CARATINGA- No último final de semana foi realizado o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 8.356.215 candidatos estavam aptos a realizar as provas neste fim de semana. Desse total, 5.848.619 compareceram para o exame. Com isso, o índice de abstenção foi de 30%, um aumento de 2,4% em relação ao ano passado (que foi de 27,6%). Nos dois dias, 768 estudantes foram eliminados por descumprimentos de regras gerais, como chegar atrasados e não ter caneta preta para marcar as opções no gabarito.
O DIÁRIO DE CARATINGA acompanhou toda a movimentação nos locais em que se concentravam o maior número de candidatos na cidade e alguns fatos curiosos. Com certa antecedência, alguns compravam água para se hidratar e chocolate para “segurar” a tensão do dia de provas. Em uma enorme fila de um estabelecimento comercial, jovens aguardavam sua vez para o atendimento, um deles estava à frente de uma idosa. Ela pediu para que ele a deixasse ser atendida primeiro. Sem graça o adolescente respondeu: “Desculpa, mas estou com pressa, vou fazer o Enem”. Ela sorriu e entendeu.
Por volta de 12h, o movimento já era intenso. Muitos pais foram acompanhar os filhos. É o caso do policial Divino Ferreira, que fez questão de levar o filho, Guilherme Soares. “É uma expectativa muito grande, porque é a primeira vez que ele vai fazer o Enem. Vamos torcer para dar tudo certo. Ele se preparou bem, é um menino estudioso”, afirmou. Guilherme estava confiante para a realização das provas. “Não estou ansioso. Estudei e estou tranquilo para fazer a prova”.
O técnico em Eletrônica José do Carmo da Cruz Júnior fez o Enem pela terceira vez. Agora, ele utiliza a prova como uma ferramenta para testar seus conhecimentos. “Já consegui uma bolsa no Prouni (Programa Universidade Para Todos), estou fazendo mais para manter o ritmo, acompanhar as questões, para o ano que vem tentar uma pós-graduação. Então, vou aproveitar a nota do Enem para tentar uma universidade melhor”.
Ainda assim, os clássicos atrasados tiveram que ‘suar a camisa’ para conseguirem entrar no local de prova. Coordenadores atentos ao relógio que já marcava 13h olhavam para um lado e para o outro. Quem já estava se aproximando do local precisou apertar o passo, alguns literalmente correram antes que o portão fosse fechado. Outros não tiveram a mesma sorte e ficaram impedidos de realizar as provas, pelo descuido com o horário ou por ter comparecido no local errado.
33% DOS INSCRITOS FICARAM DE FORA
Em Caratinga, inscreveram-se na prova nove mil candidatos. Destes, em média 33% não realizaram as provas. Mas, ainda assim o clima foi de tranquilidade e os resultados foram satisfatórios, como afirma a coordenadora municipal do Enem em Caratinga, Maria Alcides Lucas. “Estamos muito felizes pela aplicação do Enem em Caratinga. Tivemos um grande apoio da PM e todos os coordenadores e assistentes das instituições que fizeram um trabalho de primeira. Foi um grande evento, de sucesso”.
De acordo com Maria Alcides, desta média de 33% dos alunos de Caratinga que não realizaram as provas, vários fatores contribuíram, mas o grande motivo foi a falta de documentação adequada. “Muitos alunos não puderam fazer as provas porque, de acordo com o edital, tem que ter a documentação exigida, que identifica o candidato. Muitos levaram o título de eleitor, que é um documento válido, mas não para este fim. Uns 5% foram questão de atraso. Mas, essa é uma média mesmo de todo ano do Enem, então alertamos a todas as pessoas para no próximo ano terem esse cuidado. Tivemos casos também de escolas que a pessoa ia fazer prova em uma instituição e foi no endereço errado, não souberam localizar o local correto”.
Apesar dos problemas que impediram a realização das provas a alguns inscritos, a coordenadora faz um balanço positivo da aplicação do exame em 2016. “O primeiro dia é mais tenso, porque estávamos todos naquela expectativa, ficamos mais preocupados. Mas, foi um ano mais tranquilo. Nossos 70% dos candidatos que fizeram correu totalmente normal, tiveram pequenos problemas, mas dentro da normalidade. Os alunos tiveram toda a condição de fazer as provas, principalmente os que se prepararam”.
Para os portadores de necessidades especiais, fica um alerta na hora de fazer as inscrições. “Quando fizerem a inscrição, tenham o cuidado de olhar bem o edital, os seus direitos, porque vai ter pessoas capacitadas para isso. Se não tiver esse cuidado corre o risco de acontecer como foi esse ano, pessoas que precisavam de um atendimento individual não puderam ter porque não foi feito o preenchimento adequado da inscrição. A pessoa foi prejudicada porque a instituição para qual ela foi destinada não tinha o atendimento adequado”.
Este ano o tema da redação foi “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”. Para Maria Alcides, o assunto merece uma reflexão nas escolas. “Esse tema é muito polêmico, se for partir para o ponto de vista de cada um, mas quando você vê de um modo geral é um assunto que deve ser discutido mesmo, porque é preciso o respeito entre todos. Cada um com a sua crença, mas acredita num ser superior que é Deus, mas respeitar até aquele que não acredita, pois infelizmente não teve uma luz para que entendesse a sua existência. Acredito que muita gente teve dificuldade para fazer esse texto, mas, por exemplo, na escola que trabalho esse tema já havia sido abordado”.