Walber Gonçalves de Souza e Edcarlos Freitas
No lugar onde nasci beleza igual nunca se viu, um jardim da natureza, águas cristalinas, céu cor de anil, árvores que dançam quando vem o vento; sem contar o brilho que o luar vem me trazer, que lugar bonito! Não canso de me gabar, de nascer em tal paraíso e em tal paraíso morar.
Um dia estava eu a passear pela cidade quando olhei e vi algo estranho andando entre a cidade, devagar, quase parando, seguia seu destino já quase morto, algo sombrio, escuro, perguntei o que era aquilo a um senhor que caminhava pela calçada, e com a voz entrecortada me respondeu sem pensar muito, isto é o rio. Fiquei assustado com o que vi.
Não é novidade para ninguém que o amanhã é incerto, porém nos últimos dias esta afirmação vem se tornando mais real. Desde os primórdios o rio sempre foi algo de muita importância para a sociedade; nas civilizações, desde muito cedo os homens procuraram habitar em regiões próximas aos rios, pois nestas regiões existia abundância de água potável para os membros da tribo e para os seus animais. Os vales do rio Nilo no Egito; a região conhecida como Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, aproximadamente onde hoje é o Iraque; o rio Indo, aproximadamente no noroeste do subcontinente indiano; os rios Amarelo e Azul localizados na China foram rios nos quais em suas margens se desenvolveram grandes civilizações.
O rio como vemos hoje é um espelho que reflete a ignorância humana, uma espécie que dentre tantas tem grande habilidade de destruir seu habitat, e perguntar às pessoas qual a contribuição de cada um para a poluição do rio, é como perguntar a um peixe o quanto ele se sente molhado. Assim cada árvore derrubada, cada pedaço de papel lançado nas águas ou nas ruas torna-se para o homem um histórico criminal, homicídio culposo quando há intenção de matar, e matar a si próprio e ao próximo.
Uma vez Jesus veio à terra e até tentou ensinar sobre como “ser humano”, mas parece que não deu muito certo, ensinou a zelar pelas coisas da natureza, ensinou a amar o próximo, mas no final não entendemos nada.
Lembro-me de uma canção que sempre se ouve nos finais de anos “o futuro já começou”, talvez começou mais cedo, e nós ainda não nos preparamos para recebê-lo, com o pouco de água que nos resta, ainda assim dedicamos parte do nosso tempo para contaminar o rio. Esperança, palavra simples, humilde, mas que assume seu lugar na boca dos moradores de Caratinga. Atitude, palavra bonita só quando colocada em prática. E lá se vai o rio, e lá vão as águas, chegou em uma curva, dobrou para esquerda e sumiu, me despedi com lástimas, talvez não mais voltará.
Walber Gonçalves de Souza é professor e Edcarlos Freitas graduando em Psicologia pelo Centro Universitário de Caratinga (UNEC)