Delegado Regional de Manhuaçu explica detalhes da operação “Ovelha Negra”
MANHUAÇU – Cinco pessoas suspeitas de integrar uma quadrilha de venda de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs) foram presas pela Polícia Civil, nessa segunda-feira (29). A ação é resultado de meses de investigação.
A operação, batizada de Ovelha Negra, aconteceu simultaneamente em 11 cidades mineiras. Pelo menos quatro autoescolas da região de Manhuaçu, foram fechadas, e seus proprietários, conduzidos à delegacia.
Cada carteira chegava a custar R$ 7 mil, e a suspeita é que o policial entrava no sistema eletrônico e lançava o nome do candidato como aprovado. No total, conforme a corporação, foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão e 12 de prisão.
O chefe da 6ª Delegacia Regional de Manhuaçu, delegado Carlos Roberto Souza, afirma que as investigações seguem cumprimento de compromisso austeridade com o serviço prestado pela Polícia Civil à população.
As cidades envolvidas no esquema são: (na região do Caparaó) – Abre Campo, Luisburgo, Manhuaçu, Matipó, Ponte Nova, Raul Soares, Rio Casca, Santa Margarida, Sericita e Pedra Bonita. Na região metropolitana: Ibirité.
INVESTIGAÇÕES
Tudo começou com uma auditoria realizada pela Polícia Civil de Manhuaçu. Nesta ação, foi observado que prontuários de alguns condutores saíam de cidades vizinhas e conseguiam transferência para um dos 24 municípios de circunscrição da 6ª Delegacia Regional sem intervenção ou autorização do delegado de Trânsito. “Só ai já existe uma fraude, já que o delegado de Trânsito é o único que pode autorizar uma transferência de prontuário”, afirmou Carlos Roberto.
Através do sistema de autoria do Detran-MG, foram indicados alguns nome, inicialmente fora de Manhuaçu. A partir dai, a Polícia Civil procurou padrões de atividades que poderiam estar acontecendo dentro da 6ª Delegacia Regional. “Inicialmente, esses prontuários fraudulentos aportavam em duas auto escolas de Manhuaçu, mas vinham de outras duas auto escolas de fora da cidade. Pelo o que levantamos, são quatro envolvidas, mas podem ser até mais”, detalhou o delegado regional.
Foram cruzadas informações entre auto escolas e profissionais (examinadores, administrativos e policiais) que tinham envolvimento com o esquema fraudulento. Existem linhas de investigação ainda para aqueles que conseguiram facilidades para obter a CNH, tanto para quem já morava na região, quanto para aqueles que conseguiram transferir os prontuários sem a autorização do delegado de Trânsito.
PRISÕES
Se os crimes forem comprovados, os policiais civis vão responder a um processo administrativo conduzido pela corregedoria da corporação. Eles podem ser excluídos dos quadros da polícia.
Além disso, os cinco suspeitos responderão na Justiça comum por crimes como corrupção passiva, associação criminosa, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e peculato eletrônico, conforme a polícia.
Já as auto escolas sofrerão fiscalização mais rígida e auditoria. Os estabelecimentos também respondem por processo administrativo, que pode culminar na cassação das credenciais.
3ª FASE
O delegado regional precisou quantas CNHs fraudulentas foram adquiridas desde o início das investigadores. Mas, segundo ele, assim que forem identificadas, serão canceladas e recolhidas. “Os condutores que forem identificados como participantes do esquema, também responderão na Justiça por falsidade ideológica”, completou Carlos Roberto.
Os alunos que frequentavam regularmente as aulas não serão prejudicados, segundo o delegado regional. “A orientação é que essas pessoas procurem uma outra auto escola para poderem finalizar a retirada das CNHs”, finalizou.