Quando vim pela primeira vez à Caratinga, foi numa visita furtiva – furtiva nos dois sentidos: bem rápida, e pra “roubar” alguém.
Explico: encontrei na redondeza de Nova York uma moça muito linda, e ela tinha ido lá para descansar, e pensar na vida. Acontece que ela apareceu na minha frente, e eu – como um bom gaúcho (sem bombachas, porém, e sem chimarrão – hoje, não deixo de tomar pelo menos uma cuia por dia) – mas como bom gaúcho que continuo sendo, fui aconselhando a moça a se casar comigo. Depois de um longo papo, ela concordou, mas exigiu: – Preciso ter casamento lá em Caratinga!
– Bem, pensei, não deve ser difícil ‘cumprir’ essa parte do contrato, e assim foi. Quando cheguei, descobri que na casa dela tinha mais onze pessoas – irmãos e irmãs, 6 para cada ‘time’. Maravilha!
O pai dela tinha uma escola, além de ser o Reverendo da cidade. Assim foi, e assim casamos – até o jornal achou que devia fazer uma manchete, anunciando que naquele sábado, 24 de julho de 1971, a filha do Leitão (o nome do Reverendo) casa com o pastor alemão (porque eu estava indo para ser pastor luterano em Berlim, a cidade murada – por dentro, mundo ocidental, ‘livre’, por fora, um satélite do império russo, ou soviético…)
Mas Caratinga me recebeu muito bem.
Tive a oportunidade de fazer a ‘ronda’ na praça das palmeiras imperiais – de mãozinhas dadas, nós fizemos várias voltas nos poucos dias que restavam antes da nossa partida para a velha Europa.
Fizemos algumas viagens à Guarapari – naquele tempo se falava em anexar aquela praia e seus arredores à Minas, algo que continua sendo falado, mas parece que falta aquela coragem especial para dar o ‘bote’ e declarar a anexação – tipo o que a Rússia está tentando fazer na Ucrânia – triste, terrivelmente maligno e desastrosamente eliminando vidas – e o mundo em volta querendo ajudar, e não conseguindo – algo muito triste, que não desejaria pra ninguém.
Caratinga – quantas viagens fizemos para visita-la enquanto morávamos fora. Mas sempre foi muito bom, que deixou saudades. Daí, chegou a oportunidade para me tornar um morador da cidade, e por mais de dez anos aqui estamos…
Caratinga se destaca no meu mapa como uma das principais cidades do Brasil. A projeção nacional ultrapassa muitas vezes os limites nacionais, e ouve-se falar da cidade fora do Brasil.
Destaco nosso grande Ziraldo, o saudoso Aguinaldo, o brilhante Edra, e sem me sentir estar fazendo qualquer tipo de nepotismo, preciso destacar a jovem Mirinha, que faz colunas e entrevistas do mais alto nível, reconhecidas até pelas universidades americanas (Colúmbia U).
Não fazendo um parêntesis, mas um parágrafo especial: essa jovem senhora, um exemplo de vida para todos nós, especialmente no exercício da misericórdia e sensibilidade solidária, tem agora uma biblioteca numa favela do Rio com o seu nome!!! O que talvez falta em muitos de nós, ela tem para esbanjar: é coragem, coragem para falar a verdade, e sempre dentro dos parâmetros da justiça bíblica e do melhor juízo humano possível. Infelizmente poucos reconhecem isso – creio que Caratinga deve a ela uma apreciação muito especial!
Enfim, e para fechar essa minha reflexão retrospectiva, Parabéns, Caratinga, por mais um ano de “vida”, e por todos os seus filhos, naturais ou agregados, com seus feitos conhecidos ou não – que tornam nossa terrinha um lugar do qual até Deus se orgulha! PARABÉNS!
Rev. Rudi Augusto Krüger – Diretor, Faculdade Uriel de Almeida Leitão; Coordenador, Capelanias da Rede de Ensino Doctum – UniDoctum