Os 43 deputados federais que tentam a reeleição receberam até agora mais de 50% dos recursos partidários destinados à campanha. Os outros 889 candidatos, sem mandato, dividiram o restante
DA REDAÇÃO – A duas semanas das eleições, os partidos políticos destinaram até agora R$ 46,2 milhões – 52,4% – dos R$ 88 milhões, provenientes do fundo eleitoral, para a reeleição dos 43 deputados federais da bancada mineira, média de R$ 1,074 milhão por parlamentar. O restante foi distribuído aos outros 889 candidatos, ainda privilegiando veteranos da política mineira que exerciam outros cargos e tentam agora retornar à Câmara dos Deputados.
Embora menos aquinhoados pelas legendas com o recurso público do que os deputados federais, também deputados estaduais que concorrem a novo mandato saíram em vantagem na briga por uma fatia do fundo destinado ao custeio das campanhas: dos R$ 21,5 milhões repassados por partidos para essas campanhas até agora, R$ 7,9 milhões – 36,7% do total – foram para 48 dos 63 deputados estaduais que disputam a reeleição. O restante foi destinado aos outros 1.328 candidatos, com especial ênfase para políticos velhos de guerra – ex-prefeitos e ex-deputados federais que querem retornar à Assembleia.
Até agora partidos políticos utilizaram para as campanhas eleitorais em Minas – de governador, senador, deputado federal e deputado estadual – R$ 125,9 milhões. Focados na eleição de bancadas na Câmara dos Deputados – pois delas dependem para continuar a receber recursos públicos nos próximos quatro anos –, 70% desse volume abasteceram as campanhas de deputado federal, R$ 7,7 milhões (6,2%) foram empregados nas campanhas para governador; R$ 6,7 milhões (5,5%) para o Senado Federal e R$ 21,5 milhões para deputado estadual (17,1%).
Entre todas as legendas, o MDB de Minas é aquela que mais destinou, até agora, recursos do fundo eleitoral para os candidatos a deputado federal: R$ 10,5 milhões. Mas esse montante foi integral e fraternalmente partilhado entre os cinco deputados federais que concorrem à reeleição – Saraiva Felipe, Leonardo Quintão, Newton Cardoso, Fábio Ramalho e Mauro Lopes – e dois suplentes – Ademir Camilo e Silas Brasileiro, que chegaram a exercer parcialmente mandato nesta legislatura: R$ 1,5 milhão para cada. Também candidato a deputado federal, o vice-governador e ex-presidente do MDB de Minas, Antônio Andrade, teve a sua paga pela derrota interna: até agora declarou receitas de campanha da ordem de R$ 402,5 mil, originárias de recursos próprios (R$ 400 mil) e de seu filho, Eduardo Andrade (R$ 2,5 mil).
O PR destinou R$ 10,42 milhões aos candidatos a deputado federal, dos quais, R$ 6,5 milhões aos quatro deputados federais que concorrem a novo mandato – Aelton Freitas, Tenente Lúcio, Lincoln Portela e Delegado Edson Moreira. Já o PT repassou R$ 6,2 milhões – 64% – dos R$ 9,7 milhões do fundo eleitoral aos seus sete deputados federais candidatos à reeleição, destinando aos outros 20 candidatos a diferença, entre os quais estrelas em votos como o deputado estadual Paulo Guedes, que agora tenta a Câmara dos Deputados, a quem foi destinado R$ 394 mil.
Da mesma forma, o PP, ao repassar R$ 9,5 milhões aos candidatos a deputado federal, privilegiou a reeleição de Dimas Fabiano – entre todos os candidatos de Minas, até agora quem mais recebeu do fundo eleitoral, R$ 2,5 milhões – e Renato Andrade, com R$ 1,7 milhão, deixando o restante aos sete candidatos a deputado federal da legenda. O PSDB partilhou R$ 4,9 milhões – 61% – dos R$ 7,9 milhões destinados aos candidatos a deputado federal, deixando a diferença aos outros 15 nomes que tentam uma cadeira na Câmara dos Deputados.
Foram ainda quinhões reservados à disputa para a Câmara dos Deputados: o PSD, R$ 4,7 milhões; o PRB, R$ 4,3 milhões; o PSB, R$ 3,6 milhões; o DC, R$ 3,2 milhões; e o Pros, R$ 2,9 milhões.
Os que ficam sem repasse já começam a reclamar. Caso do candidato a deputado federal Ronaldo Bombrasil (Podemos). Ele, que se apresenta como “consultor político”, criou uma campanha para denunciar a desigualdade das verbas dispostas para os concorrentes. Ele afirma que não tem recursos do partido “nem para fazer santinhos, nem para ir para a rua” enquanto outros candidatos da mesma legenda têm grandes repasses.
Ronaldo produziu um panfleto digital para divulgar as informações e, inclusive, nele protesta contra o próprio Podemos. “Os partidos estão mais preocupados com a própria sobrevivência do que com o povo”, afirma. Ronaldo ainda diz que encaminhou as informações para diversos candidatos por todo o Brasil e que a indignação e a falta de recursos é nacional. “Não querem renovação”, argumenta.
NÚMEROS DE CAMPANHA
R$ 124,9 milhões – Total de recursos do fundo eleitoral distribuídos por partidos políticos para todas as campanhas em Minas (governador, senador e deputados);
R$ 88 milhões – Fundo eleitoral para candidatos a deputado federal em Minas
R$ 46 milhões – Recursos do fundo eleitoral distribuídos aos 43 deputados federais que concorrem à reeleição
932 – Total de candidatos a deputado federal em Minas
FATIA DO FUNDO ELEITORAL
Confira o valor que cada deputado federal recebeu para fazer campanha
Dimas Fabiano (PP) R$ 2.241.369
Tenente Lúcio (PR) R$ 1.800.000
Renato Andrade (PP) R$ 1.726.284
Lincoln Portela (PR) R$ 1.630.000
Aelton Freitas (PR) R$ 1.601.560
Ademir Camilo (MDB) R$ 1.500.000
Fábio Ramalho (MDB) R$ 1.500.000
Leonardo Quintão (MDB) R$ 1.500.000
Mauro Lopes (MDB) R$ 1.500.000
Newton Cardoso Jr (MDB) R$ 1.500.000
Saraiva Felipe (MDB) R$ 1.500.000
Silas (MDB) R$ 1.500.000
Delegado Edson Moreira (PR) R$ 1.490.000
Júlio Delgado (PSB) R$ 1.300.000
Marcelo Aro (PHS) R$ 1.090.255,75
Carlos Melles (DEM) R$ 1.082.200
Weliton Prado (PROS) R$ 1.079.300
Diego Andrade (PSD) R$ 1.057.000
Misael Varella (PSD) R$ 1.050.000
Zé Silva (SD) R$ 1.050.000
Margarida Salomão (PT) R$ 1.000.000
Rodrigo de Castro (PSDB) R$ 995.000
Dâmina Pereira (Pode) R$ 961.416,66
Marcus Pestana (PSDB) R$ 950.500
Domingos Sávio (PSDB) R$ 950.000
Padre João (PT) R$ 930.000
Reginaldo Lopes (PT) R$ 930.000
George Hilton (PSC) R$ 925.000
Patrus Ananias (PT) R$ 900.000
Odair Cunha (PT) R$ 900.000
Caio Narcio (PSDB) R$ 900.000
Eros Biondini (PROS) R$ 869.141,48
Bilac Pinto (DEM) R$ 840.000
Luís Tibé (Avante) R$ 799.640,32
Leonardo Monteiro (PT) R$ 787.038,31
Adelmo Leão (PT) R$ 729.581,96
Laudivio Carvalho (Pode) R$ 700.000
Paulo Abi Ackel (PSDB) R$ 560.000
Dr. Mário Heringer (PDT) R$ 500.000
Eduardo Barbosa (PSDB) R$ 500.000
Subtenente Gonzaga (PDT) R$ 500.000
Stefano Aguiar (PSD) R$ 350.000
Marcelo Álvaro Antonio (PSL) R$ 3.200
TOTAL R$ 46.178.487,48
Fonte: Portal Uai