Espiritualidade como fator preponderante para saúde e bem-estar
Clínico geral, obstetra e ultrassonografista, Giovanni Corrêa de Faria, que também é pastor, aborda um assunto que é cada vez mais comum na Medicina
CARATINGA- A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPICs) foi adotada em 2006 pelo Ministério da Saúde. Hoje, a PNPICs engloba 29 recursos terapêuticos – muitos baseados em conhecimentos tradicionais como acupuntura, ioga, meditação, fitoterapia, homeopatia e quiropraxia, e outros mais recentes, como ozonioterapia e biodança. Atualmente, são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 54% dos municípios do país.
A adoção da PNPICs segue orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) que, em 1988, incluiu a dimensão espiritual no conceito de saúde multidimensional. Para a organização, espiritualidade é “o conjunto de todas as emoções e convicções de natureza não material, com a suposição de que há mais no viver do que pode ser percebido ou plenamente compreendido, remetendo a questões como o significado e sentido da vida, não se limitando a qualquer tipo específico de crença ou prática religiosa”.
Em suma, práticas espirituais, não necessariamente religiosas, trazem bem-estar. Para entender sobre esse assunto, o DIÁRIO entrevistou o médico clínico geral, obstetra e ultrassonografista, Giovanni Corrêa de Faria, que também é pastor na Igreja Evangélica El Shaddai. “A busca da cura, pela fé, pela alegria, pelo apoio de pessoas que demonstram amor, carinho e atenção, fará uma reação na alma desencadeando um equilíbrio emocional e sentimentos os quais liberam substâncias químicas de bem-estar do organismo, satisfação e realização. O momento pode ser difícil, contudo estas ações minimizam a situação”, pontua.
De que forma o bem-estar espiritual se relaciona com a nossa saúde?
Quando entendemos que a doença é exatamente o desequilíbrio, ou seja, a ausência de harmonia, que pode se dar no nível do corpo ou da alma, que está intimamente interrelacionada com o espírito, facilmente entenderemos esta interface entre bem-estar espiritual e saúde.
A Organização Mundial da Saúde começou a perceber a importância da Espiritualidade. Por que a OMS tomou essa atitude?
A própria definição de saúde da OMS, “completo bem-estar físico, mental e social” traz a presença da alma, para a definição, onde está nossa mente e tem a ver com nossa personalidade, e a alma por sua vez é intimamente conectada ao espírito. Os sistemas de saúde do mundo, começaram a captar a mensagem, de que, quem tem fé, independente da religião, recupera com mais sucesso, ou mesmo que não obtenha o êxito no tratamento ele passa pelas dificuldades impostas pela doença com mais garra, determinação e serenidade.
Como a dimensão da espiritualidade pode ser percebida em relação à saúde?
Como um agente facilitador no processo. Uma pessoa espiritual, ela busca o bem-estar com a sociedade, e a ausência de divergências gera uma pessoa com sentimentos e emoções equilibradas, o que refletirá diretamente na sua qualidade vida.
É possível manter todas as dimensões equilibradas? Ou seja, corpo são e mente sã?
A mente depende mais de cada um. Quem a controla, sempre a terá sadia, o que ajudará em muito na vitalidade do corpo. Este entretanto pode ser acometido de problemas externos que podem vir a produzir uma enfermidade, que necessitará de buscar um tratamento.
No ambiente hospitalar, a interferência de grupos de apoio, religiosos ou não, desde iniciativas como os ‘Doutores da Alegria’ até pessoas que vão lá rezar e conversar, isso interfere no tratamento?
Certamente, pois aguçará o lado positivo da vida, em um momento que a pessoa está vivendo o lado negativo. A busca da cura, pela fé, pela alegria, pelo apoio de pessoas que demonstram amor, carinho e atenção, fará uma reação na alma desencadeando um equilíbrio emocional e sentimentos os quais liberam substâncias químicas de bem- estar do organismo, satisfação e realização. O momento pode ser difícil, contudo estas ações minimizam a situação.
Como é a relação dos médicos com essa questão da Espiritualidade?
Hoje, quase todos encaram com naturalidade e veem como uma ferramenta a mais que auxilia na busca do objetivo maior, que é alcançar a melhora de alguém que se encontra doente.
A espiritualidade dá uma certa esperança que talvez ajude a pessoa no seu tratamento?
Sim, e ao descortinar uma esperança, leva a uma cooperação da pessoa envolvida a um nível maior de comprometimento com o resultado. Ou seja, a pessoa passa a ser um agente do processo, não apenas um assistente.