75% dos inscritos não compareceram ao segundo dia de provas
CARATINGA– 5400 pessoas fizeram suas inscrições para as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em Caratinga, que aconteceram nos dias 5 e 12 de novembro, pela primeira vez neste formato. No primeiro dia, os participantes fizeram as provas de linguagens, ciências humanas e redação; já no segundo dia foi a vez das questões de exatas, envolvendo matemática, química, física e biologia.
Todos os anos, a cidade tem um índice de 30% de ausência nas provas. No primeiro domingo, o número de ausentes se manteve dentro da média. No entanto, no último dia de prova, o número de faltosos chegou a 75%. Já os dados em âmbito nacional apontam 32% de abstenção, a maior desde 2010. Houve uma alta de 3 pontos percentuais em sete anos. Em 2010, o índice de ausentes foi 28,8%.
O DIÁRIO DE CARATINGA conversou com a coordenadora municipal do Enem, Maria Alcides, que fez um balanço sobre a aplicação do exame. “No primeiro dia vem a redação, que é de grande peso e eles consideram que podem não estar indo bem. Isso faz com que muitos no segundo dia não compareçam para fazer a prova de matemática. Mas, aconselho os nossos participantes a não terem esse comportamento, porque serve de experiência, quem sabe também ele faz uma boa prova de matemática. Acho que vale a pena participar dos dois dias”, alerta.
Como de costume, também foram registradas eliminações por motivos diversos. “A eliminação todo ano acontece, nesta edição foram poucas em relação ao montante de participantes. São eliminações que ocorreram, a maioria delas, por esquecimento de documento, a pessoa sai de casa apavorada e o documento fica para trás. E tiveram outros que se sentiram mal e quiseram ir embora, ou seja, antes de começar a prova já estavam eliminados”.
Uma novidade da edição de 2017, foi que dois locais de provas, a Doctum e a unidade II do Centro Universitário de Caratinga (Unec), que juntos abrigaram 3.000 participantes, contaram com dois enfermeiros contratados para prestarem serviços de saúde. Percebendo a demanda, a intenção é ampliar estes atendimentos aos outros locais de aplicação do exame nas próximas edições, como afirma Maria. “No próximo ano vamos levar para a empresa que for a responsável pelo Enem, a necessidade de colocar essa pessoa de atendimento médico ao participante, para que tenhamos suporte também nos lugares menores”.
Se tratando da segurança do evento, Maria Alcides relata que o cenário foi de tranquilidade, sem grandes necessidades de intervenção da polícia. “Esse ano tivemos uma harmonia nesses trabalhos, número reduzido de participantes, transcorreu tudo bem, dentro da normalidade. Esse ano tivemos um agente para acompanhar o evento em cada instituição, nessa parceria com a Polícia Militar. Também tivemos o certificador do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), que é uma figura a mais que acompanha todo o procedimento”.
A coordenadora ainda chama atenção para a participação da sociedade e afirma que as pessoas estão tomando mais consciência da importância do Enem na vida do jovem. “Porque o Enem abre a porta para todos em pé de igualdade, uma vez que uma pessoa está preparada para fazer a prova. E isso não depende de escola x e y, por exemplo, temos aqui na Escola Estadual Isabel Vieira um grande número de alunos que sempre faz o Enem e ingressa em uma faculdade. Temos ex-aluno que hoje faz curso de Medicina de bolsa integral, resultado do Enem. Percorri as ruas de Caratinga para visitar as instituições e a cidade estava em ordem, tranquila”.
Este ano, o tema da redação foi ‘Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil’. Para Maria Alcides, o tema é desafiador, mas traz reflexão e não representou entrave para quem está atento às atualidades. “Pode ter assustado naquele impacto, na hora que a pessoa abre e se depara com o tema, mas não foi difícil para quem estava preparado para fazer a prova, que é um bom ledor, que teve a oportunidade de temas diversos. Esse tema é importante, do direito que reza a todas as pessoas, seja ela portador de alguma necessidade ou não, mas em especial a esses que são portadores e merecem toda atenção. A sociedade, num todo, tem que estar atenta a esta oportunidade que o portador de necessidade tem. Vejo esse tema como um despertar, para todos terem uma visão maior, as nossas escolas de um modo geral já estão trabalhando com a inclusão e ela tem que se fazer na prática mesmo. É um novo olhar para essa situação, então o tema pra nós não é surpresa”.