Secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Almeida, falou com exclusividade ao DIÁRIO, onde avaliou a produção de café em Minas Gerais e ainda mandou uma mensagem para os moradores de sua cidade natal
DA REDAÇÃO – Caratinga sempre teve nomes no primeiro escalão de Minas Gerais. E no dia 5 de abril de 2022, o engenheiro agrônomo Thales Almeida Pereira Fernandes entrou para esse seleto grupo ao assumir a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa). Ele substituiu Ana Valentini.
Em seu discurso de posse, o secretário Thales Almeida destacou: “Foi grande responsabilidade e muita honra ter recebido este convite. Vou retribui com muito trabalho e dedicação em prol do agronegócio mineiro. Sabemos das dificuldades que iremos enfrentar, mas não mediremos esforços para dar continuidade ao trabalho da secretária Ana, junto com as empresas vinculadas (IMA, Emater-MG eEpamig)”.
CURRÍCULO
Natural de Caratinga, Thales Almeida é graduado em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Possui especialização em Gestão Ambiental na Faculdades Integradas de Jacarepaguá do Rio de Janeiro e Mestrado Profissional em Defesa Sanitária Vegetal pela UFV.
É servidor concursado do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) desde 1998, atuando em diversos cargos, entre os quais chefe de escritório, assistente técnico da Coordenadoria Regional de Belo Horizonte e coordenador da Fiscalização do Uso e Comércio de Agrotóxicos na Gerência de Defesa Vegetal.
Thales Fernandes também ocupou o cargo de Diretor Técnico no IMA, no período de 2011 a 2019, ano em assumiu a Diretoria-Geral do órgão até o momento. Antônio Carlos de Moraes assume o cargo de Diretor-Geral do IMA.
“Temos orgulho em dizer que Minas Gerais é o maior produtor e exportador nacional de cafés”
Para o DIÁRIO é uma satisfação ter essa entrevista com o secretário Thales Almeida nessa edição especial. Nossos agradecimentos à sua assessora de comunicação Cássia Eponine, e ao secretário, que cordialmente nos atendeu.
O secretário Thales Almeida começa a entrevista logo afirmando de forma categórica: “Temos orgulho em dizer que Minas Gerais é o maior produtor e exportador nacional de cafés”. Isso mostra a grandeza e a responsabilidade que o Estado tem junto à cafeicultura brasileira.
Ele ainda faz uma análise da produção em Minas, destacando a qualidade do café aqui produzido e finaliza mandando uma mensagem para a aniversariante Caratinga.
Quais tipos de suporte que o Governo de Minas proporciona ao cafeicultor, seja ele pequeno, médio ou grande?
A Secretaria de Agricultura e as suas vinculadas – a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) – oferecem vários programas e ações para os cafeicultores do nosso estado. Vou destacar aqui alguns que visam valorizar a produção mineira, porque a gestão do governador Romeu Zema tem se empenhado para que o agronegócio de Minas saia da situação de produzir apenas commodities e comercialize produtos de maior valor agregado.
O Programa Certifica Minas Café, por exemplo, orienta os produtores na adequação das produções às boas práticas agrícolas em todas as suas fases, atendendo a normas reconhecidas internacionalmente. No final do processo, a propriedade passa por uma auditoria para receber a certificação. Isso contribui para que ela alcance novos mercados, inclusive no exterior, cada vez mais preocupados com a sustentabilidade.
Também temos realizado concursos para promover nossos cafés de excelência. O Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas Gerais é uma metodologia de trabalho desenvolvida pela Emater, que identifica e premia os melhores produtos no estado. O mercado tem alta demanda por cafés com qualidade superior e está disposto a pagar preços diferenciados por eles. Assim, contribuímos para a melhoria da renda de inúmeros cafeicultores.
Ainda com relação à aproximação do poder público e de instituições de pesquisa com a iniciativa privada, ressalto o Circuito Mineiro de Cafeicultura. Trata-se de eventos técnicos, como palestras para difusão de tecnologias. Em média, 10 mil cafeicultores participam dos encontros, realizados pela Emater e Epamig, em parceria com universidades e institutos federais.
Qual a dimensão do parque cafeeiro de Minas Gerais. Quantos municípios do Estado produzem café?
Temos orgulho em dizer que Minas Gerais é o maior produtor e exportador nacional de cafés. O produto é cultivado em 451 municípios, em uma área de 1,33 milhões de hectares e com a previsão de colheita de 24,79 milhões de sacas na safra de 2022.
Minas responde por qual percentual na cafeicultura nacional e qual a importância desse setor na balança comercial do Estado?
Neste ano, Minas responderá por 46% da safra nacional de café, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O café é o principal produto da agropecuária mineira e tem um papel de grande relevância na nossa balança comercial. É protagonista nas exportações mineiras, destacando-se como o produto mais vendido no exterior da pauta do agronegócio. Em 2021, foi embarcado para mais de 80 países.
Quais as qualidades que fazem o café de Minas ser tão valorizado?
Além do grande volume produzido e exportado, é importante ressaltar que Minas também possui outro diferencial: a qualidade do produto.
Os cafés de Minas Gerais se distinguem pela diversidade de sabores e aromas, devido principalmente à diversidade de clima, altitude e sistemas de produção no estado. Essa variedade de características nos permite conquistar um amplo leque de consumidores nos mercados nacional e internacional.
A pandemia impactou a produção de café em Minas? Qual a estimativa para a safra 2022/2023?
A pandemia não impactou de maneira significativa a produção de café no estado, porque o agronegócio mineiro praticamente não parou.
No entanto, no ano de 2020, a cafeicultura mineira foi atingida por seca severa e, em 2021, por geadas. Muitos produtores perderam uma parcela considerável de suas lavouras e registraram prejuízos. Esses eventos ocasionaram uma redução na produção na safra a ser colhida no ano de 2022.
Importante sublinhar que, desde os primeiros registros de perdas, o Governo de Minas esteve ao lado dos cafeicultores. A ex-secretária Ana Valentini visitou as lavouras atingidas, fez um sobrevoo de reconhecimento acompanhada da então ministra da Agricultura, Tereza Cristina, de parlamentares e entidades representativas. Foram várias reuniões com os afetados para tratar das medidas de apoio emergencial.
Uma força-tarefa foi criada envolvendo os órgãos do Sistema Estadual de Agricultura. A Emater-MG elaborou laudos gratuitos para os pequenos produtores. Esses documentos serviram para que eles tivessem acesso a crédito rural, seguro agrícola, recursos de amparo do Funcafé, entre outros. Também foi elaborada uma cartilha com as principais recomendações para os atingidos.
Como a cafeicultura pode ajudar na questão do desenvolvimento sustentável?
A contribuição da cafeicultura para o desenvolvimento sustentável é muito positiva. Nos quesitos ambientais, o café é uma cultura perene e, com isso, contribui de forma significativa para o sequestro de carbono, além de ser eficaz na estabilização dos solos e de permitir a preservação de grande parte da biodiversidade original das áreas cultivadas. Em relação aos aspectos sociais e econômicos, a atividade é uma importante geradora de empregos e renda no campo.
No IMA, o senhor foi coordenador da Fiscalização do Uso e Comércio de Agrotóxicos na Gerência de Defesa Vegetal. Dentro dos levantamentos, como está o uso de agrotóxicos na cafeicultura mineira?
O uso de agrotóxicos na cafeicultura mineira acontece dentro das normas legais de aquisição, mediante apresentação do receituário emitido por órgão competente. Além disso, todo produto utilizado nas lavouras deve ter registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Já o IMA realiza um sério trabalho de fiscalização no território mineiro, da comercialização à aplicação dos agrotóxicos, para que esses produtos sejam utilizados de forma segura, com o objetivo de proteger o aplicador, o meio ambiente e o consumidor. Além das fiscalizações de rotina nas propriedades, que somam mais de 6.500 por ano, são desenvolvidas também atividades educativas e orientações aos produtores rurais.
Falando sobre a produção de café registrada no município de Caratinga. Qual sua relevância na cafeicultura de Minas Gerais?
Caratinga está entre os 20 maiores produtores do estado, exercendo um papel de destaque na cafeicultura mineira. Tem uma área plantada de 13.600 hectares e uma produção prevista de 330 mil sacas beneficiadas para a safra 2022. O município também se sobressai pela excelente qualidade dos seus cafés, agraciados em concursos de qualidade. Diversos produtores estão ainda no Programa Certifica Minas Café, que reconhece propriedades atentas à sustentabilidade.
O senhor é natural de Caratinga, cidade que agora completa 174 anos. Qual mensagem para os caratinguenses e principalmente para os cafeicultores do município?
Eu gostaria de parabenizar a todos os caratinguenses pelo aniversário da cidade e, em especial, aos produtores rurais pelo trabalho de excelência realizado, tão importante para a economia do nosso estado. Temos buscado, no Governo de Minas, aproximarmo-nos cada vez mais do setor produtivo, porque entendemos que quem produz, gera riqueza e empregos para Minas Gerais, precisa e merece todo o nosso apoio. Nosso muito obrigado a todos vocês!