Policial militar aposentado, acusado de estupro de vulnerável contra a enteada, será julgado nesta sexta-feira (12). Mãe afirma que filha está traumatizada e espera condenação
CARATINGA– Acontecerá nesta sexta-feira (12), a audiência de instrução/julgamento do policial militar aposentado, acusado de abusar sexualmente de sua enteada. O homem de 63 anos quebrou as duas pernas após uma suposta tentativa de fuga, quando familiares da criança acionaram a polícia no dia 16 de janeiro de 2021, na rua Sebastião Anacleto Miranda, Bairro Esplanada.
A reportagem conversou com exclusividade com a mãe da criança, que relembrou a data, falou sobre o comportamento do acusado e o que espera da audiência. Para preservar a criança, não serão revelados o nome da mãe e do padrasto.
Confira o relato da mãe da criança, na íntegra, conforme transcrição de áudio encaminhado a esta reportagem:
“No dia do fato, fui trabalhar no período da tarde, era um horário que eu nem tinha hábito de trabalho, foi uma troca que fiz com uma colega, que era aniversário de casamento. Por volta das 17h, ela me enviou uma mensagem via WhatsApp, colocando “Mãe, socorro, me ajuda”. Com isso já fiquei apavorada pensando que era algum acidente dentro de casa e retornei a ligação para ela, porém, ela não me atendia. Depois, ela mandou outra mensagem, que não podia falar, pois ele estava lá passando a mão nela, estava apavorada. Nesse momento, ela foi muito inteligente, fingiu que foi ao banho para me responder, para ele não perceber que ela estava em contato comigo.
Ela mandando essa mensagem, meu primeiro movimento foi ligar para minha mãe que morava próximo. Pedi pra ela correr lá, ela já comunicou com meu irmão também que estava acontecendo alguma coisa. Quando meu irmão chegou já tinham vizinhos na sacada de baixo, ele pediu para abrir o portão, pensou que era algum acidente também com minha filha. Chegando lá a porta estava trancada, ele bateu, ela abriu e ao deparar com ele lá, já começou: “Que você está fazendo aqui?”. Porque eu não aceitava ficar sozinho dentro de casa, eu saía para trabalhar ele nem tinha a chave, ele ficava no apartamento com o filho que ele tem no Santa Zita. Ele falou que não era nada demais, com isso ela já puxou meu irmão e falou que ele tinha passado a mão nela, que ela estava com medo e meu irmão teve a consciência de trancar as portas do apartamento, retirou a chave até a chegada da Polícia. Acionei também a polícia, cheguei junto com eles lá, ele relata que meu irmão o empurrou da janela, mas, já foi comprovado que não, tem testemunha que viu toda cena dele pulando, câmeras de segurança que comprovam tudo.
O relato da testemunha que está no processo, que viu ele subindo na janela, tendo acesso ao terraço da casa ao lado. Desse terraço ele escalou um cano que tinha até a claraboia, dessa claraboia ele veio a cair e quebrar as pernas.
A relação entre eles era boa, por isso que era difícil de querer acreditar no fato, ele aparentava ser uma pessoa agradável, que procurava fazer o que agradava as crianças, prestativo. O duro é acreditar que a pessoa é de um jeito e descobre que na verdade agia de forma monstruosa e interesseira. Na verdade ele tinha interesse na criança, por isso ele procurava agradá-la.
Agora, ela se tornou uma criança mais retraída, se trancando no quarto, precisando passar por psicólogos. Hoje ela aparenta uma melhora, mas, são quadros relativos. Mesma hora que está rindo, já está se trancando. É difícil de falar, só mesmo com o tempo e o tratamento.
A mensagem é sempre ficar atenta, por mais que seja um fato pequeno, que nem no início, que ela relatou pra minha mãe, acho que ela ficou com medo, ela falava de comentar comigo, porque eu gostava dele e eu não ia acreditar. De fato, não é que eu gostava mais dele e não ia acreditar. Essas pessoas são maldosas, são criminosos, sabem entrar na mente das pessoas. Por mais que essas pessoas tentam te convencer, é não dar chance de outra coisa acontecer, como foi no meu caso. Não que eu fosse uma má mãe, que eu preferisse ele do que filha, que muitas pessoas julgam. É a inocência de acreditar na pessoa. É ter mais maldade, porque sou adulta, mas, fui bem infantil, não colocando a maldade na situação.
Espero dessa audiência que a Justiça seja feita, sei que a Justiça divina não falha, já está sendo feita, mas, Deus deixou as leis humanas para a gente cumpri-las. Espero que ele possa pagar pelo crime que ele cometeu, que é grave, estupro de vulnerável. Acabei ficando meio transtornada com isso, fiz estudos por minha conta na internet sobre a pena que poderia ser dada que é de oito a 15 anos, se não me engano. Espero que esse agravante, por ser padrasto, que a lei enquadra também, por ser policial aposentado, que venha a ser colocada também, para que ele não leve uma pena inferior a 10 anos, para não correr o risco dele pagar em liberdade. Espero Justiça pela minha filha, que ele fique longe da sociedade, que outras crianças não passem pela mesma situação”.