CARATINGA – Abraçar as diferenças e nos aproximar uns dos outros. Foram os propósitos dos eventos alusivos às comemorações do Dia Internacional da Síndrome de Down em Caratinga. Na noite de quarta-feira (20), houve uma mesa-redonda no auditório Celso Simões Caldeira, no Centro Universitário de Caratinga, UNEC. Já ontem, dia da comemoração, foi realizada uma festividade especial na APAE da cidade em alusão à data.
A síndrome de Down é uma alteração cromossômica que reflete diretamente nas células. Com a mudança a pessoa apresenta diferenças nas características e até mesmo na personalidade. Uma curiosidade é que o nome vem do médico britânico John Lang Down, reconhecido por seu trabalho com crianças. Ele é também descobridor dessa questão genética que altera o desenvolvimento e funções motoras do corpo.
Como forma de lembrar o dia Internacional da síndrome e abraçar tais diferenças, o Instituto Life, juntamente com o UNEC, promoveu um evento para tratar da questão. A professora do curso de Fisioterapia do UNEC, Michele Couto Costa participou da coordenação da atividade. “Essa questão precisa ser discutida. Os profissionais devem se integrar e trabalhar juntos no desenvolvimento das pessoas. Nosso desejo é alcançar a multiprofissionalidade e fazer com que cada um tenha acesso e assistência em todas as áreas do que realmente necessitar ao longo da vida.”
O evento foi idealizado pelo Instituto Life Down. O órgão está sendo implantado em Caratinga. Ele é formado por 12 pais de crianças com síndrome de Down. Eles usam inclusive um grupo de WhatsApp para tirarem dúvidas e trocarem informações. O grupo é representado por Valéria Costa. “O instituto possui representantes em várias partes do país. Em Minas ele existe em BH, Muriaé e agora aqui. A ideia é disseminar informações e trabalhar questões voltadas à inclusão. As pessoas se assustam muito quando recebem o diagnóstico, por ser uma coisa que não conhecem. O instituto as ajuda basicamente com informações.”
Em debate a importância da equipe multiprofissional no desenvolvimento dos portadores da síndrome. Para os pais, uma ótima oportunidade para trocar experiências sobre o tema. É o caso do vigia Nelson Ramilo. “Apesar da grande propagação dos meios de comunicação, muitas pessoas ainda enfrentam um tabu em relação à doença. Como pais de portadores da síndrome, esperamos contribuir para que mais pessoas possam conhecer sobre o que ela é.”
APAE
É impossível falar da síndrome de Down sem se lembrar da APAE, que presta um relevante trabalho e todo o Brasil. Em Caratinga, não é diferente. A instituição está marcada para sempre na vida de muita das pessoas portadoras da síndrome.
Nesta quarta-feira a entidade assistencial promoveu um momento de lazer e recreação para seus assistidos. Houve brincadeiras, números de danças, apresentações artísticas e muita animação.
Supervisora pedagógica da APAE, Maria Claret Faria Cimini fala sobre as atividades desenvolvidas pela instituição. “A APAE é uma escola que trabalha com a inclusão. Temos espaços escolares e de atendimento. Os alunos que estudam em outras escolas também são atendidos aqui. Tentamos fazer com que eles se sintam bem no ambiente e participem de atividades diversificadas, estimulando o seu desenvolvimento. A síndrome de Down não é uma doença e eles têm a mesma condição de aprender que tem as outras pessoas”.
Entre as crianças assistidas pela APAE o clima é de alegria e animação. É o caso de Márcio Fernandes. Aluno da escola. “Aprendi algumas palavras em inglês, pude brincar, me divertir e gosto muito daqui. Acho muito legal.”
Pensamento muito parecido com o de Maria Inês Santiago, que também estuda na APAE, além de praticar esporte. “Faço capoeira. Jogo basquete, bola. Faço natação e acho tudo muito gostoso. Gosto muito de esporte”.
Em suma, caso você seja pai ou mãe de uma pessoa com síndrome de Down, o mais importante é descobrir que seu filho pode alcançar um bom desenvolvimento de suas capacidades pessoais. Pode avançar com realização e autonomia. Ser capaz de sentir, amar, aprender, se divertir e trabalhar. Pode ler, escrever e ir à escola, como qualquer outra criança. E levar uma vida comum, ocupando um lugar próprio e digno na sociedade.