* Celeste Aparecida Dias
Algumas profissões cujo objeto de trabalho são as pessoas e pessoas de diferentes idades – os alunos ou as pessoas sob cuidados de saúde – são profissões que exigem sabedoria para lidar com os afetos e com as emoções humanas, mais do que com a capacidade de raciocínio. As profissões de natureza relacional, como as de Fisioterapeutas, de Professores e de Pedagogos, que vocês escolheram, exigem o exercício de uma característica humana que tem se tornando cada vez mais rara entre as pessoas, atualmente: a capacidade de empatia.
O exercício da empatia é o exercício de aprender a se colocar no lugar do outro, de modo consciente e profissional e ocorre em três fases distintas e, tão rápidas, que parecem ocorrer simultaneamente: exige primeiro, concentrar sua atenção na outra pessoa, em atitude de desejo de ajuda, permitir-se sentir a outra pessoa abandonando suas ideias pré-concebidas sobre ela. Depois, exige sentir as qualidades interiores da outra pessoa, suas necessidades e desejos usando sua intuição, sem deixar de ser você mesmo. Em seguida, retornar a seu lugar e, com seus conhecimentos técnicos profissionais, analisar e definir como poderá ajudar esta pessoa a se desenvolver e a se fortalecer em suas necessidades e em suas qualidades.
A pessoa que usa a empatia como base de suas ações profissionais costuma, como se diz em linguagem popular, “bate o olho na pessoa e com meia dúzia de conversa”, já identifica as estratégias de intervenção necessárias para ajudar a outra pessoa que está à sua frente, contando com os resultados positivos do serviço que realizará com ela e para ela. Portanto exercitar a empatia no dia a dia da profissão não demanda tempo, demanda importar-se com o bem viver do outro e com o sucesso do outro.
A prática da empatia desenvolve o exercício do olho clínico, como bem definiu uma menininha que estava no terceiro ano do ensino fundamental, quando uma professora a perguntou o que significava ter o olho clínico, após ler uma historinha cujo menino tinha quebrado o braço e precisou levar ao hospital para engessar: A aluna respondeu: “olho clínico é olhar e saber se o osso está quebrado”.
Do jeito dela, esta aluna ainda com menos de 10 anos, definiu ao mesmo tempo, o que significa empatia e o que significa olho clínico.
Desejo então a vocês, caros afilhados, formandos desta noite, que cada um seja capaz de aplicar o exercício da empatia e do olho clínico nas profissões de Fisioterapeutas, Professores e Pedagogos. Que vocês enxerguem as pessoas que estão à frente de vocês. Para enxergar pessoas não basta enxergar um corpo ou um cérebro, é preciso enxergar ao mesmo tempo, o corpo, o cérebro, os afetos, as emoções e sentimentos dessas pessoas, pois somente assim conseguirá ajudá-las em suas necessidades, necessidades estas que, muitas vezes nem elas mesmas conseguem saber e dizer quais são, mas cada um de vocês, com o seu olhar clínico e a sua capacidade de empatia, conseguirá.
Não se esqueçam de que o principal responsável por fazer o seu sucesso profissional, são vocês mesmos, mas são as outras pessoas com as quais vocês trabalham, direta ou indiretamente, que fazem a sua propaganda e elas se baseiam na qualidade e na satisfação dos serviços que você prestou a elas. São essas pessoas para as quais prestam serviços de saúde ou de educação, sejam elas crianças, jovens, adultos ou idosos, elas é quem irradiam a sua imagem de profissional competente na sociedade para a qual você presta o seu serviço.
Sucesso no exercício das profissões que escolheram!
[1] Discurso proferido como paraninfa na outorga de grau de Bacharel em Fisioterapia e Licenciados em Geografia, História, Letras e Pedagogia, no dia 17 de dezembro de 2016, na UNEC/Caratinga, com adaptação para o jornal.
Celeste Aparecida Dias professora universitária e dirige o Instituto Superior de Educação do UNEC. É avaliadora do Guia dos Estudantes e faz Doutorado em Geografia na PUC/MG em parceria com a UNEC
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