A pandemia do novo coronavírus tem causado inquietação, medo e sofrimento à humanidade. Sua origem foi na China onde o número de mortos foi assustador. De lá propagou-se pela Itália, Espanha, Estados Unidos, Brasil e todos os países do mundo. Aterrorizados, todos nós pensamos que nunca iríamos viver uma situação tão dramática. Mas estamos vivendo. Para maior preocupação, não há vacinas, nem medicamentos contra o Covid-19. O único caminho para conter a propagação desse mal é o isolamento social, seguido da lavagem das mãos constantemente. O Ministro da Saúde, por sinal muito admirado por sua conduta, e os mais renomados profissionais da Saúde têm indicado com veemência o isolamento social. Ficar em casa é o único remédio para conter a doença e a morte.
Seguindo a Ciência e a medicina, estamos em quarentena. É desagradável ficar preso em casa. É um limão. Mas o melhor é fazer uma limonada com ele.
Os casais poderão usufruir da presença dos filhos o dia inteiro. Os pequenos vão adorar a companhia e o carinho. Os pais podem brincar com os pequenos – gesto que há muito tempo não faziam – deixando a criança de dentro reencontrar a infância. Logo aparecem a pipoca quentinha com suco, o bolinho de chuva, o beijinho doce.
Ler é outra forma de distração. Mesmo não tendo um livro novo, é interessante reler, lembrando que relendo, não vamos encontrar nada de novo no livro, mas encontraremos algo de novo em nós mesmos. Em cada momento de nossa vida surgem buscas diferentes. Então, encontraremos no livro já lido muitas respostas aos nossos questionamentos atuais. Por isso relendo Machado de Assis, Guimarães Rosa, Cecília Meireles, vamos encontrar momentos lindos que só percebemos ao reler um livro em um outro tempo. Ver filmes também é uma boa opção. Atualmente, há excelentes filmes para se ver. Ouvir músicas é uma forma deliciosa de deixar o tempo passar. Buscar as músicas boas do passado faz um bem tremendo. Descobri um cantor pouco conhecido no Brasil, mas que é um sucesso lá fora. Chama-se Charlie Zaa. Ao som de sua voz o tempo ganha beleza e ternura.
Discar o telefone e falar com amigas e amigos. O papo fica mais gostoso do que antes porque tem a mágica das coisas impossíveis. Procuramos sempre palavras boas, otimistas, esperançosas e buscamos recordações de algum passado que deixou saudade.
Rezar. Quanta paz encontramos na oração. Conversar com Deus dá ânimo e nos faz sentir sua promessa de estar sempre do nosso lado na travessia da vida.
E para ajudar ainda mais nosso exílio, tivemos a bênção Urbi et Orbi dada pelo Papa Francisco acompanhada de indulgência plenária. Foi um momento de graça e luz divina! Foi emocionante ver o Santo Padre caminhar sozinho na imensa área do Vaticano até chegar à cúpula. Passos vagarosos, rosto tristonho, ele carregava nossas inquietações, nosso medo, nossas tristezas e, também, nossa esperança e nossa fé. Era uma alma orante carregando a oração do mundo inteiro.
O evangelho escolhido foi o que descrevia os apóstolos e Jesus enfrentando uma tempestade, enquanto o Mestre proclama a fé como sendo o sentimento indispensável para acalmar a tempestade. Tomamos para nós o evangelho, e ficamos cientes de que a fé nos fortalece e pode operar o milagre de que necessitamos agora.
O Papa ficou diante do quadro de Nossa Senhora e o beijou, entregando à Mãe as nossa esperanças. Depois avizinhou-se da Cruz com o Cristo crucificado. Lembrar que essa cruz operou o milagre da cura da Peste Negra que assolou o mundo em época passada. Por isso ela, que pertencia a uma igreja de Roma, foi trazida ali para compor aqueles instantes de paraíso. O Papa beijou os pés do Cristo, rezou e, logo depois, concedeu a bênção tão importante, que é somente dada em ocasiões especiais. A cristandade rezou com ele, nossos corações bateram no mesmo ritmo do coração dele, recebendo força em nossa quarentena e exercitando a fé.
E, assim, procurando afazeres simples e distrações leves, vamos vencendo nosso tempo de ficar em casa, por amor a nós mesmos e aos outros. Um ato de solidariedade. Com a ajuda de Deus, das dores de Seu filho Crucificado e com a intercessão de Nossa Senhora, venceremos esse desafio. Daqui a pouco, vamos comemorar com sorrisos de alegria verdadeira, que tanta falta estão nos fazendo.
Marilene Godinho