Desde tempos remotos que a mulher teve lugar de inferioridade com relação ao homem. Sem direitos, ela sempre viveu e sofreu a inclemência de maus tratos e discriminação.
Com lágrimas, opressões e sofrimento, ela foi aos poucos conquistando espaço e se fazendo respeitar.
Atualmente, depois de algumas conquistas, surge um problema de difícil solução. Trata-se do feminicídio, que tem ceifado a vida de muitas mulheres, simplesmente por serem mulheres. O machismo e a maldade sem limites têm sido os grandes carrascos das mulheres.
Diana Russel, socióloga sul africana e entendedora do assunto, escreveu: “Feminicídio é o assassinato de mulheres e meninas em função do menosprezo ou discriminação à condição feminina. São exemplos de feminicídio os crimes encobertos por costumes e tradições e que são justificados como práticas pedagógicas, como o apedrejamento de mulheres por adultério, mutilação genital e os crimes em defesa da honra”.
Russell pontua o assassinato de mulheres por seus maridos e companheiros, os estupros de guerra, a morte por preconceito racial e a morte pelo tráfico e a exploração sexual, que tratam as mulheres como objetos sexuais e descartáveis.
O feminicídio que tem acontecido demasiadamente e sem encontrar uma forma eficaz de socorrer a mulher é o assassinato feito pelos maridos ou companheiros. As mulheres assassinadas por seus companheiros, já recebiam ameaças ou eram agredidas constantemente por eles. Os agressores se sentem legitimados e acreditam ter justificativa para matar culpando a vítima.
Aí reside o problema que não tem conseguido solução adequada. O feminicídio que mais tem ocorrido envolve o sentimento de posse sobre a mulher, o controle sobre seu corpo, desejo e autonomia, limitação de sua emancipação profissional, econômica, social ou intelectual, e o ódio por sua condição de gênero. A primeira sugestão dos especialistas é que a mulher agredida procure uma delegacia de mulheres ou uma instituição que a ampare. A lei Maria da Penha é o principal marco jurídico em defesa da mulher. Ajudou muito, mas a lei não é cumprida se não for amparada por ações efetivas.
Nem todas as cidades possuem delegacia para atender as mulheres. E os centros especializados em atendimento à mulher, devem ter espaços para acolhimento, atendimento psicológico e social, orientação e acompanhamentos necessários para o fortalecimento da mulher e o resgate de sua cidadania.
O problema só seria resolvido se houvesse uma mudança de comportamento dos homens. Pensando nisso, nas grandes cidades já existem entidades que promovem reuniões com os agressores na intenção de fazer com que eles mudem o comportamento através de palestras e outras atividades. Não se sabe, ainda, se tem surtido efeito, mas sabemos que mudar uma mentalidade não é fácil.
A dificuldade nesse atendimento adequado à mulher tem dificultado a ajuda e a resolução do problema. A mulher continuará por muito tempo a sofrer sem ter amparo certo. E o feminicídio continuará por muito tempo. É lamentável, pois o Brasil é o quinto país em mortes violentas de mulheres. Em 2016 uma mulher foi assassinada a cada duas horas no país.
Marilene Godinho