Moradora de Cordeiro de Minas, que é diabética, deu entrada com uma ferida no pé esquerdo e precisará passar por cirurgia que não é feita no município. Caso o procedimento demore a ser realizado, ela poderá ter o pé amputado
CARATINGA – Uma família de Cordeiro de Minas acusa o Pronto Atendimento Microrregional (PAM) de Caratinga, de negligência no atendimento à paciente Aparecida Santana Lopes, de 54 anos.
Aparecida é diabética e hipertensa. Ela deu entrada no PAM no dia 23 de setembro, onde ainda permanece. Familiares reclamam do estado da paciente, que teria procurado atendimento devido a uma pequena ferida no pé esquerdo e que passados 21 dias precisará passar por uma revascularização, procedimento que não é realizado no município.
A família tem duas opções: aguardar o cadastramento da paciente através do SUS Fácil, ferramenta que tem histórico de demora, ou providenciar o encaminhamento da paciente de maneira particular. Mas, segundo a sobrinha de Aparecida, Cristiane Lopes dos Reis, caso a cirurgia não seja realizada ainda esta semana, sua tia terá o pé amputado.
Cristiane, que é moradora do distrito de Revés do Belém, procurou o DIÁRIO DE CARATINGA para relatar as dificuldades enfrentadas. “O hospital não dá encaminhamento e ambulância. Nos orientaram a levá-la e falar que estávamos com ela em casa, recebendo atendimento do postinho de saúde do nosso distrito. Ela foi internada com um pequeno machucado no pé, tem problema de circulação e diabete muito forte. O médico fez a raspagem, ia dar alta para ela no outro dia, mas ficou segurando ela ali. Chegou ao ponto de ter que fazer a cirurgia e falou que se ela não fizer ainda essa semana, as duas pernas dela teriam que ser amputadas”.
Durante o tempo em que Aparecida está no PAM de Caratinga, a família tem se revezado no acompanhamento a paciente. “A minha tia de Cordeiro está ficando com ela, deixou a criança pequena, pois eu trabalho, vim aqui apenas para resolver esse problema. Ela (Aparecida) já fez uma amputação antes, do dedo do pé, então, sabiam da gravidade da situação e não podiam ter segurado aqui todos esses dias. Agora falam que não podem fazer nada, que é pra gente se virar com ela. Eu não vou tirar ela daqui de qualquer jeito, vão ter que dar o socorro para ela. O caso dela é grave e cada minuto é importantíssimo”.
Cristiane ressalta que a família se sente impotente diante do quadro exposto pelo médico. “Nem sei se ela vai conseguir fazer a cirurgia essa semana. Se não conseguir vou processar o hospital, porque deveriam ter providenciado no dia em que ela chegou aqui, com o problema de má circulação. Sem cirurgia a amputação é certa porque o sangue não circula mais, vai morrendo, você já começa a sentir o cheiro forte”.
Questionada sobre o atendimento no PAM, Cristiane fez uma avaliação negativa da estrutura. “O atendimento é péssimo, o médico passa uma vez por dia, o quarto é uma bagunça, muito sujo o banheiro. Dizem que estão dando o medicamento direitinho, mas eu creio que não, porque em casa ela toma e não tem esse problema todo. Aqui ela está cheia de dor, ninguém faz nada por ela”.
PAM NEGA ATENDIMENTO NEGLIGENTE
A Reportagem conversou com a enfermeira Luciana Maria Lourenço. Ela confirmou a data em que a paciente deu entrada no PAM e a necessidade de realização da revascularização, mas negou negligência denunciada pela família e justificou a permanência da paciente no local. “Ela é diabética e hipertensa. Veio encaminhada do PSF de Cordeiro de Minas. Da admissão dela, deu entrada com uma ferida no pé esquerdo, já tem história de uma amputação no dedo do pé direito e devido ao processo inflamatório teve que ficar em observação, fez uso de antibióticos”.
Luciana destaca que Aparecida foi atendida pelo angiologista José Wilson, que fez uma reavaliação na terça-feira (13), pedindo à família a sua transferência para realização do procedimento cirúrgico. “Já foi comunicado a família, estão cientes de que ela tem que ser encaminhada, ela não pode ficar aqui no Pronto Atendimento. Essa transferência devido a cadastrá-la vai demorar e é um caso que não pode esperar. De acordo com a conduta do médico, corre o risco de amputação do pé. Queremos colocá-la no SUS Fácil, ficaria no hospital internada, mas orientamos à família que demora e eles também não querem que a interne agora. O médico vai fazer um relatório para que ela seja encaminhada”, finaliza.