Curada da covid-19, profissional de Saúde de Imbé de Minas retorna ao trabalho e relata experiência da quarentena
IMBÉ DE MINAS- Nesta segunda-feira (20), quatro profissionais da prefeitura de Imbé de Minas retornaram ao trabalho após se recuperarem da covid-19. O diretor de Transporte, a diretora de Saúde, um vigia e um motorista foram recebidos com uma homenagem dos colegas.
Os trabalhadores de saúde estão na linha de frente da pandemia e, portanto, as chances de contaminação são consideráveis. É o caso de Amanda Maria de Barros, 33 anos. A diretora de Saúde contou ao DIÁRIO a experiência da quarentena, quando precisou ficar afastada dos três filhos de 15, 7 e dois anos e afirma que o período difícil trouxe uma lição para sua vida.
Amanda relata que os primeiros sintomas deram o alerta para o Coronavírus. Começou com a dor no peito e no dia seguinte, o corpo estava “muito pesado”, dando outros sinais de que algo estava errado. “Dor demais no tórax e nas costas, em direção ao pulmão. Comecei a dar febre, dor de cabeça, mas, primeiro achei que era mesmo por eu ter tomado uma chuva, gripe, algo assim, porque tomei chuva antes. Depois, fiquei o dia inteiro deitada com dor no corpo, não aguentava levantar, o estômago muito ruim e falta de ar. Assim, foi aumentando”.
Ela explica que foi orientada pelo secretário de Saúde Erick Gonçalves, de que procurasse atendimento médico para verificar o quadro de saúde. “Fui notificada como suspeita de covid, já fiquei em isolamento, tomei soro com dipirona na veia até meia-noite, porque a fraqueza era muito grande e a dor muito forte. Fiz o teste, deu positivo, minha família também foi monitorada pela secretaria e eles deram negativo, graças a Deus”.
O período de isolamento foi complicado. Amanda afirma que ficar longe dos filhos foi o mais difícil. “Eu estava na casa da minha sogra, como estava passando mal e ela ficando com os meninos, que é na roça, mais fácil para eles ficarem no quintal, não muito envolvido com a gente. Tive que isolar na casa de uma cunhada minha que não estava morando na casa, a casa estava fechada. Como minha sogra estava passando mais mal, ela isolou junto comigo. Ela num quarto, eu no outro, mas ficamos na mesma casa, até que fizesse o teste dela. Mas, é muito complicada, tenho duas crianças pequenas, um de dois aninhos, eles ficam chamando, gritando a gente. É muito complicado você ver eles no quintal correndo e não poder abraçar, beijar. Muito difícil”.
Após ser liberada da quarentena com o diagnóstico de cura, enfrentar o preconceito e a desinformação. “Infelizmente na nossa cidade temos bastante, as pessoas não entendem que após 14 dias você não passa mais contaminação, você pode sair do isolamento. Eu saí do isolamento na quinta-feira, quando foi no sábado, andando na rua, muitos corriam; nos olham de uma forma diferente e nesse momento, acho que o que mais precisamos é de apoio e carinho, porque não é fácil”.
Amanda se recorda que as noites eram de muito pesadelos, pensando na morte. “Eu olhava para os meus filhos e pensava tinha hora que eu ia morrer. Cheguei até a falar com o meu marido: ‘Se eu morrer, cuida deles pra mim’, porque a falta de ar muito grande, você chega a engasgar e fazer vômito. É muita dor. Ainda bem que a Secretaria de Saúde aqui, graças a Deus, dá muito apoio, carinho, sempre manda mensagem toda hora para ver como estamos, orientam. O apoio dos colegas de trabalho e do secretário foi muito importante”.
Agora, de volta à rotina, o sentimento é de gratidão. O alerta é para que todos se cuidem. “Antes, como diretora de Saúde, tinha os cuidados, mas, não 100%, achava que nunca ia chegar aqui na gente. Mas, hoje eu aconselho todo mundo e falo para não brincar, que o negócio é muito sério. Muito difícil, aprendi a dar mais valor às coisas. Acontecendo com a gente, a experiência é outra”.