*Eugênio Maria Gomes
Na semana passada, como acontece há quinze anos, eu e o professor Antônio Fonseca da Silva participamos do Fórum do Ensino Superior Privado, na cidade de São Paulo. Na pauta, desta vez, a Educação Básica. Ficamos felizes não apenas com o tema – foi a primeira vez que os mantenedores e gestores do ensino superior do país pararam para discutir o assunto – mas, também, com a profundidade com que foi discutido. Além disso, na outra ponta, foi discutida a formação de professores pelas universidades.
Dois temas importantes, capazes de fazer toda a diferença no futuro de uma nação. Eu acredito nisso! Estou certo de que o investimento adequado no início da formação do aluno que, um dia, ocupará o banco universitário, assim como o investimento na carreira docente, será capaz de promover as transformações que tanto clamamos, em todas as áreas, inclusive na moral.
Vivemos hoje dois dilemas, claros: o despreparo de boa parte dos alunos que estão chegando às universidades para os cursos de graduação de baixa concorrência por vaga e a desmotivação dos nossos jovens em relação à função de professor. Sim, os nossos jovens não querem enfrentar a sala de aula para exercerem o sublime ofício de ensinar. Esta contestação é oriunda de uma pesquisa feita pela Fundação Carlos Chagas, ano passado, demonstrando que apenas 2% dos jovens querem cursar Pedagogia ou alguma Licenciatura. A desvalorização da carreira foi determinante para este olhar desconfiado dos nossos jovens em relação à docência. Como resultado disso, já é patente a falta de professores qualificados para disciplinas como Física e Química.
Qual será o futuro de um país no qual seus jovens não querem ser professores? Certamente, o pior possível. Se não bastasse, constata-se ainda o fato de que 30% dos professores do ensino fundamental, aproximadamente, não possuem o ensino superior, uma exigência do Ministério da Educação e Cultura – MEC.
Professor desmotivado, desqualificado, não há de apresentar os melhores resultados em sala de aula. Até porque, em virtude de muitas famílias não cumprirem seu papel de educadoras, o professor ainda é obrigado a enfrentar, em alguns casos, verdadeiras “feras”, na escola.
Há alguns meses tive acesso a uma redação de um aluno que prestou o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM. Bem intencionado, falou da necessidade de que os investimentos na educação sejam mais consistentes. Mencionou, inclusive, que todo recurso destinado à Educação e à Saúde não deveriam ser vistos como despesas, mas como investimento. Ótimo! O problema é que, foi desta redação, que retirei a frase que dá título a este artigo. Contextualizando, em um determinado trecho de sua redação ele disse o seguinte: “As pesoas que istão na frente dos governo deve ficar atendo para algo qui é muito inportamte, pois é presizo a ver investimemto massisso na educassão, pois sem ela não á de ter futuro para o brasil”.
Bom, estamos falando de um aluno que estava terminando o ensino médio quando fez a tal redação. E o pior: sua primeira opção para conseguir a bolsa de estudos na universidade era um curso de Licenciatura. Uma situação que tem alterado, e muito, o papel da universidade, fazendo com que ela tenha que corrigir, inicialmente, os problemas relacionados à alfabetização básica e funcional, para o que a Universidade não está preparada, nem é sua função do processo de formação intelectual do aluno.
O Brasil, que ainda não acordou para esse grave problema, sempre achando que “gasta” muito com a Educação, considerando-a cara demais, começa a colher os frutos da ignorância, auferindo no último ranking da Educação, em 36 países ligados à OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – a penúltima posição.
O Conhecimento demonstrado pelo concluinte do ensino médio do Japão – que ocupa o 2º lugar no ranking – é superior ao concluinte do ensino superior da Itália, país que ocupa a 29ª colocação…
Melhor não saber qual é a relação em uma comparação com o Brasil!
*Eugênio Maria Gomes é escritor, professor e pró-reitor de Administração do Centro Universitário de Caratinga. Membro das Academias de Letras de Caratinga e Teófilo Otoni e Grande Secretário de Educação e Cultura do Grande Oriente do Brasil – Minas Gerais.
Um comentário
Marlene Barreto
Caro amigo professor !
Estamos na ” onda” chamada … ” PÁTRIA EDUCADORA ” ; onde a ” Educação” , é um quesito que, infelizmente nosso país … DESCONHECE !!!
Sugiro , cantarmos todos a música => Os Paralamas do Sucesso => “INÚTEU … A gente somos INÚTEU !!!! ” .
É … LAMENTÁVEL e VERGONHOSO !!!!