* Antônio Fonseca da Silva
Quando se pensa em escrever um texto é muito comum optarmos em escrever sobre algo que conhecemos, de preferência de cunho acadêmico, e nos reportarmos a grandes autores para sustentar nossos conhecimentos e convicções, mas, às vezes, queremos relatar apenas fatos do cotidiano que nos fazem apenas seres humanos com alegrias, tristezas, emoções comuns a todos mortais que diferentemente lidam com cada uma delas, talvez uma boa temática para um próximo texto.
Voltemos ao fato do cotidiano, mas imediatamente vem a preocupação se o fato relatado irá agradar ao leitor que, normalmente, é exigente e espera que a estória relatada traga-lhe novidades, pois a mesmice, às vezes, se torna mais comum, embora agrade também um bom número de apreciador da literatura.
Assim, a dificuldade de escolher um assunto que interessa a todos é mesmo impossível. Vamos aos fatos! Razão porque, motivado por um acontecimento considerado inusitado, vale a pena ser exposto à consideração dos leitores. O fato ocorrido em um dia como qualquer outro, quando estamos envolvidos em nossas obrigações, não prestando muito atenção nas coisas simples que acontecem ao nosso redor, o que é lamentável! Tudo isso me levou a meditar com mais interesse sobre pássaros e principalmente sobre o Canarinho da Terra, o Tico-tico e a Rolinha. O Canarinho da Terra cujo tamanho é pouco mais do que a palma da mão e o peso de alguns gramas, mas com uma plumagem capaz de encantar! O Tico-tico, com diversos nomes regionais, também pequeno e leve, mas com um canto que encanta leigos e estudiosos, um dos pássaros mais conhecidos de nossa fauna e também um dos mais estimados, tanto que ganhou fama internacional na voz de Carmem Miranda com a canção Tico-tico no fubá. A Rolinha, também pequena e um pouquinho mais gordinha, às vezes agressivas entre si, disputam sementinhas e espaço, espécie simpática que felizmente não desaparecerá facilmente de nossos jardins e varandas de forma que também foi imortalizada em uma canção.
O leitor poderá duvidar, mas por duas vezes, ao sair de casa para trabalhar e tratar de questões com um grau de maior complexidade, tive que resolver uma questão cuja importância do fato o tornou bem inusitado, tive que usar a buzina do carro, e quase foi necessário sair dele para pedir licença aos pássaros citados para que saíssem do local onde estavam executando tranquilos e concentrados um trabalho cuja complexidade não questiono: catando sementes, insetos ou restos de qualquer outro alimento na via de acesso.
É provável que o caro leitor considere este ato como uma criação inusitada, uma estória “para boi dormir”, mas na verdade é que fiquei impressionado com a oportunidade de presenciar algo inacreditável e de poder refletir sobre o mérito que se atribui ou não aos fatos em nossa vida.
* Antônio Fonseca da Silva é Reitor e professor de Linguística do Centro Universitário de Caratinga – UNEC. Mestre em Administração pela Fundação Pedro Leopoldo. Mais informações sobre o autor:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4137123U3