CARATINGA – A comunidade de Caratinga, em especial os moradores do Bairro das Graças, são chamados de “clientes” no Ginásio Poliesportivo do Campus II do Centro Universitário de Caratinga (UNEC). Eles praticam diversas modalidades esportivas, como capoeira, aeróbica, musculação e circuito. Para quem não conhece, esse é o estágio monitorado do Bacharelado em Educação Física, onde os treinadores são os próprios alunos do curso, que praticam seus conhecimentos e prescrevem exercícios durante as aulas do 7º e 8º período.
Os professores responsáveis são Amarildo César, supervisor do estágio, e Vagner Maciel Freres, auxiliar da supervisão. Já os participantes das atividades são de todas as idades, os pré-requisitos são idade mínima de 18 anos e apresentar liberação médica para prática de exercícios físicos. Cada candidato passa por uma avaliação detalhada da saúde e do condicionamento físico, identificando possíveis problemas cardiovasculares, histórico de vida e familiar, medidas de peso e massa, para ser classificado entre as turmas especiais e demais grupos. São cerca de 80 pessoas atendidas pelo programa.
“Esse estágio surgiu há três anos para fazer com que o estágio seja efetivamente supervisionado e que os alunos tenham a oportunidade de experimentar o campo real dentro da sua aula. Deu muito certo, hoje temos condições de oferecer diversas atividades. É um ganho para a comunidade, que está praticando de forma gratuita os exercícios e cuidando melhor da sua saúde; para os nossos alunos, que vão ser futuros profissionais e estão treinando acompanhados de seus professores. E também para nós profissionais que fazemos a supervisão, onde podemos refletir com as turmas a importância de prescrever e acompanhar corretamente os exercícios”, explica o professor Vagner.
De acordo com o professor Amarildo, é uma forma de acompanhar, de perto, o desempenho dos bacharelandos. O estágio acontece nos dois últimos períodos do Bacharelado em Educação Física, sendo que no 1º, os alunos prestam atendimento individual, e no 2º semestre atendem a comunidade por grupos. “Nossa obrigação enquanto profissionais de Educação Física é prestar o melhor serviço na área de prescrição de exercícios, mas para isso é preciso ter conhecimento dos treinamentos, conhecer a fisiologia aplicada ao exercício, entender o comportamento biológico e fisiológico e, assim, com certeza é possível fazer a melhor contribuição para a saúde das pessoas”, defende o professor e supervisor Amarildo.
Aluna já do último período, Kelen Miranda acredita que o estágio funcione como um laboratório de prática. “A gente aprende a teoria e ele vem como um auxílio. É de grande aprendizado, também pelo monitoramento dos nossos professores. Podemos tirar dúvidas, tudo que vemos na sala de aula trazemos para o estágio. E estamos oferecendo atividades gratuitas, eles aprendem e nós aprendemos também. É como se fosse uma transferência de vivência, tudo que fazemos aqui levaremos para a vida. Então aqui é o lugar de errar e aprender, para lá fora fazermos um ótimo trabalho”, defende.
DEPOIMENTOS
Neuza da Silva Barbosa Campos, mais conhecida como Dona Neuza, tem 57 anos e é uma das atendidas pelo estágio. Ela foi diagnostica hipertensa há quatro anos, tomava diversas medicamentos, inclusive para dores e insônia. Hoje, Dona Neuza se orgulha do quanto as atividades tem favorecido sua saúde, afinal ela já conseguiu reduzir 60% de seus remédios. “Com relação aos analgésicos e aos anti-inflamatórios, eu sou livre hoje. Não tenho dores, durmo muito tranquilamente, ganhei muita resistência física. Estou muito feliz, mais qualidade de vida, isso meche até mesmo com a nossa autoestima”,
EX-ALUNO
O personal trainer Felipe Dias é ex-aluno do Bacharelado em Educação Física do UNEC e foi da segunda turma a participar desse estágio monitorado. Segundo ele, o estágio antes era praticado em academias particulares e, por isso, os estudantes treinavam individualmente, além de muitas das vezes não receber o apoio adequado do seu supervisor.
“Nesse formato atual, nós ganhamos muito. Porque aqui nossos professores estão sempre fazendo correções quando necessárias e abriu a possibilidade das pessoas da comunidade participarem sem custo nenhum. E acima de tudo, dessa forma, é possível que profissionais de qualidade possam ingressar no mercado de trabalho”, afirma.