Concurso de redação levantou discussão sobre violência e feminicídio. Instituição de ensino irá receber verba de 500 mil reais
BELO HORIZONTE – Cinco jovens de várias cidades do Estado foram premiados, nesta terça-feira (10), durante audiência da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A premiação foi também um momento de reforçar a luta de diversas instituições no combate à violência contra a mulher. O 1º lugar no concurso de redação “A importância da educação na prevenção à violência contra a mulher e ao feminicídio”, Daniel Paulo Fonseca Dornelas, da Escola Estadual Engenheiro Caldas, em Caratinga, recebeu um notebook com prêmio. As estudantes classificadas em 2º, 3º, 4º e 5º lugares receberam um tablet cada uma, como prêmio.
“O concurso foi uma estratégia excelente, uma forma de mobilização e enfrentamento das violências, usando a força das escolas na comunidade”, declarou a presidenta da comissão, deputada Marília Campos (PT).
A leitura das redações vendedoras, pelos próprios estudantes, emocionou os participantes da audiência. O texto de Daniel Paulo trouxe dados sobre o número de feminicídios no Brasil e até sugeriu ações que o governo federal poderia adotar para combater esse tipo de violência.
“Muitas mulheres sofrem violência, são ameaçadas e se calam por medo”, disse a estudante Talia Braga Vitorino, de Carangola. Após ler sua redação, a jovem, que é descendente de quilombolas, falou um pouco sobre a realidade de sua cidade, onde ainda não há uma delegacia especializada em violência contra a mulher.
O diretor da Escola Estadual João Belo de Oliveira, onde Talia estuda, parabenizou a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia, a Secretaria de Estado a Educação, o Ministério Público e a Associação Mineira do Ministério Público pela realização do concurso. “Essa competição fez com que nós repensássemos toda essa questão da violência contra o sexo feminino, em nosso município”, disse ele.
A promotora de Justiça Patrícia Habkouk, coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Combate à violência doméstica e familiar, foi quem teve a ideia de realizar o concurso de redação, sugestão prontamente acolhida pela ALMG, por meio da Comissão de defesa dos Direitos da Mulher. “Ouvir essas redações nos enche de esperança. O concurso plantou a sementinha da reflexão no coração desses jovens”, afirmou.
VALORIZAÇÃO
Para a presidenta da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia, deputada Beatriz Cerqueira (PT), o concurso também valoriza as escolas estaduais, porque ajuda a divulgar o que acontece de bom nas instituições de ensino públicas. “Dá alegria participar de uma audiência como esta. Temos que valorizar tudo o que é feito nessas instituições”, avaliou.
O deputado Professor Irineu (PSL) elogiou a deputada Marília Campos pela realização do concurso e parabenizou as escolas e os jovens participantes. “Conheço a família do Daniel, jovem humilde, batalhador, que inclusive já se destacou em outros concursos da sua cidade”, disse o parlamentar.
Diretora se emociona com destinação de recursos para escolas
Ainda como parte da premiação, a presidenta da comissão, deputada Marília Campos (PT), anunciou a destinação de R$ 1,15 milhão, proveniente de emendas parlamentares, às escolas estaduais onde estudam os cinco vencedores do concurso.
A diretora da Escola Estadual Engenheiro Caldas, Rosália Maria de Paiva Batista, falou com alegria sobre a verba de R$ 500 mil que a escola deverá receber, pela vitória do estudante Daniel Paulo. A escola tem hoje 992 alunos e, segundo a diretora, precisa de muita coisa.
“Vamos usar esse dinheiro para melhorar nossa estrutura física e, principalmente, para investir em acessibilidade, como foi sugerido pelo próprio Daniel”, afirmou a diretora. Ela contou que só ficou sabendo da verba para a escola muitos dias depois do resultado do concurso e “quase não acreditou”, de tão boa que foi a notícia.
A importância da premiação para as escolas também foi destacada pela aluna que ficou em 2º lugar no concurso, Beatriz Kayra Pinto de Paula. Segundo ela, a Escola Estadual Presidente Tancredo Neves, que fica na periferia de Cláudio, é discriminada pela própria comunidade. “As pessoas acham que lá só tem bandido. Nunca pensei que eu poderia vencer. Mas esse prêmio é prova de que lá também existem bons alunos e ótimos professores”, declarou a jovem.
O CONCURSO
A competição foi destinada a estudantes do ensino médio regular e da Educação de Jovens e Adultos (EJA) das escolas estaduais pertencentes às Superintendências Regionais de Ensino de Carangola, Caratinga, Coronel Fabriciano, Divinópolis, Januária, Juiz de Fora, Montes Claros, Nova Era, Ouro Preto e Ubá, além das Metropolitanas A, B e C. Ao todo, participaram do certame 2.123 estudantes de 97 escolas.
O notebook e os tablets foram oferecidos aos estudantes vencedores pela Associação Mineira do Ministério Público.
Informações e fotos: Assessoria ALMG