TEMPO DE BUSCAR O BOM SENSO.
Gosto de futebol. Sempre gostei. Desde pequeno, apaixonado, e ainda guri, passava horas e horas preso ao ‘radinho’, ‘vendo’ os jogos da Divisão principal. Jogava muito mal, e depois, tive a oportunidade de ser treinado numa universidade americana, com um técnico exigente. Ele acreditava em mim. – Você é brasileiro, o futebol está em suas veias!
E estava. Depois de correr muitas milhas por algumas semanas, e com bastante musculação, eu estava pronto para os 90 minutos, e para ‘fazer’ muitas coisas com a bola. Os gols, é claro, eram o ponto alto, e foi assim que, por dois anos seguidos, meu nome apareceu no livro dos atletas do ano, o famoso “Who’s who?” do futebol.
A carreira acabou numa quarta-feira à noite, debaixo de chuva, quando disputava uma bola alta. Já tinha feito o meu gol, estávamos ganhando, mas caí, e me machuquei, e não voltei mais. Pra mim acabara a temporada, e era meu último ano.
Lembranças inesquecíveis, porém, do futebol brasileiro, campeão do mundo. Tempos do Vavá, Didi, Garrincha, Pelé, Bellini, Gilmar, e tantos outros. Como a televisão ainda não estava em todos os cantos, era pelo rádio mesmo, alimentando a imaginação.
Lembro que, religiosamente, os domingo, à tarde, eu passava com meu primo Neander, o Bubi, jogando pingue-pongue e ouvindo futebol. Horas e horas a fio. Vascaínos os dois. Muitas ‘aventuras’ juntos! A arte do narrador me encantava: ele trazia para juntinho de nós, ali, num ambiente fechado, distante, diferente, toda a emoção do que acontecia no gramado e no estádio, lá longe.
Claro que me irritava quando ele usava o mesmo entusiasmo e emoção para anunciar o gol do adversário. Neste momento, o intérprete do espetáculo se tornava meu ‘inimigo’ também. – Será que não poderia se expressar de forma diferente, menos emotiva, pensava eu. – Afinal, o nosso time é que é o melhor, o favorito.
Fiz essa introdução para pontuar que estou profundamente ligado ao que está acontecendo em Chapecó, no Brasil, e, sem exagero, no mundo inteiro: tristeza, muita tristeza, e faltam palavras adequadas para um raciocínio somente no abstrato. Não, não queria racionalizar ou espiritualizar: o futebol está dentro de nós, dentro da raça humana – tenho certeza que em todas as culturas, mesmo naquelas menos interessadas no que vai pelo mundo, há pelo menos um representante que está chocado e consternado, e em sofrimento.
Já fiz experiências para testar a economia de meu veículo-motor, e acabei ficando no meio do caminho sem combustível. Era algo desagradável, mas no espírito de aventura que me envolve sempre tirei de letra, ou alguém apareceu para me ajudar.
Mas, convenhamos, fazer isso com um avião, e ainda mais, que leva em seu bojo não somente um time de futebol, mas pais, maridos, amigos, sonhos, realizações, esperança, alegria, sentimentos de acolhimento, de amor, – isso não tem cabimento. Foi mais que a falha de um humano!
Entendo o acontecido, porém.
“Cegueira total”, das mais profundas, causada por ganância pelo lucro, ou por ambição exagerada, mistura de tacanhez com mesquinhez, e coberta de pão-durismo (características típicas do domínio do tal ‘capital’, às vezes chamado de ‘capitalismo’, mas sempre voraz, desumano, e tremendamente maligno que, infelizmente, também é encontrado em muitos recantos pacatos como o nosso), enfim, uma concentração exagerada num alvo próprio, egoísta, que não se importa se vai haver sacrifício de vidas (uma só já é demais!), que é capaz de destruir de uma tacada um elenco de artistas, atletas, um time (quanto esforço pessoal e talento de tantos, quanto envolvimento e dedicação, amor!), ou mesmo capaz de dizimar uma geração de heróis – sim, isso tudo ainda é pouco para tentar expressar o que uma “falha humana” pode causar.
Sugiro, a título de reflexão, que cada um de nós examine suas tendências para cometer tal tipo de “falha humana”. Atenção: se o dinheiro está vindo ‘fácil’ para você ou para os seus, mais cuidado ainda. Este que pode também ser um mal peçonhento, causa inexoravelmente uma cegueira mais que física, impede, sobretudo, que vejamos pessoas amadas, queridas, ou mesmo, relacionamentos preciosos, pelo que são, fazendo com que os tratemos como números, como objetos. De repente, tudo isso não vale nada, o que vale é QUE EU TENHA MAIS E MAIS.
O domínio deste espírito ‘anti’ tudo o que é humano e bom, e que envolve e abrange toda a violência, inclusive à propriedade e ao dinheiro alheio – quanto foi que aquele representante do povo no nosso Senado amealhou, e por isso – segundo o seu colega – está certo que sofra “o uso ‘maior’ de autoridade”? Foi um bi? E ele está solto? Estamos doidos?
– É tempo de voltar ao bom senso.
Temos de estar juntos nesta caminhada. É tempo de tolerância, paciência e sinceridade. Precisamos estar atentos, buscando conselho, sabedoria e discernimento. Ajudemos uns aos outros para que estejamos sempre bem acordados, lúcidos, que cegueira semelhante não nos ataque, ela que despreza e destrói nossos bens de maior valor.
Vamos conversar sobre isso entre nós, em nossos lares, nos nossos grupos de interesse, onde quer que estejamos.
A preciosidade da vida exige toda a nossa devoção e cuidado. E que esta atitude atinja a todos nossos irmãos de criação neste ‘nosso’ mundo.
A FACTUAL – Faculdade de Teologia de Caratinga Uriel de Almeida Leitão é mantida pela Rede de Ensino DOCTUM.
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