Inteligência da Rua 39
Inteligência… Do que é feita? De pensamentos? De mágoas? De ilusões? … ou de acontecimentos?
Ah, se for de pensamentos, minha inteligência é imensa, mas também inútil. Para quê inteligência se os meus pensamentos voam? Como pode haver inteligência se meus pensamentos mudam sem parar? Se meu foco de pensamentos sempre pode mudar, como vou fazer pra fixar essa inteligência no seu olhar?
Mas se ela for feita de mágoas, minha inteligência é pobre, sentimentos ruins não são guardados. Pelo menos, não no seu olhar… Mas, do que adianta? Se você desviar um pouco de mim vou me despedaçar, talvez quebre em mil pedaços, e quebre então minha inteligência.
E se for de ilusões? Meu Deus, eu não saberia distinguir rico de pobre, alto de baixo, grande de pequeno… Será que eu sou diferente? Ou será que viajo em ilusões e não consigo voltar no mundo do teu olhar?
Tenho certeza de poucas coisas, mas se a inteligência for feita de acontecimentos, dentre os que já vivi, posso dizer que já amei. A minha inteligência se resumiria em sua mão tocar… aconteceu um toque, aconteceu um beijo, acontece que te amo, acontece que sempre te vejo, na esquina da rua 39, parado na porta da casa amarela.
Que casa é esta? Você nem mora lá. Quando te vejo na porta acontecem desejos, quando te vejo de longe acontecem segredos, quando te vejo de cá acontece te amar, quando te vejo de lá acontece te beijar.
No fim das contas, a inteligência está em você, me baseio em você, me vejo em você, “que brilho no olhar”, me pego pensando ao te ver sair da porta da casa amarela. Pobre rua 39, pobre esquina, perdeu sua maior inteligência para uma menina.
Lorena Rocinski
Aluna do Núcleo de Ensino Professor João Martins – NEPJM