A crise de nossa civilização começou aí: não sabemos (mais) ou nunca soubemos o verdadeiro significado da palavra ‘pecado’.
Nossa geração ‘global’ (qual delas, ou somente a última?) ‘mexeu’ tanto com os conceitos do certo e do errado que – por fim – tudo é aceito, não há mais um padrão confiável para nos guiar durante o dia, e pior, para nos tomar pela mão durante a noite do sofrimento, das dúvidas, da catástrofe, do desespero, da dor.
Quando a polícia fez greve, mesmo famílias de bem, com valores éticos se envolveram em saquear lojas…
Num jogo de futebol, cujo fim é o entretenimento, a diversão, há eventos criminosos, até crimes hediondos, cometidos por ‘pessoas de bem’, só porque alguém fez um sinal errado, disse uma palavra ‘do time contrário’, enfim – vivemos uma espécie de ‘estreitamento’ da liberdade, ou um ‘alargamento’ dos valores morais – uma confusão do que é certo, do que é e sempre foi, e sempre será errado.
Mas, e o que é pecado, afinal?
Será que conseguimos ter uma visão clara do que não deve ser feito, praticado, desejado, cometido?
Pois que todos nós, em nossos círculos menores, exercemos tais padrões: isso está certo, aquilo está errado; isso meu pai aceita, aquilo não. Mesmo entre as pessoas de mais baixa moral existe o “errado”, aquilo que não se deve fazer (e a ‘justiça’ é feita com as próprias mãos!).
Num livro da sabedoria judaica lemos: Atualmente está na moda em todos os lugares, nos escritórios e comércios, expor um cartaz dizendo “pense”. Sim, pense! Mas sobre o quê? Com que propósito? Rabi Iehudá Hanassí tem uma resposta sábia: “Pense, reflita acerca daquelas coisas que evitarão que você caia nas garras do pecado”.
E ele continua: É muito fácil para o pecador “graduar-se” em vício e converter-se em escravo de suas paixões. Uma vez nas mãos do pecado, este se converte no seu amo. “A inclinação para o mal” – dizem nossos sábios – “é no começo tão frágil como uma teia de aranha, mas ao final é (tão forte) como as cordas trançadas de uma carruagem.”
Ainda o mesmo trecho: As propagandas esforçam-se abertamente por induzir à gula, ao consumo excessivo e ao vício, até o extremo em que alguém chegou a dizer que caminharia um quilômetro para obter uma marca de cigarros em particular. Quem fizer algo assim é certamente um escravo do seu hábito.
E o sábio convida à ponderação: Analise a expressão “e não pecarás” em sua tradução literal: “e não cairás nas mãos do pecado”. Podemos traduzi-lo como significando “o cabo do pecado”. Se alguém pegasse uma panela fervendo, queimaria as mãos. Os fabricantes, portanto, acrescentam à panela um cabo de madeira que não conduz calor, com o qual a pessoa pode manusear a panela.
Da mesma maneira – continua o sábio – alguns pecados maiores e algumas transgressões severas são demasiado “quentes” para que nossas personalidades atuais as deixem manusear. Instintivamente nos afastamos delas e Satã, a inclinação para o mal, sabe perfeitamente disto. Daí ele inventa um “cabo”, um pecado insignificante, algo pequeno ante o que nossa consciência não retroceda espantada e, uma vez entregue a ele, possa conduzir-nos a transgressões realmente sérias.
O rabino finaliza seus pensamentos assim: Que defesa temos contra esse perigo sempre latente? Rabi Iehudá Hanassí nos ensina: Preste atenção, reflita e nem sequer se aproxime do “cabo” dos grandes pecados.
Pessoalmente creio que é tempo de cada um de nós gastar um tempo em autoexame, e descobrir onde e em que “afrouxamos”. Depois, devemos reunir aquelas pessoas que fazem parte de nossa intimidade, e com elas devemos levantar a questão sobre “o que é certo, o que é errado”. Tudo na sinceridade, no afã de descobrirmos o que foi perdido, ou o que nunca achamos.
Hoje em dia é muito fácil apontar com o dedo e dizer “aquilo que fulano fez ou faz é feio”. Francamente, isso não ajuda em muito, principalmente quando nós mesmos não buscamos exterminar os “pequenos” pecados em nossa vida!
Mais: acho seriamente que esse autoexame deve começar por aqueles que detêm a influência: se é o líder espiritual, então é ali que se deve começar. E as homílias e pregações – as palavras que são faladas, e escritas refletirão uma busca verdadeira, a nossa VOLTA À RAZÃO, AO BOM SENSO.
Caro leitor, de propósito não respondi a pergunta que lancei no início. Queria apenas convidá-lo a refletir. Tenho certeza que você também deseja profundamente uma volta a princípios bons, saudáveis, firmes, que perdurem para sempre.
Rudi A. Kruger
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