“Não existe ‘Salvador da Pátria’. Existe um grupo com vontade de realizar muitas coisas”, afirma Rogério Silva, novo presidente da LCD
CARATINGA–Eleições costumam ser acirradas, cada lado defende seu interesse. É de praxe. Mas, na última segunda-feira (14) houve eleição para escolha da nova diretoria da Liga Caratinguense de Despostos (LCD). Dessa vez não houve disputa, houve consenso. E esse nome de consenso é Rogério Silva.
O radialista, apresentador e colunista Rogério Silva tem a seu favor sua larga experiência no meio esportivo. Foi atleta, é comentarista e foi diretor de esportes do América Futebol Clube, onde implantou uma aclamada escolinha de vôlei. Pesa ainda a seu favor a sua seriedade. Rogério Silva tem portas abertas em vários setores. Isso é fruto da credibilidade conquistada ao longo de sua vida pessoal e profissional.
Agora ele tem esse desafio pela frente, que é presidir uma liga tradicional, mas que precisa de reestruturação. Mas para isso ele não está sozinho. Ele conta com Alrimar Moreira Medeiros (vice-presidente), Marina Pires Severino (secretária), Hércules Maximiliano (2º secretário) e Clausiano Peixoto (tesoureiro). Some-se a eles pessoas como Zé Camelô, Jorge Mixidinho e José Antônio, além, obviamente, dos dirigentes dos clubes da região.
Rogério Silva sabe que não existe um ‘Salvador da Pátria’, ele está consciente do compromisso assumido. Porém, Rogério Silva tem a convicção que com apoio da sociedade pode fazer um grande trabalho e colocar novamente a Liga Caratinga de Despostos no seu devido lugar, que é entre as melhores ligas de futebol do interior de Minas Gerais.
Com a palavra o presidente da LCD.
Por que o decidiu aceitar ser o presidente da Liga Caratinguense de Futebol?
Não foi uma decisão fácil. Afinal, é uma responsabilidade enorme,que acarreta cobranças também grandes, com recurso e estrutura zero. Porém, depois de 25 anos imerso no futebol regional, os muitos pedidos de amigos,e principalmente a insistência do Alrimar Moreira. Somando a tudo isso a minha paixão pelo esporte e a certeza que posso colaborar. Decidi aceitar.
Em sua avaliação, essa função é um desafio ou uma oportunidade?
As duas coisas. Um desafio por tudo que envolve nosso futebol, a paixão que ele desperta, às dificuldades estruturais da LCD. Por outro lado, uma grande oportunidade de dar minha parcela de contribuição, tentando colocar em prática pelo menos parte do aprendizado que acumulei ao longo dos anos convivendo com pessoas também apaixonadas por esporte, e óbvio o estudo diário sobre o tema.
Você tem a experiência dentro de campo, como comentarista esportivo e também foi diretor de Esportes do América. O que aprendeu com essas vivências que pretende aplicar em sua gestão?
A experiência de campo, sem dúvida, ajuda muito em entender as necessidades e o que pensa o jogador, compreender certos comportamentos. Como comentarista há tanto tempo, me ajudou nesses 25 anos a conhecer cada clube, suas carências,dirigentee a suas aspirações. O fato de ter tido a experiência na diretoria do clube América me deu a chance de ver o esporte detrás de uma mesa, sua burocracia, bastidores,e o mais importante, aprender que a gestão de um grupo de pessoas as vezes é a parte mais difícil do trabalho. Mesmo que o objetivo seja comum a todos, existem personalidade, educação, culturas diferentes. Espero conseguir levar um pouco de tudo isso para a LCD.
E sobre o lado burocrático, já deu para se inteirar da questão jurídica da Liga Caratinguense de Futebol. Como está a documentação da entidade?
Atualmente se encontra inapta junto a Federação Mineira de Futebol. Última ata registrada lá é datada de 1996. Infelizmente a Liga hoje tem apenas seu nome, toda a história e tradição construída em 60 anos. Mais nada. Entretanto, mesmo antes da eleição, já estávamos em contato com Edilson Katita, diretor da FMF para Ligas do Interior que tem nos dado total apoio. Inclusive orientando como realizar o pleito do último dia 14. Próximo passo agora é registrar a ata da eleição, encaminhar a FMF para que seja iniciado o processo de filiação novamente.
Claro que essa pergunta é inevitável, quais seus planos à frente da LCD e como colocá-los em prática?
Como disse, não existe ‘Salvador da Pátria’. Existe um grupo com muita vontade de realizar muitas coisas. Porém, nada acontece da noite para o dia. Por outro lado, as necessidades são tantas que iremos formar frentes de trabalho. Jurídico cuidando da documentação para regularizar, diretoria técnica preparando um calendário possível para este ano (campeonatos de categoria de base, futsal e o Regional adulto). Colocá-los em prática com sucesso irá depender do empenho e comprometimento de cada um dentro de suas funções. Mas, passa principalmente pelos dirigentes dos clubes comprarem as ideias e abraçá-las. Porque tudo que está sendo pensado é para favorecer cada clube. Esse é a razão da Liga. Clube existe sem liga, mas a Liga não existe sem clube.
Sabemos da importância do campeonato regional da LDC, um dos mais tradicionais de interior de Minas Gerais. Esse ano será possível a realização dessa competição?
Sim. Se Deus e os clubes quiserem. É um ano emblemático que marca os 60 anos da entidade. Temos como objetivo promover um dos melhores dos últimos anos. É indiscutivelmente o campeonato amador mais tradicional e charmoso de toda região Vale do Aço e Zona da Mata. Fico a vontade pra dizer, pois conheço praticamente todos em outras cidades. Oque falta é ser tratado com a seriedade e a transparência que merece. Muito clubes já estão se preparando e se estruturando. Nossa ideia é ter bola rolando em julho.
Um evento desse nível exige suporte financeiro. O que fazer para atrair investidores para o futebol regional?
Sem dúvida é a competição que jogadores, torcedores, dirigentes ficam aguardando ansiosamente. Muitos clubes tem no Regional sua principal ou única competição do ano. Por isso, começam a buscar apoio, capitalizar recurso bem antes. Por outro lado, para o empresário que conta com uma boa assessoria e departamento de marketing, o Campeonato Regional é uma ótima oportunidade para expor seu serviço ou produto. O futebol mesmo amador atrai um público enorme. Quando o assunto é o certame da LCD ainda mais, afinal, são várias cidades da região torcedores no campo, nas redes sociais falando do mesmo assunto: Santa Rita, Santa Bárbara, Piedade de Caratinga, Inhapim, Entre Folhas, Bom Jesus do Galho, Ubaporanga, só pra ficar nas vizinhas. Além da cidade de Caratinga, seus bairros e distritos. Nem um outro evento esportivo envolve tanta gente ao mesmo tempo debatendo nos bares, praças e redes sociais por meses o mesmo assunto. Portanto, o Campeonato Regional é uma grande produto de marketing se bem trabalhado.
Você mesmo já afirmou que é impossível o futebol regional ter novamente a dimensão que teve nos anos 70 e 80. Mas na questão da torcida, como proceder para levar mais pessoas aos estádios?
Verdade, os tempo são outros, as atrações são muito mais diversas que há cinquenta anos. Porém, o futebol amador ainda tem esse apelo, porque mexe com algo super importante para todo ser humano, a sensação de pertencimento, o prazer de fazer parte de alguma coisa. Basta ver como ficam cheios os campos onde os times representam a comunidade: Adoro fazer transmissão e cobertura em cidades como: Bom Jesus do Galho, Santa Rita, Santa Bárbara, Entre Folhas. São cidades que carregam os times e se orgulham de suas histórias. Muitos com ligações familiares que tradicionais em cada região. Tendo um campeonato organizando, bons jogos e segurança para poder levar a família ao campo o torcedor irá ainda em maior número.
Hoje observamos que não vemos renovação no futebol regional. Qual trabalho deve ser feito para que assim surjam novos talentos?
Base,base,base e base! Competições em todas às categorias. Temos ótimos trabalhos sendo feito em cidades vizinhas à Caratinga. Oque tem faltado é competição. Até por isso, fiz questão de convidar para o grupo da nossa gestão, Marina Pires e Hércules Maximiliano. Ambos têm trânsito livre, prestígio junto as principais pessoas que realizam esse trabalho. Sem falar do vice-presidente Alrimar Moreira que tem a base como sua”menina dos olhos” e nosso amigo José Antônio, que fez um trabalho extraordinário na coordenação da base do Esporte Clube Caratinga.
Qual sua avaliação sobre a arbitragem regional e como fazer com que árbitros e auxiliares tenham mais tranquilidade ao desempenhar suas funções, pois já temos até casos de agressão.
Historicamente nossa região sempre produziu bons árbitros. Principalmente no período que tínhamos uma LCD organizada e um departamento, comandados por um diretor com conhecimento. Atualmente, continuamos tendo bons árbitros. Aliás, verdadeiros heróis em trabalhar em muitos locais sem a menor segurança. Porém, é sempre possível melhorar. Pra isso, é necessário que a Liga possa estar regularizada. Já temos a garantia da FMF que teremos cursos de formação, capacitação e reciclagem. Assim, tenho certeza que irão prestar um serviço ainda melhor. Afinal, todos nós precisamos estar em constante estudo.
Em relação às agressões, é caso de polícia e deve ser tratado como tal. Não podemos tolerar que o cidadão deixe sua casa,sua família, aos domingos para prestar um serviço e seja agredido, porque alguém não concordou com uma decisão que ele está sendo pago pra tomar. É simplesmente inaceitável. Como ex-atleta, sei perfeitamente quanto um jogo, mesmo no amador, mexe com às emoções de quem gosta. Entendo que ninguém gosta de ser prejudicado por erro de ninguém. Mas, nada justifica agressões. Assim, nas competições promovidas pela LCD, daremos uma atenção especial a segurança da arbitragem. Isso passa por conversar com os órgãos de segurança pública em busca de parceria, campanhas de conscientização, punições esportivas severas, e principalmente punições na esfera judicial. Uma agressão a árbitro será considerada agressão a Liga. Assim, o departamento jurídico da entidade tomará todas às providências. O futebol não é um mundo à parte como alguns pensam. As leis civis valem para agressão dentro de campo, como fora.
Presidente, quais suas considerações finais?
Quem me conhece sabe que jamais tive a pretensão de ser presidente da Liga Caratinguense de Desportos. Mesmo tendo estado presente, fazendo cobertura jornalística em todas às edições do campeonato Regional desde o seu retorno em 2002. Porém, depois de ouvir vários desportistas, ouvir pessoas próximas, e conseguir reunir um grupo tão qualificado. Resolvi aceitar o desafio. Não acredito em Salvador da Pátria. Minha função será de coordenar e não atrapalhar quem realmente irá promover as mudanças. Na Liga não existirá “panelinha”, “grupinho fechado”. Tampouco ditador. Todos que tiverem boas ideias que possam somar ao objetivo de resgatar a nossa sexagenária Liga Caratinguense de Desportos serão ouvidos.
Muito obrigado pelo espaço. O papel da imprensa é vital para dar transparência a todo processo.