Médico afirma que é possível ter sucesso no diagnóstico e tratamento da doença
O mal estar é um sentimento comum durante o período menstrual. Mas, para algumas mulheres a sensação é mais intensa, provocada por fortes dores de cólica devido à endometriose.
Para falar sobre esta doença, os impactos na saúde da mulher e a importância do diagnóstico precoce, o DIÁRIO SAÚDE traz entrevista com o médico Marcelo Antônio Raymundo de Souza (ginecologia/obstetrícia/videoendoscopia ginecológica)
Ele esclarece que a endometriose é considerada uma doença crônica, portanto, sem cura definitiva. Porém, os tratamentos com cirurgia ou medicamentos específicos podem permitir uma melhor qualidade de vida às portadoras da doença.
O que é a endometriose?
A endometriose é uma doença inflamatória, hormônio feminino dependente (estrogênio), que é determinada pela presença de tecido endometrial (tecido de revestimento da camada interna do útero), fora da cavidade uterina. Acomete 10 a 15% das mulheres na idade reprodutiva, trazendo impacto negativo sobre a vida profissional, psíquica, reprodutiva e social. Os estudos realizados observaram uma redução de 38% da produtividade das mulheres portadoras de dor pélvica causada pela endometriose, presença de sintomas depressivos em 87%, e ansiedade em 88%. Estes dados mostram a importância do diagnóstico precoce da doença.
Quais são os sintomas?
Os sintomas da endometriose são variados podendo se manifestar com queixa de dismenorreia (dor abdominal tipo cólica no período menstrual), dor pélvica crônica (dor abdominal baixa fora da menstruação), dispareunia profunda (dor na profundidade no ato sexual), dor na defecação ou urinária no período menstrual, ou mesmo alterações do trânsito intestinal (aumento ou obstipação) ou presença de sangue nas fezes, também neste período ou a infertilidade.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é baseado na avaliação criteriosa das queixas feita pela mulher, bem como, exame físico feito pelo Ginecologista. A complementação pode ser realizada através de exame bioquímico de sangue, ultrassonografia com preparo intestinal, ressonância magnética nuclear da pelve. Sendo o padrão-ouro para o diagnóstico a realização da cirurgia laparoscópica.
E o tratamento?
O tratamento depende da idade, intensidade das manifestações clínicas, desejo reprodutivo e característica da lesão produzida pela endometriose. Assim podendo ser tratamento medicamentoso ou cirúrgico. O tratamento através de medicamentos tem objetivo da melhora da dor, poderá ser feito com anti-inflamatórios, bloqueadores hormonais (anticoncepcionais, progestagênios, danazol gestrinona, análagos do GnRH, DIU liberador de hormônio), este método é reservado as mulheres sem interesse de gravidez durante o tratamento. Caso os sintomas sejam intensos ou grande agressividade das lesões endometrióides o tratamento deverá ser cirúrgico.
Do ponto de vista clínico, como a endometriose deve ser encarada?
A endometriose deve ser vista como uma doença crônica com características clínicas, que modificam a qualidade de vida da mulher, porém sendo possível o diagnóstico e o tratamento com nível de sucesso considerável.