CARATINGA- Em plena colheita, os produtores de café têm se deparado com mais uma dificuldade: a falta de trabalhadores para o serviço nas lavouras. Em outras épocas, este período registrava grande procura e contratação temporária em Caratinga e região. Sem mão de obra por aqui, a solução está sendo contratar pessoas de outras localidades.
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Caratinga relata que tem recebido demandas a respeito da falta de trabalhadores na região para contratação temporária no período de colheita. “Estamos tendo uma dificuldade muito grande nesse período de colheita pela falta de mão de obra. Nosso Sindicato está atento a estas questões e está buscando informações, parcerias, com outras entidades para tentar resolver esse problema tão sério para os nossos produtores. Está sendo uma colheita super trabalhosa, cara, que interfere diretamente no custo de produção para os produtores, porque uma colheita muito cara, mesmo que o produtor está recebendo um valor bem agregado pela saca de café, mas, com insumos muito caros, no final, o resultado é que o produtor sai perdendo”.
O Sindicato dos Produtores de Caratinga, atento a essas questões, juntou-se ao sistema Faemg, abrindo o portal Vagas do Agro. “O portal divulga oportunidades de trabalho ou estágio relacionadas ao agronegócio e recebe cadastros de currículos de profissionais e estudantes que estão em busca de uma oportunidade no mercado de trabalho. “Esse portal vai ajudar aos produtores da nossa região em divulgar a sua demanda de vagas de emprego em todo o estado de Minas Gerais. O produtor vem ao nosso Sindicato, faz o cadastro e com isso essa demanda é repassada para o sistema Faemg que distribui para todos os sindicatos do estado. Acreditamos que com essa parceria, tentar minimizar essa falta de mão de obra na nossa região”.
Questionado sobre os motivos que levaram à redução de pessoas que sejam de Caratinga e região para o trabalho nas lavouras, Aquino cita algumas possibilidades. “Uma das questões é o grande aumento do parque cafeeiro da nossa região. Aumentando muito o parque cafeeiro, requer mais mão de obra. Também observamos a agricultura familiar, que hoje está mais técnica, trabalhando, buscando melhorias dentro de sua propriedade, com isso também está tendo lá seu pedacinho, sua lavoura. O pequeno produtor, que antes trabalhava para outros grandes produtores, se sentiu em trabalhar para ele, resolver as questões dele primeiro. Está faltando mão de obra devido a esse aumento do parque cafeeiro. É ruim? Não, porque torna nossa região mais atrativa, referência na produção de café. É importante. Também alguns produtores, pequenos produtores, se deslocando para outros estados, até países. Isso trazendo esse déficit de mão de obra”.
Porém, Aquino afirma que a intenção é ampliar as parcerias em busca de fazer com que estas vagas de empregos cheguem mais fácil a pessoas interessadas. “Queremos estar junto dos outros órgãos, chamarmos a Prefeitura para montarmos uma parceria através do Sine, em que possamos levantar essa demanda de mão de obra e junto ao executivo levarmos essa demanda para outros municípios. E através disso, trazer para nossa região”.
Samuel Gonçalves, que é mobilizador do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e produtor rural destaca as principais dificuldades enfrentadas no campo. “A logística nossa, por exemplo, não temos pessoas aqui, teríamos que trazer de fora e não temos uma estrutura para recebê-los. Isso é um grande problema. Como trazer uma família de um outro município que não é de café para trabalhar conosco, se não temos hospedagens? É o grande problema que os produtores estão enfrentando e nós, Sindicato, Senar, Sistema Faemg, estamos preocupados e temos cursos de pedreiro, carpinteiro, para construções dentro das propriedades que sirva para além de guardar o seu produto, receber essas pessoas para trabalhar conosco”.
A diversificação da cultura também é um desafio, como analisa Samuel. “Outra dificuldade também, por termos a monocultura, num momento desse difícil ficamos sem opção. Estamos precisando de encontrar com os produtores, dialogando junto com o Sindicato, para termos a solução desses problemas. Temos que ter essa logística para receber essas pessoas para trabalhar conosco”.
Samuel finaliza, refirmando que as propriedades necessitam se estruturar para receber esses trabalhadores, que têm vindo de outras localidades. “Esses problemas vêm há muito tempo, temos buscado colocar pedreiros e engenheiros para desenvolver nas propriedades, agora acentuou esse ano. Estou com café para começar a colher e não estou tendo condição. Quem tem solução aí e com dificuldade é a agricultura familiar. Hoje mesmo consultando um rapaz, ele me disse que só ele e a esposa estavam trabalhando, outro também a mesma coisa, o casal está tendo que deixar o filho com alguém ou na escola, para sair para colher café”.
- Samuel Gonçalves, que é produtor e mobilizador do Senar, também destaca a dificuldade de logística para receber trabalhadores de outras regiões
- Produtores têm enfrentado dificuldades nas contratações para o trabalho nas lavouras
- O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Caratinga relata que tem recebido demandas a respeito da falta de trabalhadores na região