Guilherme Luiz deixou Santa Rita de Minas para jogar no Anápolis (GO). Ele conta com está sendo essa experiência
SANTA RITA DE MINAS – Quando se é criança, ser jogador de futebol é o sonho de muitos. E para concretizar o seu sonho, Guilherme Luiz Trindade Silva, 17 anos, deixou Santa Rita de Minas e foi para o estado de Goiás, no centro-oeste do Brasil. Ele está no Anápolis Futebol Clube, um dos mais tradicionais clubes daquele estado. De férias em sua casa, ele contou como está sendo essa experiência. A reportagem também conversou com a mãe de Guilherme, dona Maria de Lourdes, e também com seu primeiro treinador no Leopardo, Rony Marcos.
Como surgiu a chance de jogar nas categorias de base do Anápolis?
Eu nem queria ir, já tinha até conversado com a minha mãe falando que iria parar, mas estava jogando um jogo com o Leopardo em Dom Corrêa, aí tinha o pai do cara que me levou, o filho dele é presidente. Ele me viu jogando, gostou de mim, ficou para eu ir para lá em junho. Eu fui, fiquei uma semana de avaliação e fui aprovado. Foi aí que tudo começou.
Como foi recebido?
Fui recebido muito bem, ninguém me maltratou, todos respeitaram direitinho, tanto o treinador como os próprios jogadores, que já frequentavam lá.
Treinou quanto tempo para ir para o jogo?
Para o meu primeiro jogo, três semanas, porque teve jogo no meio, mas depois caí para o terceiro time, fiquei treinando três meses direto, sem ir pra jogo, sem ir pra nada. Estava até pensando em vir embora, estava até conversando com meu pai, com meu tio e com o cara que me levou, e disseram pra eu ficar que chegaria o campeonato, aí comecei a treinar mais, comecei treinar melhor, pegar a confiança que eu tinha de novo. Consegui ir para o segundo time, fui para o primeiro jogo do campeonato, que foi em agosto. Fui como reserva, entrei no segundo tempo e fiz dois gols, então subi pro time titular e comecei a treinar, e voltei a titularidade novamente.
Conte-nos mais detalhes desse jogo?
A gente estava perdendo de 2 x 0. Acabou o primeiro tempo, a gente foi para o vestiário, quem estava na reserva ficou aquecendo no campo. No início do segundo tempo já fizeram as mudanças, e com 20 minutos do segundo tempo eu já havia feito dois gols, e empatado o jogo pra gente. Quase conseguimos virar o jogo, mas ficamos empatados, 2 x 2.
Como está sendo essa experiência?
Experiência nova muito boa, mas é muito ruim ficar longe de casa, longe da família. No início é muito difícil se acostumar com outra cidade, lugar fora, pessoas diferentes, é muito difícil a convivência no início. Agora já tenho me sentido bem melhor. Moro no centro de treinamento, continuo estudando, tem tudo certinho, horário das refeições, do treino.
Está de férias e retorna quando?
Fevereiro
Está visando algum outro time?
No momento estou visando voltar para o time que estou, o Anápolis, mas aí só Deus sabe o que acontecerá daqui pra frente.
Mas você tem um time em que deseja jogar?
Club Atlético Boca Juniors.
O que você fala para esses meninos que estão começando agora?
Falo para não desistir, independente do que acontecer, não é porque você passará por um momento ruim, que você pensará em voltar igual aconteceu comigo. Nunca tome a decisão de voltar, quando estiver lutando pelo seu sonho, é triste. É você colocar a cabeça no lugar e orar agradecer a Deus, colocar a cabeça pra frente e continuar que vai dar certo.
A MÃE
Maria de Lourdes Trindade, 38 anos, falou de seus sentimentos nesse tipo de situação. Ela sente falta da presença do filho em casa, mas sabe que Guilherme Luiz está em busca de um sonho.
Como é ver a realização do sonho de um filho?
É difícil até de falar, porque tanta coisa que a gente já passou, desde muito novo ele corre atrás, sempre buscando o sonho dele. É uma felicidade muito grande, um orgulho muito grande, porque não é só sair de casa como ele saiu, tem toda uma dificuldade, tem todo um processo, ele se adaptar, a gente como mãe se adaptar com filho fora de casa. É um orgulho muito grande, pelas etapas, porque é lutar pelo sonho, lutar pra ir pra fora de casa. É muito difícil, por eu só tenho ele, é um vazio, porque você chega dentro de casa está faltando, por mais que você saiba que ele está atrás do que ele quer, que é o sonho dele, que é o futuro dele, eu tenho que está forte, porque pode acontecer dele me ligar igual ele falou que queria voltar, e eu tenho que segurar, ser forte por mim e por ele. Porque como mãe se ele falar que quer voltar, falo: ‘meu filho, volta, a porta está aberta’. Mas não posso fazer isso, tenho que incentivá-lo, ‘você tem ficar, é o que você quer’. Então é difícil demais ser forte pra você e pra ele. Porque você vê seu filho chorar, às vezes sofrer, ser forte, e não demonstrar que você está sofrendo, porque do contrário ele sofre mais. Saber que ele está buscando o sonho dele é difícil, mas é muito gratificante também. É um orgulho, uma felicidade, quando vejo que tem um jogo, a felicidade que ele está, não tem preço.
Quem mensagem passa para a mães que vivem esse mesmo tipo de situação?
A mensagem que deixo para as mães é que apoiem, é difícil, é o sonho deles, não deixar que os filhos desistam.
O TREINADOR
Rony Marcos Pereira Silva, treinador do Leopardo, é um dos maiores incentivadores de Guilherme Luiz. Ele relata a alegria de ver um atleta lapidado por ele buscando o seu sonho.
Fale um pouco de Guilherme Luiz?
A satisfação é muito grande, a gente que acompanha o Guilherme desde os nove anos, a gente vê um talento, a gente foi lapidando, ajudando, obviamente passou por outros treinadores também, outras pessoas ajudaram, mas à frente do Leopardo a gente foi lapidando até chegar esse momento agora da gente ver que ele está se transformando, então é gratificante demais. O que a gente fez, o que os outros vão fazendo pra ele. E é uma promessa da nossa cidade se cumprindo, e graças a Deus dará tudo certo.
Qual a sensação de um treinador quando ele foi convidado e também de um tio?
Sensação é muito boa, o tenho e os meninos que eu treino como se fossem filhos meus. Então o que eu gostaria pra ele, quero para os outros. Mas ver a satisfação do sonho sendo realizado do menino que chegou com nove anos e a gente pergunta pra ele o que queria ser, e diz jogador de futebol, independente de qual time, o sonho dele é ser um jogador, isso não tem dinheiro no mundo que pague essa satisfação de ver um sonho realizado, um atleta que saiu da nossa equipe estando numa equipe profissional, foi para o Anápolis, é um meio de campo jogando com nós, em oito jogos fazer oito gols, a gente vê o potencial dele, sabe que é um menino que surpreendeu a gente. A gente vê os garotos de 11,10 anos, nove anos, hoje procurando camisa do Anápolis para comprar com o nome do Guilherme. É muito bom ver isso, através do Guilherme invectivando vários garotos. A gente tem 45 meninos de 11 anos pra baixo querendo ser jogador por causa do Guilherme. É uma sensação de dever cumprido.