogando pelo CRB e, também sobre a sua contratação pelo Botafogo. Fifi reconheceu que perdeu uma excelente oportunidade, porém, achou melhor colocar um ponto final no assunto. Para a felicidade do EC Caratinga e de sua torcida, retornou à cidade de Caratinga, voltando a defender as cores do Dragão.
Em 2015, o cartunista Edra, promoveu mais uma série de Homenagens a craques do nosso futebol. Tive o prazer de entrevistar Fifi e ouvir dele boas e inesquecíveis histórias. Sem dúvida Anésio Felipe está imortalizado na memória do nosso futebol. Era daqueles caras, perto dele ninguém ficava triste. Portanto, tenho certeza que a seleção do céu ganhou um grande reforço para a defesa, e mais alegria com sua chegada.
Valeu Fifi!
Rogério Silva
@rogeriosilva89fm