Erick Gonçalves destacou queda dos casos da doença no município, expectativa da vacinação e investigação de possível caso de reinfecção da covid-19
CARATINGA- O DIÁRIO DE CARATINGA recebeu ontem o secretário de Saúde Erick Gonçalves. Ele traçou um panorama da situação da pandemia no município, falou sobre vacinação e deu mais detalhes sobre o caso em investigação de um possível caso de reinfecção por covid-19 no município.
Já estamos em praticamente um ano de pandemia. E você assumiu a Secretaria de Saúde há quase três meses. Como foi assumir esse desafio?
Trabalhar na saúde pública é sempre um grande desafio para qualquer gestor, principalmente em meio de uma pandemia. Ela se iniciou em março, principalmente de forma muito desconhecida para todos nós, gestores de saúde e a população e de lá pra cá tivemos várias evoluções. Hoje entendemos que a população está mais preparada para viver no dia a dia junto com a pandemia, ou seja, as pessoas tiveram que adaptar o seu dia a dia dentro da pandemia. Anteriormente se falava muito no isolamento social, aquele que as pessoas estavam em casa, alguns sem ir no trabalho e depois fomos adaptando, principalmente com o uso de máscara, mantendo distanciamento. Então, temos que aprender a conviver para evitar tanto a transmissão, quanto a contaminação da covid-19.
Qual panorama você traça da evolução da doença no município? E neste momento, qual a real situação da pandemia em Caratinga?
Hoje estamos numa situação de regressão da doença no nosso município. Se buscarmos os três últimos meses, no mês de dezembro tivemos uma média de 1.070 casos confirmados; no mês de janeiro, 738 e, até no momento, no mês de fevereiro, 288. Estamos tendo uma queda, que estamos observando também no Hospital Casu, que é o local específico para internação de pacientes aqui no município de Caratinga e nossa microrregião. Vale lembrar que Caratinga foi um dos municípios de Minas Gerais, que mais aumentou o número de leitos de UTI e os clínicos; no início da pandemia a gente tinha 20 e no total hoje temos 80 leitos de UTI, fechando com 115 no total, junto com os leitos clínicos. Então tivemos uma evolução para receber esses pacientes que necessitarem de internação; hoje no Hospital Casu estamos com 38 pacientes internados, ou seja, tem leitos disponíveis para receber, caso tenhamos um possível aumento na nossa cidade, temos estrutura boa para receber nossos pacientes.
Quando se observa o boletim epidemiológico de casos de covid-19 divulgado pela Secretaria de Saúde, chama atenção o número de casos em acompanhamento ainda ser tão alto. O que explica isso?
É muito importante frisar que o paciente, quando está em casa e apresenta algum sinal ou sintoma da doença, tem a ansiedade de procurar o sistema de saúde, até pedimos, é muito importante o médico identificar precocemente os sinais e sintomas, principalmente, para isolar esse paciente e evitar também que ele transmita para outras pessoas. Vale também lembrar que o médico tem autonomia de receitar o medicamento que acha necessário, não temos medicação com comprovação científica para o paciente da covid-19. Posteriormente a isso, esse paciente fica em casa, é acompanhado junto com a Central de Monitoramento e Equipe de Saúde da Família, mas, pedimos que ele volte à unidade para o médico certificar que após 14 dias esse paciente está curado da covid-19. Muitos deles não retornam, ficam esses casos abertos em acompanhamento e com o tempo vamos fechando esses dados no sistema. Então, é a falta do retorno mesmo do paciente para o atendimento médico, para fecharmos aquele caso.
Quais são os caminhos que o paciente percorre para identificação da doença?
Essa informação é muito importante. O paciente com caso suspeito de covid-19 pode procurar os nossos PSFs, em Caratinga temos 24 mais a Policlínica Municipal, ou também a UPA, isso dependendo da urgência desse paciente. O paciente é atendido pela equipe, dependendo dos dias de sintomas é marcado o teste. Hoje nós descentralizamos os testes de avaliação da covid-19 para cada PSF, então, o paciente retorna para fazer o teste e dali também já sai com a indicação médica do que deve fazer, principalmente as orientações de isolamento. Acho muito importante o paciente ter a consciência se que está com sinal e suspeita da doença, ele precisa se isolar para evitar que outras pessoas se contaminem.
No início da pandemia, havia muitas queixas na demora dos resultados dos testes. Hoje isso tem sido mais ágil?
Com essa descentralização das testagens, conseguimos responder mais rápido para a população. E esse é um dos critérios que avaliamos que nós avançamos em Caratinga, até nessa redução de caso. Conseguimos reduzir esses casos com a colaboração da população, que está com sinal e sintoma da doença, fazer o seu isolamento correto, que evita contaminar outras pessoas e também fazer essa adaptação no dia a dia, em meio à pandemia.
Em 2020, o município adotou um protocolo de tratamento precoce, com uso de medicamentos como ivermectina e cloroquina. Esse protocolo ainda está sendo adotado no município e tem dado resultados?
É um protocolo indicado pelo Ministério da Saúde, mas, nós pensamos como gestor público que o médico tem autonomia de passar a medicação que acha correta e necessária. São medicações em que não há comprovação científica, então, cada caso, cada paciente tem essa autonomia de prescrever essa medicação, pois, não temos um estudo fechado de qual possa se tratar a covid-19. As medidas mesmo devem ser de prevenção, isolamento e o acompanhamento desse paciente para evitar formas graves.
Conforme noticiado nesta quarta-feira (24) pelo Diário de Caratinga, o Estado está investigando um caso de possível reinfecção da covid-19 no município. Que informações a prefeitura já pode repassar sobre este paciente?
Enviamos para a Superintendência Regional de Saúde, o caso de um paciente de 27 anos. Ele teve o primeiro RT-PCR positivo dia 08 de setembro e o segundo RT-PCR dia 08 de Janeiro. Foi acompanhando nas duas ocasiões pela equipe de Saúde, e se encontra curado da doença. Este é o teste mais confiável para detecção do vírus. Quando o paciente positiva em dois testes de SWAB nasal, encaminhamos o caso para o Governo do Estado para fazer a investigação, eles vão tentar fazer o sequenciamento genético para confirmar ou não esse caso de reinfecção na nossa cidade. Alertamos à população, principalmente, da importância da adesão à vacinação, porque até no momento o único passo que vamos dar para reduzir o número de casos no nosso município é imunizando a nossa população. E temos a situação que, ontem (terça-feira), o STF indicou aos municípios e estados, se caso o Ministério da Saúde não cumpra com o cronograma de entrega das vacinas no município, vamos poder articular essa compra para imunizar nossa população. Aguardamos essa posição do Ministério, em criar um cronograma de entrega que seja realmente eficiente, para imunizarmos o quanto mais rápido essas pessoas. Quando se fala em imunização da covid-19, se fala que as pessoas não podem relaxar. As medidas preventivas devem ser mantidas, como uso de máscara, distanciamento e evitando os locais de aglomeração.
Erick, falando em vacinação, quais são os critérios preconizados pelo Ministério da Saúde?
O Ministério da Saúde fez um Plano Nacional de Imunização, que viemos observando que no dia a dia estava alterando isso. Quando se cria um plano, tem que ter um quantitativo de vacina adequado. E o País teve dificuldade na articulação dessas vacinas, isso dificulta essa divulgação pelos municípios. Hoje eu gostaria de estar aqui passando para a população um cronograma fechado de datas, quais idades e grupos que iriam vacinar nos próximos dias. Mas, ficamos dependentes dessa disponibilização da vacina e agora foi anunciado pelo Governo que, mais intensamente, os municípios irão receber essas vacinas para vacinarmos os públicos alvos. E os públicos alvos que hoje estão sendo imunizados, iniciamos pelos idosos que estão asilados acima de 60 anos, as pessoas institucionalizadas a partir de 18 anos e os profissionais de Saúde. Em Caratinga, já iniciamos também os idosos de 90 e acima de 90 anos e os de 88 e 89 anos. Pretendemos com a nova chegada de remessa de vacina, que ainda não foi divulgado o quantitativo pelo Governo do Estado, iniciar nos próximos dias a vacinação do público acima de 80 anos.
Qual o balanço de vacinados, até esta quarta-feira (24)
Já vacinamos 3.860 doses entre a primeira e a segunda para o público preconizado pelo Ministério da Saúde. À medida que a vacinação vai avançando, esperamos imunizar mais pessoas no nosso município.
O Plano Minas Consciente, do qual Caratinga faz parte, mudou seus protocolos permitindo o funcionamento de todos os estabelecimentos, independente da onda. Em Caratinga, esse formato está funcionando e como tem sido a fiscalização?
Atualmente, estamos na Onda Verde. Vale ressaltar que a microrregião de Caratinga é uma das únicas que está ainda nessa Onda, que permite o maior número de atividades e eventos. Estamos praticando orientação e fiscalização, a fim de evitar que grandes aglomerações aconteçam. Vale lembrar que na Onda Verde pode haver eventos com até 250 pessoas, na Onda Amarela até 100 e na Onda Vermelha, a mais restritiva, pode haver evento com até 30 pessoas. E contamos com apoio da Polícia Militar de Minas Gerais, que foi designada também para fazer essa fiscalização das pessoas que possam estar cometendo algum ato contra a saúde pública.
Suas considerações finais
Sempre pedimos para a população um trabalho em conjunto com a Prefeitura de Caratinga. Nós não realizamos nada sozinhos. Observamos que nessa segunda onda da covid-19 nossa equipe estava cada vez mais preparada para o atendimento. Tínhamos uma doença desconhecida e hoje temos uma capacidade a mais de conviver com esse vírus. Pedimos a participação da população, importante lembrar que antes tinha alguns julgamentos de que devia se fechar o comércio, mas a covid-19 depende do envolvimento, participação e responsabilidade de cada um. Você cuidar da sua vida e todos à sua volta. E a Prefeitura de Caratinga tem trabalhado todos os dias, 24 horas para tentar colaborar com a redução de casos no nosso município e, quem sabe um dia nós também zerarmos o número de óbitos. Esse é o nosso propósito, trabalhar em conjunto com a população e buscar mais resultados.