De tempos em tempos algumas crises veem a nos atormentar, seja de ordem econômica com suas flutuações globais a cada dez anos, crises políticas como a que vivemos no nosso país, crises provenientes das mudanças nos padrões climáticos no meio ambiente ou, até mesmo, a ocorrência de todas num mesmo período.
No nosso processo de crescimento pessoal e como cidadão devemos tirar ensinamentos provenientes destes momentos de dificuldades, crises, quando através de nossos erros e acertos aprendemos a valorizar os mínimos detalhes, que às vezes podem passar despercebidos durante a nossa rotina diária, mas que podem representar uma grande diferença no resultado final dos nossos atos.
Desta forma, teoricamente, após passarmos por um período de crise e vencer tais condições desfavoráveis estaríamos preparados para possíveis crises futuras, ao buscarmos formas de diminuir seus efeitos negativos.
Portanto, o que podemos aprender frente a atual crise ambiental que vivenciamos?
Como tudo na nossa vida tem uma primeira vez, a atual crise é a primeira nos níveis negativos para toda população de Caratinga e região.
Sendo assim, é de extrema importância que muitas lições sejam aprendidas neste momento e que ações sejam desenvolvidas a médio e longo prazo, para que tais problemas não voltem a atormentar a população desta forma tão intensa.
A atual crise nos mostra diariamente as falhas, seja de planejamento ou de desenvolvimento de ações emergenciais para conter, de forma responsável, os efeitos da falta d’água para a população. Tal crise também evidencia a fração da população que compreende a gravidade do problema e busca racionar ao máximo esse recurso, quando está disponível. Frente à falta de planejamento, casos de famílias sem água durante longos períodos poderão ser cada vez mais frequentes.
Em relação a elaboração de planos de ação de médio e longo prazo, estamos reunindo um grupo de especialistas de todo o país e alguns do exterior em que iremos propor aos prefeitos e seus secretários dos municípios da região, Caratinga, Santa Rita de Minas e Santa Bárbara do Leste, o desenvolvimento de um projeto para mitigar e, se possível, solucionar os problemas atuais para toda a região. Desta forma, esperamos que nós possamos e temos o dever de agir em prol de todos através de ideias simples, baratas e eficazes.
Agora em relação à crise hídrica e os próximos meses, são necessárias ações pontuais. Como já disse anteriormente, nós não estávamos prontos para um período de seca tão intensa, mas será que estaremos preparados para as tempestades que poderão ocorrer neste período de El Niño em que vivemos?
Atualmente, me preocupa muito a possibilidade de tempestades que poderiam, dependendo da sua intensidade, causar enchentes pontuais e perdas para parte da população. A atenção para mudanças no tempo nesse período deve ser elevada.
Outra preocupação é: estamos preparados para coletar e armazenar a aquela água proveniente da chuva? Se você já verificou e retirou quaisquer forem os materiais, folhas, por exemplo, do seu telhado para impedimento do fluxo d’água, é uma ótima notícia. Caso não tenha feito, ainda há tempo.
A necessidade de armazenamento trás consigo a responsabilidade de monitoramento desta água para que a mesma não transforme em foco de mosquito da dengue. Essa atitude é fundamental para que não haja um surto de dengue na região como foi observado na capital e no interior do estado de São Paulo ultimo verão.
Com a ação em conjunto e cooperação de todos passaremos e sairemos fortalecidos da atual crise. Iremos aprender a importância de preservar e gerir nossos recursos naturais no nosso dia a dia.
No fim todos serão beneficiados, nós com a certeza de um futuro menos incerto e a próximas gerações que poderão usufruir de uma vida de menos eventos de crises ambientais.
Paulo Batista Araújo Filho é formado em Ciências Biológicas e Recursos Naturais pela UFES. Atualmente trabalha no renomado Lawrence Berkeley National Laboratory (LBNL), Berkeley – Califórnia/EUA